O degrau.
No início do ano, e a expensas do risco eminente de se desfazer (mais) uma parte da muralha próxima ao antigo Cais de Angra, deparei-me com um horrível remendo de cimento que a tutela do espaço resolveu levar a cabo na ancestral estrutura. O caso foi mesmo publicitado pela oposição, e tal pena não o tivesse sido por um agente ou empresário turístico da nossa praça já que, tal como a maior parte dos reparos à gestão da nossa cidade antiga, caiu em saco roto...
Desta feita foi nas minhas (reiniciadas) caminhadas que, abeirando-me da entrada de baixo do Relvão, onde os detritos abundam e as pedras propiciam uma aterragem até abaixo da Porta da Prata, travei conhecimento com um inestético (pronto, horroroso...) degrau de cimento a encimar as escadas de pedra onde os passos de outrora estão bem marcados e onde, tal como em tantos sítios, repousa a história deste nosso burgo. O mesmo que é património mundial para não ter carros durante uns dias e muita macacada à solta para felicidade dos petizes. O mesmo onde, nos outros dias, o caos da circulação não se resolve nem se pensa. O mesmo cujo litoral (meio-requalificado, meio-acanalhado) passou mais um Verão envolto na maior porcaria e lixo por onde se passa. O mesmo onde gosto muito de morar, mas onde me arrepia a incúria visual desta gente que manda e desmanda, sem qualquer respeito pela sua (e nossa) terra...
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