Takes de Segunda #51


Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Nestes tempos de Entrudo sem Entrudo surgem várias manifestações a comprovar o nosso gosto inato por esta quadra festiva, sem dúvida a melhor de todas. Tiro o chapéu ao pessoal do "Queijo Vaquinha" pela imaginação, simplicidade e graça do breve Bailinho que nos ofereceram. A cura e o sabor não podiam estar melhores. Parabéns!
Nas Camélias, dois grandes campeões lembram o legado de outros grandes campeões. Os ralis têm isto de belo...
Nunca gostei de brincar às guerras, nem sequer aos índios e aos cowboys. Não apagando a História, que se regozija com as grandes batalhas, é uma pena que os Homens aprendam apenas a replicar-lhe os erros. E a guerra é o maior de todos eles...
Quem, até há uns vinte e muitos anos, numa certa semana de fevereiro, descesse a Rua da Sé pelo lado da Catedral dos Açores, arriscava-se a chegar ao canto da Sapataria Aliança encharcado que nem um pinto. Era também assim porque, antigamente, se atirava água no Carnaval. E não era pouca.
Antes do caro leitor chamar selvagens aos quarentões/cinquentões – e seguintes - do concelho de Angra, recordo que, hoje, há jovens que dobram a noite agarrados a consolas a simular homicídios, ataques terroristas e atropelamentos fatais. Ou seja, uns saquinhos de água não traziam assim tanto mal ao mundo…
Mas o certo é, tal como por alturas de São João, também nos dias que antecedem o Entrudo o nosso organismo dá sinal de festa. Até aos anos 90, esta era também uma época em que chegar a casa todo molhado, mesmo em tardes de sol, seria perfeitamente habitual.
Primeiro, porque se organizavam, em menos de um espirro, verdadeiras batalhas de sacos de água. E depois porque qualquer intervalo das aulas servia para ir alagar os parceiros mais incautos. Assim num nível superior às emoções antes vividas com as fonas-de-porca ou com as bombinhas de sete-e-meio. É impressão minha, ou há gente que não percebeu nada desta última frase?...
Era habitual que grupos de amigos percorressem – de carro ou de moto – as artérias da cidade e arredores, com extintores – normalmente vindos da Base, não sei bem como… - cheios de água, depois regularmente esvaziados para cima do cidadão comum. Num misto de aventura, rebeldia e fuga às autoridades. Era assim e já prescreveu.
Claro que nem sempre a coisa tinha graça. Até porque levar um banho de água é como perder o sentido de humor…quando a piada é a gozar connosco! Mas já me fui desviando do centro da nossa cidade-património que, naquela altura ainda bem marcada pelas ruínas do Sismo de 80, tinha neste aproximar do Carnaval essa característica muito própria. E ir para os degraus da Sé sem roupa de água era mesmo estar a pedi-las. Devia-se levar, pelo menos, uma daquelas capas de duas cores que se vendiam no Golfe.
Numa das varandas haveria certamente um penico, um par de cornos e um rolo de papel higiénico. E ao lado estaria um altifalante a anunciar a Tourada dos Estudantes. Com pasodobles e sambas de gerações passadas. Mesmo porque eram outros tempos, em que para lá do Domingo Gordo, também as cervejas se apresentavam rechonchudas.
Como a vida não anda para trás, e porque temos de cumprir novas regras, hoje restará apenas a vontade de molhar fortemente algumas pessoas que nos irritam. E que teriam de aceitar a partida. Porque no Carnaval ninguém leva a mal…
Os ralis novamente de luto, e por um dos melhores. O Dr. Miguel Oliveira criou a mais carismática equipa nacional de sempre - a Diabolique Motorsport - e foi navegador campeão com o grande Joaquim Santos. Descanse em paz, obrigado por tudo
143 anos com carradas de talento
António Sala e Olga Cardoso, dois enormes craques da Rádio nacional, estiveram esta manhã no "Casa Feliz", da SIC. Ainda não vi, mas vou ver. E, assim de repente, lembrei-me de ter levado o meu walkman Sony - c/rádio - numa viagem do Atletismo a Lisboa, para bem cedinho ouvir o "Despertar", na Renascença. O ritmo era frenético, e a cadência tão própria que ainda ouço o relógio. Pelo país fora. Foi há uns 30 anos, e esta gente merece tudo.