Todos devíamos ter um reóstato para a sensibilidade. Não apenas devido à intensidade da luz ou dos raios UV. Mas também para a nostalgia, o calor ou a saudade. Em tempos de verão, os cheiros, a brisa, a chuva inesperada ou a pele salgada transportam-nos a outras alturas e episódios intensos. Em prol dos nossos corações, e de alma lavada, isso bem podia ser regulável...

Foto: Horácio Franco/Jorge Carreiro/Ford Escort RS (Team Apolo 20) - Rali de Santa Maria 1983

Acho completamente relativo dizer, numa região de nove ilhas, com seis onde se disputam ralis, que esta ou aquela prova é a melhor. Não há melhores. Há organizações que são fruto de muito trabalho e imaginação, num constante esforço para proporcionar eventos de qualidade a várias equipas, também quase todas assentes em esforço pessoal e dedicação à modalidade. O que devia ser comum é muitas vezes o que separa estas entidades - clubes e concorrentes -, numa realidade que nunca compreendi, e que não aceito. Um aplauso para a grande lista do Rali de Santa Maria, com estreias, novidades, máquinas das últimas gerações e até bastante juventude. Pela segunda vez terei o gosto de correr a prova do "Asas", sem compromissos que não a diversão, sem escrever uma linha que não as notas de andamento e com a responsabilidade de fazer a ponte atrás referida, pela acumulação de tarefas que o tempo me deu. Está tudo reunido para uma enorme festa, esse sim um mote transversal d' #omelhordesportodomundo. Bora lá!

As caixas de pagamento de autosserviço são uma das componentes da evolução digital das novas superfícies comerciais. Sei que grande parte da população nem quer ir às compras, nem ver pessoas, nem cumprimentá-las. Como se a vida corresse melhor numa aplicação e sem pôr os pés na rua. Será sempre uma das minhas teimosias. Orgulhosamente interagir com quem trabalha e sim, perder imenso tempo com os outros e, se possível, partilhar o sorriso de um dia bom, ou fazer uma piada se o oposto estiver a acontecer. Não precisam copiar nem partilhar 

A imagem é da Cantoria de ontem, na Guarita, a que mais me diz ao coração, mas podia ser num outro arraial desta Terceira de festas. Não me canso de admirar estes guerreiros das palavras, que amavelmente nos oferecem batalhas de cordialidade e de graça. Seja com vasta audiência, deste ou do outro lado do mar, em encontro mais modesto ou num palco faustoso, a sua intenção é igual. Admiro-os deveras, como diziam os antigos, elogiando a adaptação inteligente de uma tradição tão nossa, que vai resultando em palmas de origem sobre rimas de afetos. Continuem, guerreiros. A vossa arte será sempre maior...

Antigamente também havia águas-vivas, mas era com intervalos tão grandes que quase nos esquecíamos delas. E havia algas, só que nem lhes dávamos hipóteses de incomodar. Até o sol, que dizem era mais fraquinho, escaldava ali a seguir ao São João, mas nunca mais nos pegava no bronze. A distinção entre a manhã e a tarde apenas se fazia pela noite anterior ou pelo nível de apetite. Nuns dias havia peixe, noutros havia churrascos, noutros gente nova, junto a um Mar que apelidávamos como nosso. Porque era mesmo. E ele aqui está. Continua resmungão a espaços e belíssimo na sua plenitude. O tempo é que correu. Assim como as águas-vivas, as algas e o sol, que agora se põe e se levanta com uma imensa e escusada velocidade...

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Em defesa das Rádios das nossas terras, é preciso suster a cobrança de direitos conexos às estações locais e regionais em Portugal. As nossas Rádios são cruciais na promoção e divulgação da música e dos artistas nacionais, sendo verdadeiros baluartes da nossa identidade cultural. Por favor, assinem, e partilhem, a Petição Pública.

Sem ser de propósito - procurava imagens do Rali da Letónia - estou a ver o discurso de encerramento de Donald Trump na Convenção Republicana. É simplesmente aterrador como o agora-candidato mistura, nas mesmas frases, as expressões "intervenção divina", "milhões de dólares", "muita fé", "muitas armas", "baixar impostos" ou "apelo à unidade", isto antes de contar, numa encenação barata, o atentado que sofreu, num vitimismo incendiário, perante uma platéia de expressão hipnotizada. Custa-me resumir melhor...o tom ofensivo, o populismo latente, o ar atrevido, o fanatismo bacoco. É aterrador...

...uma espécie de assustador Carnaval, que diz bem da insanidade em que navega o ato eleitoral de uma das mais poderosas nações do mundo. Assim próximo de uma brincadeira de rapazes

É quase natural, no acompanhamento efusivo feito ao Europeu de Futebol em curso, recordar a edição de há 20 anos daquela mesma competição, quando Portugal viveu dias incomparáveis e de grandes emoções. Que fecharam com a derrota na Final, depois de uma presença e organização de alto nível. Relativizar tudo isso faz-nos também recordar quem já partiu e até a forma diferente como reagiamos a todos aqueles estímulos nacionalistas. As semanas do Euro'2004 foram intensas por todo o país, assim como na diáspora. E, até ao título de 2016, terá sido a época recente de maior orgulho neste país de desequilíbrios. Que são positivos quando levados a cabo pelos alas, com assistências perfeitas e finalização certeira. É isso e bandeiras nas janelas. Quem não as pôs?

Vamos longe com imprensa desta, que condensa a maledicência internacional, e a replica internamente, num imenso favor a todos os adversários da nação. O público, ávido de escandaleira e desgraça alheia, comenta delirantemente esta parvoíce armadilhada. E depois canta o hino de mão ao peito, invade locais de trabalho de forma selvagem e berra desenfreadamente como se estivesse no recinto de jogo. Haja paciência. Tentem lá rapazes, se não, ide sossegados para os vossos clubes, onde vos hão-de tratar bem...