Foto: Duarte Diniz

As festas caminham para o seu final. Festas num desígnio geral, porque estas Sanjoaninas são diferentes. E quem as tentar igualar a um festival de verão cairá sempre num erro. Mas adiante. Adiante, que a Marcha já desfilou, espalhando alegria e sorrisos. Esse, para mim, continua a ser o momento maior. A explosão dos sentidos e das cores. Uma espécie de êxtase popular, debruado de adornos e vivido em rima cantada…

Até porque “sair” na Marcha encerra meses de relações pessoais e trocas dignas. Significa mostrar à rua o recato da criatividade, partilhando um leque de talentos que vão da costureira ao regente da filarmónica, passando claro, pelos poetas, pelos músicos e, naturalmente, pelas centenas ou milhares de marchantes que nos povoam as ruas.

Como em todas as tradições e lugares, achamos sempre que as nossas são as melhores. Na noite das Marchas de Angra, isso nem se questiona. Se há altura em que o orgulho nos invade é aquela. Daí que, ano após ano, seja natural a discussão pela melhor forma de fazer dançar toda aquela gente, de forma ordeira e integrando umas festividades tão abrangentes.

Vamos apenas às Marchas, vistas pela realidade de quem dançou no mesmo grupo pela décima-primeira vez, e sente um prazer crescente. Ou seja, a cada ano que passa, gosto mais de fazer parte daquela noite. E da única forma como a entendo.

Pelo segundo ano consecutivo, estive numa Marcha com uma banda de fora. Pelo segundo ano consecutivo, “antecipamos” o desfile com um passeio musical cidade abaixo. Precisamente no percurso das Marchas. Pelo segundo ano consecutivo, a cidade já estava cheia de gente. Uns sentados, outros a circular, outros a rematar um petisco para não perder pitada da maior noite do ano.

Sou contra haver duas noites de Marchas, mesmo reconhecendo que na primeira tentativa, a coisa até correu bem. Na terceira já correu mal, e vai continuar. Daí que, e sejamos práticos, se tem de resolver o assunto de uma vez. Antecipem o desfile das Marchas em uma hora – vão caber mais seis -, ordenem mais cedo as ditas, com um sorteio que contemple todas(!), permitindo negociar as filarmónicas – limitadas a duas Marchas – sem atropelos. E façam cumprir um tempo máximo de atuação, alertando para a necessidade de coreografias que “andem” para frente. Não é um segredo. Mas vai ser um sucesso. Porque a Marcha é linda!