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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

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26º Rali Sical - Luís Rego: Vitoria à chuva e com dedicatória!

16.04.07, MSA

Luís Rego/Pedro Rodrigues, vencedores do 26º Rali Sical.

 

Foto: Luís Pacheco (www.ralis.online.pt)

 

Resumir numa única reportagem as andanças do 26º Rali Sical é, no mínimo, um trabalho exaustivo. Mas não tanto como o que tiveram pilotos, mecânicos e organização ao longo do fim-de-semana. Só por isso estão de parabéns pela abertura da temporada dos ralis açorianos em 2007…!
De facto São Pedro nada quis com o “quentinho” do café neste “Sical”.

Muita chuva, frio, nevoeiro, e dificuldades acrescidas para quem, na estrada, lutava para ter o melhor desempenho possível. No final, e feitas as contas, a vitória acabou por sorrir ao piloto que mais tempo andou na frente da prova. No ano em que festeja as bodas de prata nos ralis, Luís Rego estreou-se no lugar mais alto do pódio, depois de um ataque calculista na parte da manhã de Sábado, quando as condições climatéricas impunham respeito. Arriscou, jogou forte, e ganhou!
O Rali arrancou com o espectáculo muito difícil e escorregadio do traçado citadino “Litoral”. Aí, contrariando as previsões, e face ao estado do piso, Gustavo Louro impôs o Renault Clio S1600, ganhando 1,3 segundos ao Lancer de Fernando Peres. Mas o piloto de Angra não teria, uma vez mais, a sorte do seu lado e, findo o troço, a quebra inesperada de uma manga de eixo impediu a chegada à assistência para efectuar a reparação. Era o desalento para o público local e o rali perdia a tão esperada luta Peres/Louro ainda antes de ir para a estrada “aberta”. Ricardo Moura fechou o pódio, à frente de Ricardo Carmo e de um surpreendente Fernando Meneses.
A chuvosa manhã de Sábado teve um nome a destacar: Luís Rego. O piloto da “Ilha Verde” atacou forte logo em Vila Nova-1, ganhando o troço, mas não impedindo a estreia de Ricardo Carmo na liderança, mercê do bom tempo do dia anterior. Fernando Soares entrou em força e foi quarto. Mas a estreia também do EVO9 para Carmo apenas durou até ao troço seguinte, Serra do Cume-1, onde uma forte saída motivou a desistência prematura. Era a vez de Fernando Casanova ganhar uma classificativa, a par com um espantoso Sérgio Silva, que “voou” literalmente com o 206 GTI. Rego passava para o comando e Fernando Meneses era o segundo, provando que, à chuva, o Saxo era uma arma temível. Pelo caminho ficava Marco Martins, isto quando o azar começava a marcar a prova de Ricardo Moura. E por onde andava Fernando Peres? O campeão em título foi cuidadoso em demasia e já levava 15,3 de atraso para o líder, que lhe ganhou mais 9,3 na primeira das Quatro Bicas. Aí quem ficou mal foi Fernando Meneses, com um semi-eixo a travar uma actuação de luxo. Casanova passou Peres, posição que se voltou a inverter no troço seguinte, mas na segunda passagem pela Serra do Cume o Lancer branco bateu e Peres atrasou-se, sendo que um tubo do intercooler ficou afectado e o carro japonês se arrastou na última PE da manhã, somando quase 3 minutos de atraso para a cabeça da prova. Pelo caminho tinha já ficado Fernando Soares, que não se coibiu de “enfiar” o Clio num palheiro (!) em Serra do Cume-1, tentando ainda prosseguir em prova, o que acabou por não conseguir. Quem já não iria sair para a secção da tarde era Ricardo Moura, pois a quebra do diferencial traseiro pôs termo a um dia azarado, onde a luta pela vitória poderia ter sido um cenário mais que provável. Pela hora do almoço Luís Rego tinha já 41,7 de vantagem para o Impreza de Casanova, seguindo-os o Peugeot de Sérgio Silva, que bem sentia a pressão de um muito rápido e consistente Marco Veredas, a estrear em grande o novo Saxo. O quinto era Pedro Vale, na frente de um desalentado Carlos Costa e com Fernando Peres já na sétima posição.
Da parte da tarde seis troços e todos ganhos pelo campeão de 2005 e 2006. Peres forçou a nota e arrancou a ferros o terceiro lugar do pódio. Mas isso apenas porque Marco Veredas furou na Serreta-2, quando já ultrapassara e se distanciara de Sérgio Silva, tendo a direcção do Citroen ficado afectada. Veredas perdeu assim ingloriamente o terceiro lugar e também a vitória na Formula 3. Aliás nessa categoria os S1600 acabaram por não ter vida fácil, pois Louro desistiu de entrada e Carlos Costa nunca se encontrou ao longo do rali. O feudo ficou para Meneses, Veredas e Sérgio Silva, com o piloto do Peugeot a demonstrar no dilúvio do “Sical” que bem jeito dá ser um bom piloto de terra quando chove na Terceira ou em Santa Maria. Nos lugares cimeiros a ordem foi então Rego-Casanova-Peres. O simpático piloto do Lancer azul-escuro manteve um ritmo vivo o suficiente para aumentar um pouco a vantagem da liderança, chegando a Angra com 46,5 segundos de avanço sobre o homem que estreou em beleza o Impreza N12 que vencera este mesmo rali em 2006, pelas mãos de Gustavo Louro. Luís Rego dedicou, emocionado, a vitória ao mecânico Paulo “Citroen”, elemento da “Peres Competições” recentemente falecido num acidente de trabalho no Rali Portas de Ródão. O piloto ostentava mesmo uma faixa preta com o nome do mecânico bordado a branco no seu fato de competição. Peres acabou então por minimizar os estragos com o terceiro posto, depois de uma manhã onde andou mal e teve ainda azar por cima.
Depois destes ficou Sérgio Silva, na frente de Marco Veredas e de Pedro Vale, também autor de uma prova sem mácula e com muito “juizo”. Carlos Costa foi sétimo e não chegou ao pódio da “F3”, ficando na frente dos irmão Nuno e César Rocha, muito regulares e eficazes com o “velhinho” Impreza, também do surpreendente Pedro Silva, que veio mostrar que os madeirenses não andam bem só dentro de portas, e de Hermano Couto que, fechando os dez primeiros, esteve algo distante de actuações anteriores. Carlos Borges e Artur Silva levaram os Saxo às 11ª e 12ª posições, depois de provas muito interessantes e com ritmo bem vivo, talvez não tanto como os “milagres” que Alexandre Melo fez com o seu Clio de Troféu e que culminaram com a 13ª posição. O 14º lugar foi para as “meninas” do Saxo Cup nº32. Se horas antes da prova sorriam de ansiedade, Sexta e Sábado Carla Rosado/Marta Areia cerraram os dentes e deram “água pela barba” a muitos homens com máquinas superiores. Até tempos nos dez primeiros chegaram a fazer! A fechar o top-15 deste 26º Sical ficou mais um Saxo, o de Manuel Bettencourt que (não tivesse sido ele um dos nossos melhores ciclistas…), no “sprint” final bateu por 2.1 segundos o vencedor da Formula 2, Olavo Esteves.

Exactamente na categoria que faz correr os duas rodas motrizes de 1601 a 2000 cc, o azar parece ter “largado” a porta do piloto da Praia da Vitória. No início do rali Fernando Soares fez valer a potência do Clio ex-Vitor Lopes (isto até bater…), mas depois foi Gilberto Ferreira a dominar com o Corolla T-Sport. Na PE nº11 o motor do carro japonês deitou por terra cerca de 1m20 de vantagem e Olavo Esteves passou para frente, tendo apenas de controlar a diferença para o estreante Ricardo Moura, pois Augusto e Marlene Ferreira vinham já bem distantes. O triunfo trouxe alento para a nova época e para o projecto recente que é o “Team Cidade Praia da Vitória”.

Entre os homens do Troféu Renault Clio Olavo Esteves Competições/Açorlanda Alexandre Melo “arrumou” a questão (novamente…) logo na primeira passagem da Serra do Cume. Depois foi aumentar a vantagem até final, também com “cronos” excelentes na Serreta. De regresso à competição que ganhou em 2005, o “Maúrça” apresenta-se como um candidato natural ao triunfo. Pedro Sousa fez o que já tinha conseguido em 2006 e ganhou a medalha de bronze dos Clio neste “Sical” 2007. Sérgio Cardoso foi o terceiro na iniciativa, se bem que (com o carro de treinos depois de um problema com o Yaris) “Toni” Ortins tenha conseguido terminar à frente do piloto da Praia da Vitória, mesmo não estando na luta do Troféu, e por pouco ambos não apanhavam a dupla do Clio de Santa Maria. Aliás entre Pedro Sousa e o sexto do Troféu, José Silva, ficaram João Paulo Simões, José Vieira…e menos de 30 segundos!

Juntando em 2007 os Toyota Yaris aos Starlet, o Troféu “Sousa Automóveis” teve no mariense João Silva o líder desde o troço de abertura. Com João Faria a não ter uma prova feliz, Silva foi ganhando terreno aos seus adversários para, no final, vencer com quase dois minutos de avanço sobre Francisco Costa, que bateu Teófilo Pires na luta pelo segundo lugar. Paulo Leal e a campeã regional em título, Diana Coelho, também conseguiram vencer as muitas adversidades do rali.

Na luta particular dos VSH, que pontuam para o Campeonato Regional de Ralis dos Açores, o vencedor acabou por ser mesmo o campeão em título. Sempre acompanhado pelo fiel Tomás Pires, Mário Garcia voltou a impôr o Peugeot 309 GTI, mas não sem antes suar as “estopinhas”, é que a concorrência deu que “fazer” no “Sical”. Na sexta à noite o piloto do Pico Marco Pinto impôs o AX no “Litoral”, mas uma penalização de 30 segundos retirou-o do pódio e deu a liderança provisória ao Fiat Uno Turbo de Marco Sousa/Miguel Bendito, que tinham feito apenas mais 0,1 segundos (!) nos 3,11 km do troço. A seguir mostrava-se o rápido AX TRE (só de nome, entenda-se…) de Firmino Mendes/José João Couto, dupla que viria depois a liderar a categoria até à 6ª PE, altura em que Mário Garcia chegou ao comando, mas depois de ter de dar “à corda” no Peugeot, pois o australiano do Citroen não esteve para brincadeiras. O azar acabou por afectar Firmino Mendes, com a caixa de velocidades a impedir o segundo lugar na Serreta-2. Daí até final foi mesmo Marco Sousa quem venceu dois troços, garantindo a segunda posição e fazendo esquecer os muitos azares de 2006. A dupla do Pico, Marco Pinto/Paulo Serpa, fechou o pódio e provou que a chuva não era obstáculo para um bom andamento. Filipe Teixeira foi quarto, na frente do veterano Pedro “CDS” Pereira, que chegou a Angra com a frente do 205 algo desfigurada. Bruno Amaral foi outro dos sobreviventes, na frente das “meninas do AX”, Cecília Augusto e Sandra Santos que, emocionadas no final, conseguiram na estreia realizar um sonho de uma amiga de quem temos muitas saudades.

Mas na estrada esteve também o bonito Escort RS 2000, pertença de Mário Garcia, e que o simpático José Patrício “Néne” conduziu como o único clássico em prova. Acabando sem embraiagem deu espectáculo sempre que pôde e agradeceu ao muito publico o apoio recebido na estrada. Afinal, se a Terceira é hospitaleira por natureza, quando se trata de “gente boa” a vontade ainda cresce mais!
E foi mesmo com muita vontade e trabalho que se pôs na estrada este Rali “Sical”. Abriram-se a hostilidades dos ralis açorianos em 2007 e, amanhã, mais notas e “bocas” sobre a prova estarão aqui à disposição…

Resultados da prova...


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