Quando, há uns cinco anos, se juntou um grupo de interessados para delinear o que seria a primeira prova de Trail Running na Ilha Terceira houve duas coisas que ninguém adivinharia. Primeiro que demorasse tanto a efetivar-se o evento. E depois que, quando tudo estava encaminhado, a maldita pandemia condicionasse as duas primeiras edições.
Há uns 15 dias aconteceu o 1º Bravos Podcast, um episódio online - na página do evento - com as primeiras nuances do que será a prova deste ano, a primeira aparentemente "livre" dos condicionalismos que a pandemia impôs às duas primeiras, e que só valorizaram o esforço e o trabalho de quem, partindo do zero, se dispôs a tão árdua tarefa.
Para que o público menos informado entenda, pôr (fora de) estrada uma prova de Trail Running implica uma preparação de meses, uma intensa atividade logística, com uma aturada marcação do(s) percurso(s), a sua divulgação dentro e fora de portas, a angariação de apoios e de voluntários, para lá dos rasgos de imaginação que possam fazer a diferença do certame, numa realidade em expansão constante, como é a do Trail Running, em que as ofertas se multiplicam pelo país e pelo mundo.
Ou seja, o facto de vivermos num pequeno paraíso atlântico, onde os locais desconhecem grande parte das belezas naturais da sua própria ilha, é apenas um pormenor, abraçado à necessária pedagogia de explicar a real valência de ter por cá um acontecimento do género.
Para além da divulgação de âmbito turístico dos Açores e da Terceira, e sendo que ambos os municípios da ilha apoiam a Associação de Atletismo - assim como agora a Câmara do Comércio também o fará -, a par de várias empresas e entidades, fica a informação básica do que algumas centenas de atletas poderão encontrar: Quatro distâncias a percorrer, os 15km com partida no Posto Santo; os 30km com partida nos Biscoitos; os 60km com partida no Clube de Golfe e os 95km com partida na Praia da Vitória. Todas elas rumando a Angra do Heroísmo, para onde os corredores vão descer desde a Serra do Morião (Nasce Água), num cenário ímpar de que tanta gente nunca desfrutou. Isto depois de passarem em locais ermos e de beleza desconcertante.
Vem este texto também apelar à participação dos terceirenses no evento, não apenas como atletas - até porque dá mais do que tempo de se prepararem minimamente para a corrida mais curta -, mas apoiando o mesmo, acompanhando a passagem dos atletas pela cidade património, e fazendo a festa que se pretende a quem nos visita e a quem é nosso.
Este Azores Bravos Trail é também um sinónimo da capacidade que esta terra tem em fazer coisas, com enfoque na diversão, mas sustentando a própria economia e dando-nos conhecer pelos melhores motivos. Isso sim, é bravura!