Com a tomada de posse desta manhã, cessou funções no executivo municipal de Angra do Heroísmo a figura mais mediática e popular das três últimas gestões camarárias. Com a saída de Luísa Brasil, a edilidade perde inevitavelmente uma face de carisma e sensibilidade que, porventura, dificilmente irá recuperar nos tempos mais próximos.

Com efeito, e dada a sua personalidade forte, e a entrega a que se dispôs no cumprimento das funções de responsável pela cultura angrense durante uma dúzia de anos, Luísa Brasil deixou marcas profundas. Assim como profunda foi a forma como soube analisar estas gentes, dando-lhes oportunidades únicas de conviver de perto com o que de melhor se foi produzindo no mundo das letras, da música, do teatro e das outras artes cénicas, numa acção nem sempre bem aceite, afinal não é esta a forma habitual de fazer política. Mas foi devido a essa menos visível vertente política o sucesso que granjeou, as amizades que conquistou, a popularidade sã que alimentou, afinal o seguimento fluente que deu ao papel docente que já trazia no currículo, numa caminhada feita ao contrário de muitos no abraço à causa pública. Não tenho razões profissionais ou institucionais para tecer qualquer tipo de elogio àquela que foi a vereadora da cultura em Angra na última década, tão só me move o conhecimento pessoal, a boa vizinhança, a certeza de um gosto comum pelo que é belo e pelo que é nosso. E um uso cuidado das palavras e que não o uso das pessoas pela posição. Afinal, é pelas palavras que sempre podemos avaliar as pessoas.

Assim, e antevendo as funções que agora vai assumir, ficando responsável pelas produções de Filipe La Féria no Teatro Municipal Rivoli, no Porto, nada mais certo do que o desejo de felicidades. Sendo que a ida para mais uma cidade de paixões terá pesado na decisão, e acreditando eu que, no Porto, terá abrigo firme o ideário de sentimentos já demonstrado em Angra. Sentindo diariamente na pele a realidade desses dois mundos, ainda mais certezas tenho disso. Bom trabalho!