O "renascer" dos Clássicos terceirenses...
Desde 1999 que não havia um Passeio com Automóveis Clássicos na Terceira. À parte iniciativas esporádicas que lá desempoeiravam algumas das nossas raridades motorizadas só agora, e reactivada a respectiva Secção pelo Terceira Automóvel Clube, as velhas glórias de outros tempos vieram até à rua. E que plantel se arranjou!
A manhã do passado Domingo estava convidativa para ver coisas bonitas e, com efeito, a Marina de Angra apresentava um leque de viaturas de deixar curioso o menos motorizado dos transeuntes. Fora do vulgar era, de facto, a presença de cerca de meia centena de relíquias, que iam desde o mais antigo Morris Minor de 1951 até ao Renault 18 GTS de 82, passando por belezas como um Triumph Herald 1200 (1961), um Austin Healey (66), um Porsche 912 (69), um potente BMW 2002 (do ano da Revolução dos Cravos), uma menos acelerada VW Brasília (79) ou o Triumph TR6 de “cabelos ao vento” (1973).
Isto entre alguns outros Mini, VW Carocha e Mercedes vários, bem como as quatro motos antigas, onde uma BSA de 1955 e uma BMW de 61 rivalizavam no espírito “retro”, lado a lado com as águas brilhantes da baía.
Muito movimento, e até alguma confusão, não tiraram a vontade de pôr em marcha a vetusta caravana, sendo que o percurso até seria curto face à ânsia de guiar aquelas beldades com rodas. Bem estavam os descapotáveis, com o Buggy azul do Luís Gabriel Martins e o Camat do Gil de Sousa a serem talvez os mais espampanantes.
Por ordem cronológica lá se fizeram todos à estrada, rumo ao almoço volante (pois claro, era de carros que se tratava…) no Auditório do Ramo Grande, às portas da Praia da Vitória. As diferenças não eram de andamento, pois a longa coluna evoluiu com lentidão mas, a olho nu, quem visse o enorme Plymouth Savoy (1963) e os reluzentes Fiat 600 não deixaria de esboçar um sorriso…é que os pequenotes bem poderiam caber dentro do gigante americano! Em são convívio lá se trocaram histórias e atribulações, que isto de recuperar carros também tem que se lhe diga. E rapidamente se foi instalando um ambiente de confraternização, a fazer adivinhar que estas iniciativas têm força e “pedal” para andar, pelo que a Direcção do TAC, pelo voz do navegador de um certo Honda 600 amarelo, prometeu já dois Passeios em 2008, nos quais se incluirá uma Volta à Ilha o que, logicamente, os presentes (e ausentes, que foram mais que muitos…) devem agradecer. Sempre com um sol forte o Largo da Batalha foi-se esvaziando de viaturas, com estas a seguirem para a Baía da Salga, onde uma “simplificada” Prova de Regularidade iria ligar o local com a subida da Serretinha. Eram
Mas isto foi já na altura de se entregarem os prémios, onde todos tiveram direito a receber lembranças deste reatamento da Secção de Clássicos do TAC. Na altura foi possível ver as fotos do Ricardo Laureano (que disponibiliza dois CD’s de boas imagens a quem quiser recordar o dia…), mas tudo já depois de uma chegada vistosa à (desactivada) pista de Karting, à qual se seguiu um passeio pela Cidade de Angra (com ida pela Circular e retorno pelo centro histórico), onde se impôs uma paragem buzinada nos Portões de São Pedro a reclamar imagens que não se viram.
Pelo meio tempo ainda para o campeão de ralis dos VSH, Mário Garcia, fazer um verdadeiro “Rodeo” de piões com o Escort RS 2000 laranja em torno de uma cadeira (!) e do poste de iluminação do Kartódromo.
Os prémios tiveram ainda a particularidade de “investir” na boa manutenção das viaturas, já que a organização seleccionou as quatro que mais se aproximavam do original, dessas escolhendo o Fiat 600 D (1959) de José Bernardo como o “Carro mais bem conservado” do certame. O pequeno utilitário azul-turquesa é, com efeito, uma coisa linda de se ver…
E numa toada de vontade expressa para repetir as graças lá se alvitraram paradeiros de outras máquinas e condutores, sendo de realçar a ausência de mais motos, e até de jipes no passeio, isto porque a Terceira tem um leque de 4x4 antigos que mete respeito pela quantidade e qualidade. No ar ficou também o desejo de uma Regularidade em moldes mais “apertados”, bem como as habituais sugestões visando melhorar e incrementar uma reunião que deu sucesso. Não fossem os carros e as motos uma paixão comum àqueles 30 e poucos quilómetros de caravana onde os anos não chegaram para tanta história montada em pneus de borracha…com ou sem lista branca!
O carro da reportagem
Não se pode dizer que seja exactamente um clássico, antes um modelo prestes a entrar na categoria mas que, e muito bem, foi também admitido ao Passeio do TAC. O Ford Escort 1.1 L-3 Door que guiei no evento tem a curiosidade de, desde Novembro de 1982, estar na família. Foi comprado novo pelo meu tio-avô José Alberto Azevedo, que o teve em Lisboa até falecer em 1999. O seu uso cuidado revelou-se quando o levei para o Porto em 2000, sendo depois a vinda para a Terceira efectuada em 2003, quando o meu Pai recebeu definitivamente a viatura. O look desportivo, que não do original, foi criado com a pintura num azul mais “racing” e com a colocação de umas jantes do Escort XR3, compradas em Gaia (com pneus e tudo) por 25 contos na moeda antiga! Quanto ao modelo em si, convém recordar que este Escort foi Carro do Ano