Os fanáticos sociais
Dizem os dicionários que o Fanatismo – originado pelo modo francês “fanatisme” - é um estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente por conta de qualquer coisa ou tema. E que historicamente se associa a motivações de natureza religiosa ou política. Há mesmo o alerta geral para a apaixonada adesão às causas, que pode avizinhar-se do delírio.
Traduzidos tais encómios, e toca de transferir tudo isso para o reino das redes sociais, dos artigos de opinião, ou mesmo do trato comum, pois há pessoas que não conseguem separar a vida real e a relação com os outros dos seus gostos e preferências. O que até poderia ser uma coisa saudável…mas infelizmente, quase nunca é.
Vamos a então a factos para, em jeito de alguma brincadeira e, espero que o entendam, com pitadas de humor acoplado, dar de razão aos fanáticos o facto de a perderem em quase todas as situações. Simplesmente porque, numa busca meramente lúdica, os fanáticos são descritos como indivíduos com agressividade excessiva e preconceitos variados.
Isso acontece com os clubes de futebol, com os partidos políticos, localmente até com as ganadarias ou as festas, e mais, com tipos de música, locais de nascimento, terras de residência e até zonas balneares. A estreiteza mental dos fanáticos impede-os de avaliar a vida como ela é. Simplesmente porque queriam que fosse desenhada à medida deles.
Os fanáticos nutrem extrema credulidade quanto a determinados sistemas ou opções – sim, às vezes a discussão é mesmo entre IOS e Android -, que os empurram recorrentemente para um certo ódio, numa leitura muito subjetiva dos valores, assente num intenso individualismo. Para os fanáticos as soluções são seguir a opinião ou causa que defendem. O resto são vis ataques às mesmas.
É por isso fácil entender o que o advento da tecnologia, e a rápida comunicação que hoje se estabelece, disponível na palma da mão e ao som das pontas dos dedos, tenha criado o campo de “batalha” ideal para os fanatismos. A que se acrescenta a cobarde opção do anonimato ou a corrente escolha do debate à distância, até sem a premissa do contraditório.
Perguntará o leitor – pode perguntar, não sei é se a (minha) resposta o vai satisfazer, mas nada de fanatismos… - se vale sequer a pena estar a dar importância a discussões ocas, de quem tem tempo de sobra para andar online, o dia todo, a chatear este e aquele.
Pois é aqui que, na minha ótica, mora todo o perigo. O universo virtual entra-nos nas veias a toda a hora. É impossível estar-lhe indiferente e, justiça seja feita a quem o consegue, não reagir instintivamente a provocações tontas não está ao alcance de todos. Pode parecer exagero, mas pensem um bocadinho…e sim, podem discordar completamente do que escrevo… (aqui, o texto levaria um “smile”, mas não o aligeiremos em demasia).
Resumidamente, os fanáticos alimentam uma visão do mundo unilateral e rígida, que cultivando a dicotomia entre o bem e o mal, com este último ligado àqueles que contrariam o seu modo de pensar. Não poucas vezes, isso leva a condutas irracionais, que podem chegar a extremos perigosos, como o recurso à violência, mesmo que apenas verbal.
O apelo é simples e transversal. Respirem fundo, ouçam música – boa, da que eu gosto… -, bebam um copo de água, e ponham os telemóveis em silêncio de vez em quando. Pode ser que a voz da razão – mesmo que não seja a que defendo… - vos chegue ao ouvido.