Ser dos “Strangers”
Chamavam-se "Strangers", e foram a banda que, pelo menos na década de 90 do século passado, mais sucesso obteve no panorama musical da vizinha Ilha Graciosa. Uma terra bem conhecida pelas suas fortes tradições musicais e que tem sido berço de muitos artistas açorianos de valor.
Tive o prazer de escrever, a convite do meu primo Pedro (Coelho) - o "frontman" do conjunto -, as letras de quase todas as suas músicas originais (havia as "Loiras", um tema que já tocavam quando eram essencialmente um grupo de "covers", animando madrugadas festivas na Ilha Branca). E guardo muito boas recordações do convívio com eles, especialmente nas duas atuações em São Miguel, onde estive mesmo presente – de forma declarada - como o "quinto" membro da banda. Ou na muito bem sucedida vinda às Sanjoaninas, em 1996, com uma atuação no “Bailhão”, plena de um público que desde logo apreciou a qualidade musical e a harmonia dos rapazes da ilha ao lado. Recordo que os “Strangers” não só venceram uma das eliminatórias micaelenses do Concurso "Novas Ondas" (RTP-Açores) desse ano, chegando à final do mesmo, como foram uma das poucas bandas açorianas convidadas para o festival que encerrou o programa, na saudosa Calheta Pêro de Teive (Ponta Delgada), perante uma enorme audiência.
Os temas da banda partiram todos – com a exceção já referida - de poemas que eu já tinha e que eles musicaram - em português e em inglês -. Um deles está mesmo registado na coletânea em CD a que o referido concurso – as “Novas Ondas” - deu origem.
20 anos passados, é muito bom recordar essa época, um pouco diferente dos tempos que correm no que diz respeito ao reconhecimento dado às bandas locais, pela sua qualidade, e ainda mais face às que se “atreviam” a criar um reportório original. E em português.
Fica um abraço para o Pedro, o Hélder (Ramos), o Steven (Silva) e o Nuno (Bettencourt). Lembrei-me, neste quase-fim de verão, que foi um orgulho engraçado passar por aquele projeto. No fundo, ser uma espécie de “Stranger”…