Padre Dolores. Meio século de vocação ativa
Tenho uma relação pacífica com a Igreja, pese embora todas as razões existentes para que isso não acontecesse. Mas tal deve-se ao facto de ter encontrado gente muito boa no exercício do sacerdócio, que me limparam as más memórias infantis, de catequese forçada e dogmas, coisas incompatíveis com um petiz ativo e curioso.
Hoje comemoram-se as bodas de ouro da ordenação do Padre Francisco Dolores, pessoa que muito estimo e com quem tive o gosto de travar sempre uma relação de amizade, e até cumplicidade. Uma abertura que o clérigo permitiu sempre a tantos, vincando nisso a sua vocação também para ler as pessoas. Valeu-lhe o recente epíteto de Padre do Povo, que não acredito lhe mexa muito com a alma, pois o seu desígnio de vida traçou-se cedo. E as suas múltiplas capacidades apenas fizeram com que abraçasse a Fé de modos reforçados.
Para lá de saudar a data, estas linhas visam enaltecer precisamente a visão transversal com que o Padre Dolores aceitou sempre as crenças e a bondade. Nunca limitando aos sacramentos da Igreja a sua tarefa de ajudar o próximo. Fomentando essa ajuda entre os seus fieis. E entre todos que o procurassem. Abstenho-me de partilhar alguns episódios em que, sem quaisquer entraves, as suas aptidões e sabedoria foram fulcrais para (re)criar felicidades, firmar alívios e fazer nascer sorrisos. Sendo que guardarei sempre na memória a sua franca gargalhada, a boa disposição vigente e a boa parceria como companheiro e confidente. Que a saúde lhe permita gozar todos estes encómios e alegrias. Um abraço, Padre Dolores.