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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

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miguel sousa azevedo - terceira - açores

Esta coisa de ser aficionado…ou de gostar de toiros

13.02.25, MSA

Foto Cronica 188DI JAN25 - Esta coisa de ser afici

Não me perguntem porque sou aficionado, ou sequer porque gosto de toiros. Mas, quase três semanas após o 4º Fórum Mundial da Cultura Taurina, que dez anos depois voltou a trazer a discussão global da Festa Brava a esta nossa Terceira, e expostas as suas conclusões, já é tempo de passar à prática, depois de um evento de grande qualidade.
Taurinizar o discurso ou a conversa parece, por vezes, resolver os problemas de uma atividade que está em risco. Pode ser assim, ou completamente o seu contrário. O importante é que, destes encontros entre gente que sabe e gente que quer saber mais, se possam aplicar os conhecimentos e demonstrar as paixões.

Uma vez escrevi, em resposta a uma entrevista deste mesmo jornal, que “ [para a Festa brava] um mau aficionado é (muito) pior que um anti-taurino”. Mantenho essa opinião, e continuo a ver escassear entre os participantes e acompanhantes das artes do redondel uma forma esclarecida e escorreita de defenderem as mesmas.

Sem ataques nem amuos, mas com esclarecimento e saber. As tradições devem manter-se, sob os desígnios da dignidade e do aprumo. Tal qual uma cerimónia de cortesias em Praça.

Quem trabalha diariamente, e arduamente, para manter as condições de perpetuar a Tauromaquia merece essas atenções e posturas, da mesma forma que cresce a exigência perante o espetáculo e os artistas. Assim, mais conhecimento irá, naturalmente - não no modo de tourear, mas mesmo na vida - ampliar essa exigência, contribuindo para o crescimento da Festa e para a diversidade que se pede aos artistas.
A Tourada é ecológica, é popular, anti-sistémica e humanista, significou tantas vezes um ato político, graças à sua intemporalidade e essência. Isto mesmo numa sociedade atual mais urbana e distante da vida animal, e apesar da animalização vigente. No fundo, e como se ouviu numa das manhãs do recente “Fórum”, a Tourada será uma das últimas resistências à uniformização global.

Daí que continua a ser imensamente necessário colocar esta nossa Terceira no mapa global da Tauromaquia, firmando também a sua tradição local, as suas afinidades e autenticidade. Igualmente pela partilha do advento de ser aficionado, pelas ligações, pelos momentos, pelo perpetuar da Festa Brava que tal permite.

Também entre nós, o futuro da Tauromaquia passa pela forma como cada indivíduo o vai escrevendo ou adaptando aos tempos. Os tempos também das lides, das expetativas, do colorido na arena, dos silêncios e das ameaças. Disso fazem parte o seu vinco emocional, afinal numa atividade que congrega o perigo com a beleza. É uma busca transversal. Que cabe aos seus amantes manter.

E, finalmente, a referência obrigatória e vital. Sempre ao Toiro, a figura central, o rei de uma corte que se estende por várias pátrias e continentes, todas elas com condicionantes e obstáculos para fazer valer a sua dama. Que é uma arte ancestral que une os aficionados. E o Toiro é o símbolo dessa unificação do gosto, que junta pessoas diferentes e com ideias diferentes, talvez na mais clara explicação - se é que ela existe - da magia da Festa Brava...

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