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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

As lições do Corona

23.04.20, MSA

Gostava tanto de começar este texto com o relato de algumas decisivas jogadas do mexicano Jesus "Tecatito" Corona, no último jogo da I Liga 2019/20, que teriam garantido o título ao meu FCP. Mas nem perto disso estamos, pelo menos temporalmente.

O mundo está, há mais de dois meses, confinado a uma única notícia. As perdas humanas, lá por fora, sucedem-se, num desfilar de números que nos leva a uma preocupante indiferença. Mais perto, o retângulo nacional vive horas constantes de aflição. No arquipélago, com a pandemia aparentemente localizada, vão sempre surgindo um ou outro sinal de maior alarme. É que já morreu gente. Lá por fora, mais perto, e até aqui ao pé da porta.

Levo um mês e meio de isolamento social quase total, isto numa Terceira onde o cenário parece distinto de todos os outros. O tempo passa mais lento, a nossa própria forma de pensar as coisas tomou novas formas. Os atos diários ganharam, sem dúvida, um remodelado valor.

A par disso, há quem se vá marimbando para toda a emergência vigente. Em contraste claro com os milhares de profissionais que dão o litro para debelar as consequências do surto, há gente que descobriu agora como esta terra é bonita para passear. Quando as indicações claras, e todas as campanhas, lhes pedem apenas que sosseguem as perninhas.

A nível laboral, as mudanças já são imensas. O pós-Covid, período porque anseiam os nossos desejos mas cuja chegada está por marcar, vai ser de ainda maiores trambolhões. Uns por via das dificuldades económicas, numa crise que se já sente e para a qual se tentam proteções, outros porque este recolhimento - mais ou menos respeitado - mostrou novas soluções, numa aprendizagem que vai bem para lá do ensino à distância.

Manda a coerência, para bem da saúde mental e física, que tentemos aproveitar a única parte boa de toda esta tragédia global. A oportunidade às mudanças, com tempo para pensar nelas. Não é uma mensagem política, espiritual, ou sequer de coração. É um repto à responsabilidade e ao civismo. Afinal, os nossos grandes deveres como cidadãos.

Tenham juízo, gente!

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