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Estávamos em 2004 e a febre dos blogues – ainda se escrevia blogs, “à inglesa”… - vivia ebulição em Portugal e no Mundo. Tinha começado, uns meses antes, a escrever uma coluna genérica no extinto diário “aUNIÃO”, sob o título “Do Porto das Pipas”. Vivia na cidade do Porto, onde as pipas desembarcavam, descidas pelo Douro, no Cais de Gaia. Pela Terceira, o velho porto comercial e das Descobertas, na cidade património, já perdera as funções para a oceânica e interminável obra na Praia da Vitória.
O mote foi então a surpresa feita pelo meu amigo Miguel Bettencourt, que criou um blogue sem título no Portal Sapo, e me enviou os dados para continuar a coisa. No fundo, encarregou-se de me (re)despertar a vontade de ir escrevendo pelos dias. Eu, que já tinha decidido não "entrar" pela moda – questionando mesmo se ainda eram moda… - dos blogues dentro.
A verdade é que os primeiros posts tiveram de ser publicados uma segunda vez, pois havia um pequeno pormenor a corrigir...mas o Bettencourt tratou de tudo. Nascia então o meu blogue “Porto das Pipas”, que esta segunda-feira cumpriu 20 aninhos de existência.
Nessa primeira semana, transcrevi parte da crónica publicada no jornal uns dias antes, dando triste conta da partida do Rui Rodrigues, que assim deixara de “fazer reportagens” e de “escrever as coisas onde escondia a ternura que lhe ia na alma. Deixou tão só um lugar, que tão só dele, nos fazia duvidar se, de facto, queria que conhecêssemos melhor”.
No mesmo dia de “abertura” do blogue, passava mais um ano sobre o nascimento da nossa avó Mariinha, que nos deixara uns meses antes. Recordei então que, nessa data tinham surgido “as mãos mais suaves e quentes. As mãos que cozinharam as músicas e tocaram os doces. As mãos que nos afagaram e fizeram rezar. Essas mãos que nunca deixo de sentir”.
No mundo da bola, onde volta e meia os meus escritos passavam, há vinte anos as coisas estavam menos famosas, pois relatei, no dia seguinte à “estreia” do blogue, que “…esta tarde sofri no Dragão. Já tinha sofrido há duas semanas contra o Moreirense. A equipa continua a jogar muito futebol, face à pouca qualidade dos adversários, que se limitam a cortar o fio de jogo e a defender a todo o custo. Mas a verdade é que não marca. A McCarthy falta-lhe o "faro" de ponta-de-lança, e a Maciel a objetividade de outros dias, o meio-campo embrulha-se demasiado e acaba por cair no erro dos passes longos e pelo ar”.
Imaginem pois que, em abril de 2004, declarava que “ este ‘Porto’ de Mourinho, sem dúvida a maior fonte de alegrias que Portugal tem tido nos últimos meses, acaba por ver-se aflito e desconcentrado para fazer o que é óbvio: Ganhar porque é superior. Não sou especialista em Futebol mas...não me quero habituar a sofrer!”. Vinte anos depois, não estou a ter outro remédio…
Dois dias depois de “abrir” o blogue, Nuno Barata, já veterano das andanças da blogosfera, com um ano do seu “Foguetabraze”, escrevia: “Um da Ilha Terceira, finalmente. O primeiro Blog, verdadeiramente Terceirense, O Porto das Pipas , um blog generalista de Miguel Sousa Azevedo. Bem vindo à blogosfera de endemismo açórico”. Claro que inchei de orgulho. Mas a verdade é que, salvo erro no dia anterior, a Rosa Maria Silva, tinha dado “partida” ao seu “Azoriana”. Ela que, tempos depois, me ajudou, aquando da “migração” que o Sapo fez da sua plataforma de blogues.
Poderia desfiar uma data de episódios relativos a ter um espaço virtual há tanto tempo, mas prefiro apenas realçar que esta será a minha única prova – palpável…se é que se pode tocar num blogue - de resiliência, uma palavra que, em 2004, ninguém se lembraria de dizer. Sim, porque os tempos mudam, felizmente as vontades nem tanto. Têm é dias!
PS-Entretanto, as crónicas – como bem sabem – transitaram com naturalidade para este resistente “Diário Insular” onde, volta e meia, se apresentam com o gosto de sempre.
Juha Kankkunen foi um dos melhores pilotos que passaram pelo Campeonato do Mundo de Ralis, mantendo-se como um dos mais carismáticos de sempre, também por via dos quatro títulos alcançados, sendo o último piloto campeão dos "monstros" do Grupo B, em 1986 com o Peugeot 205 T16 e, no ano seguinte, o primeiro com os ainda frágeis Grupo A, então com o Lancia Delta 4WD.
Perfecionista assumido, "KKK", como muitos o chamam, mostrou sempre uma elegância própria, sendo daqueles pilotos que guiam "com as pontas dos dedos", de forma natural. Passou por todas as principais equipas do WRC, granjeando uma legião de fãs global. Hoje, Juha Kankkunen entrou no Clube do 65+. Mas mantém-se ativo como instrutor e mentor no mundo dos ralis. Congratulations, "KKK"!
Mesmo não tendo vivido o Estado Novo, naturalmente que corroboro e enalteço (d)os valores de Abril. Mas se há coisa que me faz espécie é esta tendência crescente de confundir liberdade com libertinagem, num aproveitamento inquietante do trabalho e da luta de milhares de portugueses. Infelizmente associado a uma nova boçalidade, que grassa assustadoramente pela lusa pátria. Essa será uma preocupação de Abril.