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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

A primeira Marcha

22.06.23, MSA

Foto Cronica 174DI JUN23 - A primeira Marcha.jpeg

Em junho de 1993, tinha 18 anos e, neste tempo de Sanjoaninas, preparava-me para entrar pela primeira vez numa Marcha. E logo na Marcha Oficial das festas, que acompanhava o tema geral “Angra a Descobrir” – “Minha Angra à descoberta, em manhã de São João”…lembram-se? -, com letra do Álamo Oliveira e música do Carlos Alberto Moniz.

Sem me expor em demasia, era um jovem (muito) angrense, bastante tímido, mas confiante nas suas capacidades atléticas para dançar, e com a certeza de que conseguia cantar sem problemas o bonito tema, sobre o qual ensaiamos durante várias semanas, orientados pela Paula Moniz e pelo José Henrique Garcia.

As Sanjoaninas de então eram diferentes – mesmo se não mudou o cheiro misturado a pipocas e algodão doce quando se desce à cidade pelo lado da Rua do Galo -, menores em dimensão e totalmente vividas no casco histórico de Angra, onde as noitadas finalizavam num sobrelotado Cais onde, imagine-se, no resto do ano se estacionavam carros quase até caírem à água.

Mas voltemos à Marcha, a primeira de várias em que “saí” – sair usa-se por cá em muitas ocasiões, significando o mesmo que “entrar” em… -, todas elas com assinatura artística igual, com a companhia de dezenas de pessoas e centenas de sorrisos, diferentes ensaiadores, roupas de todas as cores, filarmónicas diversas, mas sempre um mote comum: a alegria, razão-mor destas festas e desta gente.

Nessa já distante estreia – é verdade, já se passaram 30 anos -, era natural o nervosismo, que ainda hoje subsiste, na forma mais saudável que aquela condição pode ter, até porque íamos desfilar duas vezes, e a segunda já tarde e de alma bem acesa pela diversão…

O bombo soou, e lá nos lançamos – “quinhentista, porta aberta, sobre o mar do coração”…lembram-se? – Rua da Sé abaixo, com a emoção nos píncaros e um orgulho que só quem “sai” na Marcha é que conhece.

Como sempre, estava no grupo de trás – passar o metro e oitenta tem destas coisas… -, e havia uma “serpentina” no refrão – que tem uma história gira, porque a letra original era diferente, mas adiante… - em que fechávamos a coreografia. Na passadeira do Lusitânia, senti um puxão…o meu par – a Bé -, escorregara e chegou mesmo a cair. Puxei-a com tanta força, que acho só voltei a sentir o braço na Rua de São João. O que nos rimos à conta disso, e quantas vezes já contei o episódio. Até à Praça Velha tudo fluiu, de mãos dadas com a alegria.

“Sair” numa Marcha, nas Sanjoaninas de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, aqui no meio do mar, é uma delícia. Mas daquelas que, como qualquer iguaria, se podem adorar ou não. Afinal, na vida, há gostos para tudo. Depois de umas temporadas de paragem forçada, encontrei no grupo dos Veteranos essa alegria e esse gosto. Os autores de letra e música têm sido os mesmos Mestres do nosso São João, impondo-nos um respeito grande na defesa das suas obras. Que são depois nossas pela eternidade. O santo padroeiro deste sorrisos e folguedos assim o quer, e nós cumprimos. Desde a primeira Marcha até hoje…mesmo que esteja de chuva, que seja madrugada alta, ou que ninguém se entenda na melhor forma de organizar um desfile para todos.

Boas festas, na cidade das descobertas…

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Tourada à Corda em livro

21.06.23, MSA

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"Tourada à Corda - A bandeira de um povo" é o título do livro que hoje se apresenta - às 20h00, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro -, da autoria do José Paulo Lima e do João Edgardo Vieira, editado pela Turiscon, do José Liduíno Borba. A sessão será liderada pelo Arqº José Parreira e terá um momento musical. O mote é tão transversal quanto a nossa maneira de ser, pelo que resta aguardar pelas imagens e mensagens de uma publicação com toda a razão de sair à rua.

Forcados, ouro e amizade que pega

16.06.23, MSA

Foto Cronica 173DI JUN23 - Forcados ouro e amizade

No ano das Bodas de Ouro do Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, a uma semana de nova Feira de São João, e do dia (24 de junho) em que a comemoração será efetiva e na Praça de Toiros Ilha Terceira, tinha de dedicar algumas linhas a um coletivo de valores e coragem.

E é mesmo em jeito de brinde às dezenas de moços de forcado que envergaram a jaqueta enramada que o faço. Tendo como mote a coisa mais forte que sempre os uniu, para lá da luta e da superação na arena, e que também une tanta e tanta gente à sua volta: A amizade.

Daí que seja natural lembrar o que aconteceu há uma semana, no Tentadero da Mata da Esperança que, para lá de mais um momento de convívio, significou a vivacidade de um grupo que defende e pratica uma tradição que sofre ataques diários. E que tanto tem feito para a honrar e preservar.

Passam então 50 anos sobre a criação de um emblema maior da nossa terra, inicialmente liderado pelo João Hermínio Ferreira, que depois passou essa tarefa ao António Baldaya, de quem o Adalberto Belerique recebeu igual tarefa, assinando o seu comando mais duradouro, hoje às mãos e saber do João Pedro Ávila.

É longa a história de sucessos, bem dispostas viagens, grandes tardes e ainda maiores noites, que contrastam com perdas e percalços, coisas de vida na nobre arte de pegar toiros. Que é muito mais do que parece, que encerra muito mais do que força e técnica, e que hoje, mais do que nunca, personifica orgulho e hombridade, condições tão em falta noutras paragens.

Já perdi a conta a quantas pegas da Tertúlia terei visto ao vivo. Mas ao menos sei de cor em que praças elas aconteceram. E ainda há dias recordei uma primeira crónica taurina, após acompanhar uma deslocação ao continente, que titulei com “Alentejo rendido às vantagens da Tertúlia!”. Tudo porque o nosso valoroso grupo não se deslumbrou nesse fim-de-semana tórrido, brilhando na pequena desmontável de Vila Nova de São Bento, precisamente da mesma forma que no ninho da forcadagem, Montemor-o-Novo, onde o agrupamento local até tem nome de rua.

Repetindo a palavra orgulho, asseguro que é a que mais vezes me vem à ideia quando falo do nosso primeiro Grupo de Forcados, com letra grande como heróis da Festa Brava, berço de aficionados e família. Onde reina, de facto a amizade. Daí ter pedido ao Fernando Pavão a imagem que ilustra este texto. Que nem é de Bodas de Ouro, mas sim para celebrar a contagiante vontade de aplaudir a graça e a valentia daqueles rapazes guapos, que nos representam bem à maneira.

Parabéns ao Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense. 50 anos estão pegados. Venham toiros!

162 Forcados ouro e amizade que pega - DI 16JUN23.

Sortes e azares

15.06.23, MSA

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Se me faz confusão a proibição de publicidade ao álcool e ao tabaco, mas a permissão da mesma a milhares de sites de apostas e jogo online? Claro que me faz...e muita 😒

Pois é...faltava o GreenCafé

15.06.23, MSA

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Ainda só lá fui duas vezes, suficientes para perceber que o GreenCafé é um espaço que faltava à Terceira. Com notório bom gosto no aproveitamento do terreno, e uma amplitude a que não estávamos habituados, junta o espírito de arraial à movida dos bares e discotecas. Com condições únicas e material do melhor. Parabéns ao Paulo Melo e a toda a sua equipa. Muitas felicidades!

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Sorrisos de representar

13.06.23, MSA

Foto Cronica 172DI JUN23 - Sorrisos de Representar

Na semana passada fui ao Teatro. Já nem me lembro há quanto tempo não o fazia. Aliás, sei perfeitamente que não fui sequer a um terço das peças de teatro a que gostava de ter ido. Conclusão: Devia, e devíamos todos, ir mais vezes ao Teatro.

E fui a uma peça diferente de todas as anteriores, mesmo se já vi muitas e variadas encenações. Que, como já frisei, foram insuficientes face ao gosto que tenho em ver representar. E foi precisamente em ante-estreia, com toques de ensaio geral, que pude assistir ao debute em palco de 26 jovens terceirenses.

Deram corpo, voz e alma, a “Já tiveste uma moca honesta?”, peça elaborada por todos eles, sob a orientação da Lúcia Moniz e do seu irmão Paulo Quedas, numa ação na Gerónima - Associação Cultural, com que a conhecida atriz, uma filha da terra que a ela voltou, está apostada em fazer diferente por cá. E ainda bem que assim é.

Foi claro entender as cumplicidades criadas entre encenadores e atores fresquinhos, que a meu ver se transcenderam naquela primeira de três atuações. Acredito que nas seguintes terá sido ainda maior o à vontade, e a surpresa para a plateia, na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira.

O texto conjunto fez-me regressar aos corredores do Liceu, mesmo com todas as atualizações que o estar com os mais novos exige. Desabafos e partilhas sucederam-se de uma forma honesta e bem disposta. Afinal o Teatro é também um local de diversão. Uma diversão séria.

Rapidamente pensei em como seria útil e eficaz ter muitos jovens em muitos palcos, onde as perguntas e respostas próprias das idades loucas – as melhores que vivemos – tivessem espaço para conviver. Porque o que pude ver sobre as tábuas da Academia em tudo contrasta com gente nova parada ou sem interesses. Foi viva a energia que ali se trocou.

Eram, acima de tudo, jovens felizes e a sorrir, que ali estavam. Realizados e emocionados. Ao Afonso, à Ana, às Beatrizes, à Carlota, à Catarina, à Clara, ao Luís, à Diana, à Fabiana, à Iara, à Jacinta, ao Jaime, ao Leandro, à Leonor, à Liana, às Marias, à Mariana, às Margaridas, ao Mário, à Mafalda, ao Miguel, à Natacha, ao Paulo, à Sara, e a quem os levou ao palco, obrigado. Nunca parem.

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