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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

24.Dez.08

Crónica (mesmo) no Natal…

Uma árvore de Natal em tons rosa e brilhante...um mimo, pois!

Escrevo este texto na manhã do dia da consoada, ou seja na juventude ainda imune de um sol de véspera de Natal, jornada por vez dura e desgastante, não fossem sendo as saborosas tolerâncias ou alguns dias de férias guardados por respeito à época do menino Jesus. Numa breve leitura das semanas pré-natalícias, e sabendo que estas linhas serão apreciadas algumas horas depois de trinchado o peru e de trincada (mais uma…) a fava do bolo-rei, posso sempre desejar (embora tarde) que tenham passado uma boa noite de Natal ou, reportando-me mais ao norte do país - onde me encontro -, que vos saiba bem a roupa-velha, iguaria suprema do dia 25 e que nunca me canso de degustar em grandes quantidades. Mas é do frio tripeiro, se bem que sentido numa época de calorosas hospitalidades, que consigo fazer passar uma mensagem de pleno descanso e de necessitadas férias, às quais a veia criativa de juntar artigos, palavras e predicados até vieram agradecer. Não foi coisa em fartura, mas sempre enviaram um postalito ao conjunto cerebral, do qual começavam a duvidar se voltaria ou não a aglomerar modos com laivos de alguma graça. A ver vamos o que nos reserva 2009.

Quase no final de mais um ano, e este foi de numeração par e com Jogos Olímpicos e tudo, a ideia mais recente que me assalta o pensamento (e este assalto apenas no significado de ideia surtida ou de instância momentânea…) é a da roubalheira descarada em que se transformou este ano velho, com os golpes de teatro sucessivos a fazerem tremer as bolsas (e Bolsas) do planeta ou, em menor escala, a trazerem alarido porta dentro dos pobres portugueses que, ao seu jeito fraterno, até nem iriam descurar as serviçais ajudas que o nosso Estado vai prestando ao grande capital. Enquanto aos “tugas” resta apertar a aba das calças e passar a época festiva com mais 75% do crédito mal parado num consumo que atingiu há muito os limites do inapropriado. Mas falo destas andanças, e longe das diatribes diárias que ocupam as páginas de vários jornais, sem a mínima propensão, ou sequer pachorra…, de analisar o momento financeiro ou a realidade económica da terra de Viriato…que era, como bem sabem, um valoroso guerreiro que os subornados companheiros levaram desta para melhor. Tão só me ataca a bondade saber que há quem se governe com a mediocridade que vai alastrando por esta nossa pátria, se bem que salpicada por épocas de ternura e abraços quentes, como esta que (ainda) se atravessa, enquanto grassa a maior miséria nuns cantos e se espicaçam gambas e ovas por outros, num mundo actual em que o cor-de-rosa das revistas alimenta um esquema de ascensão que, de há muito, deixou para trás a necessidade da eficácia, da seriedade ou sequer da mínima decência. Em tempos de Natal e em alturas de falar bem e bonito com um sorriso à ilharga, apraz-me dizer que se perdeu a vergonha, que já ninguém liga, ou que já poucos se importam com a localização exacta e actual dos bons costumes. E não me levem daqui o texto para um universo de conservadorismo, pois então estamos mal e aposto que não alinham nesta forma assaz graciosa de entender o mundo e as pessoas. Mesmo em tempos de bolos e vinho do porto a chorar pelo cálice, tenho ainda alguma vontade de endireitar (do alto de um texto prosaico…) as andanças e desventuras da multidão. Num dia feriado e depois de uma noite se calhar dormida em sobressalto digestivo, talvez nem seja este o teor desejável para um texto de Natal, ou sequer para uma leitura após um café tardio e um ligeiro enjoo de uma das muitas sobremesas engolipadas na véspera. Na véspera deste mesmo Natal, que já vai a meio e que nos faz recuar à infância e refazer ambições esquecidas ou sonhar de novo viagens nas nuvens de tenras passagens distantes. Sim, porque o Natal, mais do que celebração ou festa, atinge-nos como um tempo de pensar na vida, mesmo que a fazer contas de somar ou subtrair, tal seja a tendência monetária desta nova roupagem que lhe deram. Com bons ou maus fígados, fica daqui o desejo sincero, e talvez ainda entrelaçado por uma conversa pré-Reveillon, de que continuem a passar bem esta altura de desabafos e carinhos. O mundo nem sempre nos oferece o melhor, mas nós tentamos retribuir-lhe da forma (mais) acertada. Bom Natal.


 

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