Bom ano!

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Seis na pá, diz-se cá por cima 💙
Os restos do peru já se foram e, certamente, haverá ainda bolos-rei intocados em várias residências portuguesas e açorianas – sim, nada de centralismos nesta página… -, sinal de que o fim do ano está aí à porta, sendo que a diversão pública prevista se vai resumir a ver fogo de artifício pela janela. Mas não há que usar de negativismos quando temos 12 meses por estrear ali ao virar da esquina, mesmo se a sova psicológica que 2020 já nos dera criou naturais anticorpos na hora de antever um novo período. Mesmo sem querermos falar sobre a pandemia, os condicionalismos levam-nos, a toda a hora, à sua inclusão nas conversas e desabafos. Assim, e nos cinco últimos parágrafos de 2021, será de recordar que, em março do ano passado, toda esta difícil realidade nos apanhou quase distraídos. Pelos meses fora as reações foram diversas, as medidas oficiais foram-se adaptando a solicitações e necessidades sem número, a economia tremeu, muitas coisas caíram e, pior que tudo, perderam-se vidas. As teorias da conspiração multiplicaram-se mundo abaixo, sendo que já haveria previsões de tudo isto, haverá chefes mundiais – não os responsáveis políticos por países, mas sim gente que manda mesmo… - a gerir toda a parafernália de bens e ferramentas médicas e, pasme-se, até continua a haver quem se recuse a aceitar a trama, não querendo vacinas, testes nem nada que cheire a Covid-19. Vai daí, recorrer à expressão “vida velha” – mais do que chamar à atenção para o texto – tem a ver com uma verdade que é impossível de esconder: Houve uma regressão, fruto também de mais uma estirpe – quantas mais aparecerão? – do aborrecido vírus, e os sorrisos de verão viraram sobrancelhas preocupadas de inverno. Contudo, há uma coisa de que não nos podemos desresponsabilizar, e que tem a ver com a nossa atuação como cidadãos, com os pequenos-grandes passos que nos cabem no dia a dia, que não resolvem, mas atenuam. Que não fazem cessar, mas que afastam o momento da propagação crescente por horas ou dias. Talvez até em definitivo. Assim, o costumado desejo de feliz ano novo, facilmente se transforma na repetição de um continuado apelo, porque somos nós a fazer da sociedade o que ela é. E o respeito pelos outros devia ainda ser uma máxima absoluta, de uso exagerado e desmedido. 2022 está mesmo aí, e temos de ser nós a recebê-lo com a cabeça no lugar. É que os novos anos têm andado com uma tendência para surpresas, que não vos digo nada…
84. Parabéns, Presidente!
Natal, festa da família
ps - agora de tarde é só corajosos, isto foi de manhã!
A Festa Brava ficou ontem mais pobre com a partida do Maestro António Badajoz, valoroso toureiro, cujos recursos técnicos, coragem e arte deliciaram os redondeís do mundo. Padrinho de alternativa do nosso bandarilheiro Rogério Silva - que depois apadrinhou o sobrinho João Pedro -, Badajoz tem um lugar de mérito na história da Tauromaquia. Que Deus o guarde em bom lugar.
Porque nestes dias de presépios e fatias douradas, surge o nosso menino pequeno, que volta a sentir os beijos, os afagos e o sabor das saudades...
A época natalícia provoca-nos um conjunto de sensações que mais nenhuma altura do ano consegue juntar.
Mesmo que, pelo início das aulas, nos surja um cheiro a livros novos e lápis de cor; que no quente do verão a ressalga e o sol nos façam viajar uns anos atrás; ou que, pelos dias do São João, as pipocas e o algodão doce despertem um andar miúdo de criança.
A cada Natal que passa, e para lá das renovações do Cartão de Cidadão – cuja validade aumenta, enquanto a vida diminui –, evocam-se desejos e lugares comuns, mas a verdade é que continua a ser uma altura de reencontros, saudades e resoluções. Mesmo que pecando pela repetição, afinal, e no ano seguinte, se Deus quiser, cá estaremos todos. Novamente.
Não avanço sequer o que penso sobre as atuais motivações dos festejos em torno do nascimento de Jesus. O texto seria frio demais, e eu até sou uma pessoa acalorada. Mas o pico de vendas há muito que substituiu o carinho, a mensagem de amor deu lugar aos vouchers e ofertas imperdíveis para impulsionar o consumo, e até o lar de família se quer substituído pelas aldeias e vilas-Natal, onde a canalha sempre tira menos o juízo aos pais.
A festa de confraternização que nos criava uma ansiedade miudinha, que durava semanas e que quase só ia embora com o novo ano, é agora uma organização com fins lucrativos, onde as várias entidades tentam esmifrar aquilo que foi recebido a dobrar em novembro.
O contraste do que são a efetiva solidariedade e a vida real até se pode assistir na Missa do Galo. Pois se continua gente sem comer àquela hora, outros benzem a alma com luvas quentes, sobretudos novos e caxemiras.
E assim se passará mais um Natal, em que alguns irão devolver prendas “que não serviram” mal as lojas abram – isto após a digestão do peru e revirada que esteja a roupa velha -, enquanto outros, mais expeditos, aguardarão pelos Reis, na esperança de que os Saldos lhes possam melhorar o guarda roupa.
Resta pensar que, nestes tempos pandémicos e de incertezas, os cabazes e demais esmolas tenham podido debelar temporariamente a falta diária dos estômagos mais necessitados.
As importadas imagens de neve e alegria costumavam amaciar-me a alma. As luzes cintilantes eram um tónico para o olhar. Mas cada vez o são menos. E até percebi que não fui eu a amargar, o mundo é que se vestiu de felpa confortável para, por umas semanas, apenas disfarçar os remendos. Saibamos, pois, aproveitar o conforto do Natal.
Marcelo Rebelo de Sousa concedeu cinco indultos a reclusos "por razões humanitárias", na sequência de uma proposta da Ministra da Justiça. Joãozinho, já fostes!
A época natalícia é sempre uma boa ocasião para os vários articulistas da opinião pública produzirem excelentes textos. Este escrito do Dr. Mota Amaral é um cabal exemplo disso...
Li na semana passada que a frase mais dita por estes dias ia ser "...então, um Bom Natal, se a gente não se vir". E, quando dei por mim, já a tinha dito três vezes. Ó previsibilidade, a quanto obrigas