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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

31.Mai.10

Rali de Portugal - apontamentos (3)

Henning Solber em grande estilo antes de abandonar...

Foto: Manuel Bessa Carvalho/Motores Magazine

O ultimo dia de prova apresentou-se também com muito sol, e de manhã adivinha-se no ar uma curiosidade geral para saber se Loeb ia conseguir fazer o que falhou ontem: ultrapassar Ogier. Com efeito, o recruta do “Junior Team” gaulês estava a ser a sensação do fim-de-semana, e se bem alcançou esse epíteto melhor o defendeu nas últimas “especiais”, se bem que ainda corra o rumor de que houve ordens de equipa para Loeb não atacar, mesmo se venceu os quatro troços deste domingo, cedendo apenas na SE do Estádio, onde Ogier foi ovacionado de forma efusiva, parecendo mesmo que um novo ciclo é o secreto desejo de muita gente, pelo menos foi essa a sensação com que fiquei. Sendo que sou suspeito no caso de uma apreciação pessoal, mas concordando que a alternância de vencedores só pode ajudar a tornar o campeonato mais atractivo. A super-especial final significou um encerramento da festa em bom ambiente, embora novamente a afluência de público tenha deixado muito a desejar – menos ainda que na quinta-feira -, num claro contraste com o que acontecia em Lousada ou mesmo em Baltar. Enfim, os anos, as realidades, os cenários e os adeptos são, definitivamente, outros. Villagra acabou por vencer perante as bancadas semi-cheias, na frente de Wilson e de Raikkonen, mas o confronto Ogier/Loeb foi o ponto alto da tarde, assim como o despiste de Petter Solberg, que levantou as bancadas e fez o norueguês perder o quatro lugar, depois de problemas lhe terem roubado um justo pódio. E se Sordo, apesar do enorme apoio da barulhenta claque espanhola, não confirmou o bom andamento inicial, Hirvonen também esteve mal, assim como a Ford, uma estrutura em todo semelhante à Citroen, mas que parece perdida no desenvolvimento dos seus carros, e que bem pode agradecer a opção de ser Raikkonen o “quinto” homem dos C4, senão poderia haver amargos de boca ainda maiores. Numa visão geral do que foi a última etapa, há que destacar os andamentos de alguns dos concorrentes em “super-rally”, assim como a confirmação de Armindo Araújo como o português mais veloz do certame, em contraste com a clara contenção de Bernardo Sousa, autor de uma brilhante operação para o “Nacional”, mas com o piloto do EVOX a ter direito ao protagonismo geral, o que foi agradecendo com uma condução generosa pelos três dias fora. Nos S2000, e sem Hanninen no horizonte, Ketomaa afigura-se como um caso sério, apesar dos Skoda terem mostrado grande competitividade em Portugal. A referência do dia a Ricardo Moura, para aferir que é um dos mais rápidos grupo N nacionais, daí a sua liderança afastada nesse campeonato, com o micaelense a obter bons “cronos” no domingo, acabando a sua actuação com nova demonstração “indoor” de relevo. Uns reconhecimentos que não correram bem, e um azar incrível no sábado, marcaram uma prova em que o açoriano se mostrou à altura de outros brilhos. Tive desta feita – mediante o pagamento promocional de 10 euros – a oportunidade de acompanhar o pessoal do “Rallye Pass”, assistindo ao troço de Loulé num ZE que se assemelhava a um Chill-Out e onde a oportunidade de seguir a prova era aberta com grandes requintes…até transmissão directa havia num écran gigante, isto para os que conversavam animadamente na grande esplanada instalada em plena serra. Ainda não tinha falado em pormenor sobre a iniciativa Revival, cuja parte competitiva foi dominada por Juha Kankkunen – que nem esteve assim tão à vontade com um Escort que revelou muita saúde… -, se bem que o espanhol Ferrero tenha andado também bastante depressa, com a nota negativa a serem o acidente de Joaquim Santos – que vencera a 1ª PE de sábado, ganhando quase meio minuto a KKK… - e as poucas classificativas feitas pelo reluzente Lancia Stratos de Steve Perez. De resto a iniciativa foi feliz, embora a dureza dos pisos tenha sido um óbice grande à resistência de várias máquinas, mesmo se todas elas se apresentavam em estado irrepreensível. Foram dias de grande movimentação, em que partilhei as andanças do rali com um conjunto de amigos, tão ou mais adeptos do que, entre quem a língua “oficial” foi mesmo a dos cavalos, pneus, ambientes e atravessadelas, confrontando esta nossa paixão com a de tantos ao longo dos troços. Para o ano há mais, e espero que a “bengala” de cativar os nortenhos a descer o pais não seja a preocupação única de uma organização com grandes recursos e ambições. Talvez cativar de outra forma quem está mais a sul possa resultar, afinal – e em tempos de grande crise económica – continuamos a ver gente a dormir nos troços, a acampar no monte, a aquecer o grelhador ou a comer sandes com pó. O mesmo pó que nos alegra a alma quando vemos Loeb e seus pares a acelerar a fundo de lomba para lomba e entre cada curva de coração. Um grande rali para um povo que adora a modalidade. É isto o Rali de Portugal.