Descansa em paz, Zé Manel...
Deve ter sido há uns 30 anos, e penso que estava a ajudar a ajuizar umas provas físicas para uma iniciativa escolar, no Liceu. Atrás do pavilhão dos pátios havia uma caixa de areia, onde decorriam ensaios de comprimento. Toma balanço o Zé Manel, e "manda" uns 5m40 sem técnica nenhuma, mostrando apenas a sua impulsão e poderio físico. Afinal era um dos melhores jogadores de basquetebol da região, nos vários escalões por onde passou. Muito tempo depois, trocamos impressões sobre isso. E ainda mais tempo volvido, conversamos sobre a falta de entrega dos jovens estudantes nas atividades físicas, nomeadamente nas aulas. Há um ano, encontrei o Zé Manel e outros ciclistas da nossa praça, no Aeroporto do Porto. Tinham ido pedalar para o norte do país - penso que fazer um Granfondo -, e viajamos juntos para Ponta Delgada, para onde fomos passear, fazendo horas antes de regressar a casa. O Zé Manel ouvia tudo atentamente, e tinha uma opinião vincada sobre a vida e as pessoas, que defendia com argumentos. Decidido e coerente como quando era atleta, como foi enquanto treinador, e julgo que enquanto professor só podia ser igual. Assim como junto da sua família. Acho que, nessa tarde, conversamos mais tempo seguido que nos anos todos em que nos conhecemos.
O Zé Manel partiu na madrugada passada, sem aviso. Subitamente. Mais um a quem não disse verdadeiramente como o admirava. Nas terras pequenas somos amigos das pessoas e nem damos por isso de como gostamos delas. Agora desataram a subir sem despedida. Descansa em paz, Zé. Eras um rapaz do caraças.