A passada semana foi tempo de regresso às aulas, que começaram quase ao mesmo tempo nas ilhas todas, exceção feita à nossa Terceira, por via da tolerância de ponto concedida em altura de peregrinação e festa de Nossa Senhora dos Milagres da Serreta.
Não por milagre, e às nove e meia da manhã do dia da abertura do ano letivo, já estava a (agora) oposição socialista a “malhar” no Governo das ilhas de bruma, sobre aquele que foi o primeiro período escolar preparado de raiz pelo novo executivo. Pois ainda o dito mal tinha o nariz de fora, e já estava a levar forte e feio…
Engane-se quem pensa que agora vai ler uma carta partidária ou de defesa dos novos governantes. Nada disso. Deixem-nos trabalhar e tentar remediar bastas alarvidades que foram sendo cometidas por estes calhaus abaixo, na Educação e não só. Sendo que um dos problemas maiores, as mega-escolas herdadas do poder rosa, nem tem solução, não importando se não há dinheiro para as manter nem condições para as aproveitar por inteiro. Ninguém será chamado à pedra por isso.
O início das aulas nunca foi coisa que me agradasse por aí além. Especialmente quando percebi que a doçura da Primária, onde a querida Professora Filomena nos tornou a aprendizagem num enlevo, havia terminado. Num ápice, ali pelos 10 anos de idade, tudo passou a ser grande e mais difícil, e assim seguiu, naquela traumática realidade de que quem tinha muitas negativas perdia os anos, e assim também se faltasse muito às aulas. Verdadeiras ditaduras, isso sim…
Com o crescer da idade, haverá uma tendência natural para criticar os novos tempos, e até mesmo as novas gerações, numa escondida inveja por não se (voltar a) ter a idade dos mais pequenos e por não se terem aproveitado todas as oportunidades dos tempos de escola e facilidades afins. Também não vou por essa bitola.
Agora há uma coisa que não me retiram à maneira de ser e que tem a ver com o respeitinho, que continuo a achar muito bom, e que se não é apreendido a bem, pois que se engrosse a voz e se bata na mesa, em prol do crescimento moral dos mais incautos…e, como tal, desrespeitadores.
E isso vale para alunos impertinentes, para políticos ressabiados, para professores que não se impõem, para funcionários sem zelo, para condutores de domingo, para gestores incompetentes, para gente que não toma banho e até para avançados que falham golos de baliza aberta.
A vida é uma eterna aprendizagem, mas parece que há muito bom povo que se esqueceu das lições, dos sumários, dos princípios básicos de educação, e às vezes até de uma cábula bem feita para que as figuras tristes não sejam uma realidade da sua vida.
O regresso às aulas foi apenas um pretexto para um suspiro de algum desalento, mas fiando-me eu que as novas gerações ainda vão conseguir safar tudo isto. Afinal eles já não chumbam por faltas, e têm mais acesso ao mundo do que eu alguma vez tive. Não se podem é esquecer do carregador em casa…