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Jägermeister. Ou quando a beleza da decoração dos carros patrocinados está anos-luz adiante do sabor do próprio produto...
Tenho uma relação pacífica com a Igreja, pese embora todas as razões existentes para que isso não acontecesse. Mas tal deve-se ao facto de ter encontrado gente muito boa no exercício do sacerdócio, que me limparam as más memórias infantis, de catequese forçada e dogmas, coisas incompatíveis com um petiz ativo e curioso.
Hoje comemoram-se as bodas de ouro da ordenação do Padre Francisco Dolores, pessoa que muito estimo e com quem tive o gosto de travar sempre uma relação de amizade, e até cumplicidade. Uma abertura que o clérigo permitiu sempre a tantos, vincando nisso a sua vocação também para ler as pessoas. Valeu-lhe o recente epíteto de Padre do Povo, que não acredito lhe mexa muito com a alma, pois o seu desígnio de vida traçou-se cedo. E as suas múltiplas capacidades apenas fizeram com que abraçasse a Fé de modos reforçados.
Para lá de saudar a data, estas linhas visam enaltecer precisamente a visão transversal com que o Padre Dolores aceitou sempre as crenças e a bondade. Nunca limitando aos sacramentos da Igreja a sua tarefa de ajudar o próximo. Fomentando essa ajuda entre os seus fieis. E entre todos que o procurassem. Abstenho-me de partilhar alguns episódios em que, sem quaisquer entraves, as suas aptidões e sabedoria foram fulcrais para (re)criar felicidades, firmar alívios e fazer nascer sorrisos. Sendo que guardarei sempre na memória a sua franca gargalhada, a boa disposição vigente e a boa parceria como companheiro e confidente. Que a saúde lhe permita gozar todos estes encómios e alegrias. Um abraço, Padre Dolores.
1-Passaram 20 anos desde que criou o blogue Porto das Pipas. O que o levou a aderir, na altura, à blogosfera?
Tem alguma piada responder a isso, a 20 anos de distância, porque, efetivamente, a dita blogosfera vivia uma época efervescente em 2004, algo longe ainda do advento das redes sociais, e muitas vezes com os blogues a serem fonte de muita informação e partilha de conteúdos. Em alguns havia mesmo o conceito do jornalismo de cidadania, de que tanto já se falou. Ora, o jornalismo será sempre a minha atividade de base, então apenas exercida – como hoje – nas vezes de colaborador desportivo, pelo que foi uma forma natural de divulgar o que escrevia e pensava. Tinha começado, uns meses antes, a escrever uma coluna genérica no extinto diário “aUNIÃO”, sob o título “Do Porto das Pipas”. Vivia na cidade do Porto, onde as pipas desembarcavam, descidas pelo Douro, no Cais de Gaia. Pela Terceira, o velho porto comercial e das Descobertas, na cidade património, já perdera as funções para a oceânica e interminável obra na Praia da Vitória. Foi um conjunto de razões tão simples como, efetivamente, se tornou escrever.
2-Era, e ainda é, um blogue “verdadeiramente terceirense”, como o designou Nuno Barata, então autor do blogue “Foguetabraze”? Como descreveria o seu blogue?
O “Porto das Pipas” começou por ser verdadeiramente terceirense logo na criação, uma vez que foi o meu amigo Miguel Bettencourt a começar com ele, mas sem título, para me oferecer. Ou seja, a nossa solidariedade e partilha a toda a largura. E tenho a noção de que tenho escrito, num mesmo espaço, sobre temáticas que pouca gente juntou. Mesmo se, cada vez mais, o que se escreve ou se diz é perene, já que a voracidade da informação tomou conta da nossa vida, e atualmente deambulamos entre a Guerra da Ucrânia, as eleições do Futebol Clube do Porto, a crise sísmica da Terceira ou a discussão de um Programa do Governo quase sem relativizar ou gradar a importância dos assuntos. Não consigo datar o fenómeno, mas a realidade das coisas alterou-se significativamente nestes 20 anos, e isso tem a ver com o excedente informativo que nos envolve, o que é amplamente assustador. Se, de alguma forma, estamos mais a par do que se passa no mundo, também é certo que pouco ou nada fazemos para que esse mundo melhore. Mas, recentrando a resposta, mantenho assim, há duas décadas, um espaço que tanto acolhe a minha opinião imediata sobre uma paisagem, dá corpo a uma emoção, como calendariza várias iniciativas a que às vezes nem assisto, ou ainda encerra e tenta perpetuar tudo que escrevo noutros sítios, mormente neste “DI”, que nos últimos 11 anos publica também as minhas pouco regulares crónicas. No fundo, é a minha última esperança de arrumação, apesar de muitos dos links partilhados já estarem inativos…
Claro que quando li o post do Nuno [Barata] inchei de orgulho. Mas a verdade é que, salvo erro no dia anterior, a Rosa Maria Silva, tinha dado “partida” ao seu “Azoriana”. Ela que, tempos depois, me ajudou, aquando da “migração” que o Portal Sapo fez da sua plataforma de blogues.
3-Naqueles primeiros tempos em que os blogues estavam na moda e não havia redes sociais, as caixas de comentários davam muitas vezes azo a grandes discussões. Teve alguma história mais caricata no “Porto das Pipas”?
Curiosamente, o meu blogue nunca foi muito comentado, mesmo se albergou algumas polémicas. Acredito que, também nisso, seja uma extensão do autor, porque tenho cada vez menos pachorra para alimentar discussões que não levam a lado nenhum. E a vida ensina-nos que a maior parte delas são isso mesmo. Salvo erro, ainda hoje, o post mais comentado tem a ver com uma fotografia – já nem me lembro de quem – em que se avistava São Miguel da Terceira.
Acrescento apenas que conheci muita gente por conta destas andanças da escrita, mas preservo o meu casulo, assento muitas das intervenções em puro humor e, acreditem, dispenso bem grandes visibilidades.
4-Com o aparecimento das redes sociais, os blogues foram perdendo espaço, mas o Porto das Pipas mantém-se firme. O que o leva a continuar este projeto?
As redes sociais são hoje um valioso repositório de coisas lindíssimas, mas também de muitas tolices, afinal a abertura alargada de qualquer espaço leva ao surgimento de “clientela” indesejada. Ou pelo menos impreparada para conviver e, pior que isso, no caso, para escrever. A língua portuguesa é degolada diariamente pelas novas formas abreviadas de escrita, e penso que o fácil acesso a espaços virtuais que aceitam de tudo, acelerou esse processo de destruição linguística e até estética. Este blogue resiste, nem que seja porque é importante preservar nichos em que as coisas são escritas com algum cuidado, e não apenas para revirarem na espuma dos dias. Assinalo que nem serão as novas gerações o maior foco de um Português alvo de atentados, no geral parece que as pessoas se “esqueceram” de como escrever ou falar, numa toada transversal. E preocupante, pelo menos eu acho isso.
5-Os blogues têm, por norma, textos de maior dimensão do que um “post” numa rede social. Obrigam a uma abordagem mais aprofundada? Não sente que hoje em dia se banalizou a opinião?
Acho que já respondi parcialmente na pergunta anterior. Continuo a achar que as redes sociais têm a sua utilidade, mas elas são amplamente perversas, também. E é preciso fazer a destrinça do que é útil e do acessório. Infelizmente, a nossa sociedade, cada vez mais global e, incrivelmente, cada vez mais impessoal, caminha para uma insensibilidade nos valores, mas dando palco a muita futilidade. Pelo que continua a ser essencial mantermos a opinião própria e, mesmo que não a revelemos totalmente, pelo menos ter a certeza de que há quem saiba que a possuímos. Até porque, como na vida, jogar com as palavras ainda é uma diversão muito grande. E só o podemos fazer se tivermos o nosso pequeno palco. Eu contento-me com o meu blogue, com algumas crónicas e com a capacidade, que se vai perdendo nos tempos, de (ainda) falarmos – e rirmos - uns com os outros…
Está AQUI a nova página de fotografia do António Bettencourt e da Délia Bettencourt. Com bom gosto pleno na escolha da imagem de capa. Obrigado pelas vossas reportagens
Parabéns, Aldinha. Farias hoje 79 aninhos, e certamente irias ficar admirada e dizer que estavas velhinha. É bom ter herdado parte desse humor, mas acredita que dói não ver a tua resposta em sorriso. Beijinho, Mãe
Daqui por duas semanas estará decidido o futuro próximo do Futebol Clube do Porto. Não sendo sócio da instituição, mas um adepto convicto, que deve uma parte substancial das suas grandes emoções de vida ao emblema azul e branco, espero sinceramente que prevaleça o bom senso a quem de direito, na hora de decidir.
A criação das SAD no universo português destroçou grande parte do clubismo efetivo, e resultou no que se tem visto pelo país abaixo. Um sem número de golpadas, descontrolo financeiro, uma carrada de oportunistas e o semear constante da discórdia ajudaram ao resto. No reino do Dragão, ainda se juntou o mau momento desportivo da equipa principal de futebol, acentuando a visão de que o FCP é só aquilo. Mas não é. E pode ser que volte a não ser. Queiram os sócios e queiram a cidade e a região. Infelizmente, dos desejos à concretização há um fosso enorme de intenções e ações. Muitas delas de envergonhar o mais distraído cidadão, quanto mais o adepto convicto.
Sem alongar a prosa, tende juízo, minha gente das Antas e da Constituição. De Campanhã a Francos, há um mundo que também depende de vocês. Tende juízo
Digam o que disserem, há uma luz, um vento e uma sensação própria do corpo, que apenas a neblina matinal destas ilhas consegue reunir...
...fim de tarde no canal. Há luzes, reflexos e sons, que fazem tão só parte de nós, Ilhéus.
No domingo não consegui chegar à faena inicial d'O Capote do Ricardo e da Ana Teresa. Mas facilmente posso assegurar a qualidade dos petiscos, e a veracidade da animação, que aquele original espaço móvel terá para nos oferecer. Fico feliz sempre que vejo os meus amigos com novos desafios, e mais ainda quando sei que estão completamente à altura dos mesmos. Ainda não tenho a certeza do dia em que vou lá cair, mas deve estar para breve. Face ao que é também um novo conceito na Terceira, e onde o truque do tempero está na mão de quem cozinha. Com gosto, e para bons sabores. Muito sucesso, amigos!