Sean Connery (1930-2020)
No rumar à perfeição, houve Sean Connery e depois uns senhores que fizeram de James Bond.
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No rumar à perfeição, houve Sean Connery e depois uns senhores que fizeram de James Bond.
As pessoas perderam o rosto e o sorriso. Os míopes vagueiam no desrespeito de lentes embaciadas. E, do meio da neblina pandémica, surge uma namorada atenta, que compra uma máscara mais fininha e leve, abrindo outro horizonte à tarde portuense. Não quero distanciamento de ti, Fátima Lenir.
Te amo.
Se, especialmente nos ultimos dez anos, os açorianos se tivessem preocupado em escrutinar os desmandos e desvarios do governo regional como o fazem em torno dos resultados de domingo, talvez a preocupante realidade em que vivemos fosse menos assustadora.
A tonta expressão "prá frente é que é caminho" transformou-se no engulho da década.
Quando se esfrangalha um plantel vencedor, se mantêm gestores de índole duvidosa, e se alimenta o mau perder como uma característica inata, o mais certo é a fachada começar a ruir. Nunca fui portista pelo seguidismo, mas cada vez mais me decepciono com as pessoas...
Que a maior parte das pessoas trata (d)a política com uma clubite atroz, já eu tinha a certeza. Agora esta postura de ir buscar a bola ao fundo da baliza e insistir que não foi golo do adversário é que não consigo entender. Felizmente, há mais vida do que o resultado no marcador... ☺
Nem de propósito. É já a seguir, de coração apertado e feliz...
Os resultados eleitorais de domingo foram uma meia surpresa, cabendo-lhes a originalidade de terem posto os principais atores da política regional a passar uma noite agitada, visando decidir na segunda feira o que, efetivamente, iam fazer da sua vida. E acredito que alguns ainda nem saberão.
A perda da maioria absoluta era um desejo velado de muitos açorianos. Desde os que o puderam manifestar publicamente ao mais precário dos recém-colocados jovens pelas vias que todos conhecemos. A dimensão da máquina da administração pública – e agregados - tornou os Açores, nas últimas duas décadas, num conjunto social de abnegação e agradecimentos, como se os governantes não fossem nomeados e pagos para nos proporcionar melhores condições de vida.
A verdade é que, muito mais do que alguma vez tinha existido – e desafio quem quiser a vir refutar esta afirmação -, o beija-mão instituiu-se no arquipélago. Nada mais se fez sem que fosse necessário um favor, um empurrão ou uma outra qualquer distinção oficial. O modus operandi assenta numa dependência do poder que é extrema e, na minha sincera opinião, assustadora.
E nem se podem acusar diretamente os protagonistas da situação. É da verdade comum, que quem fica tempo demais num cargo ou numa posição dominante, ganha vícios, sobem-lhe coisas más à cabeça, instala-se regiamente e, vai daí, é o que se tem visto. Mas podem-se acusar os açorianos preguiçosos na hora de mostrar apreço ou protesto. Nisso, nunca mudarei de opinião. Mau grado a vergonha de não termos um número real de eleitores face à população efetiva, mais de metade nem se digna a mexer o rabo para se manifestar civicamente. No domingo, demorei dois minutos a votar. É imperdoável haver quem não o faça. E poupem-me à teoria de que essa é uma forma de marcar posição. É coisa de calão, isso sim.
Como tenho feito ultimamente, e vou-me dando muito bem com a opção, tratar as coisas pela rama vai sendo uma defesa propositada. Além de que passei a escrever estes desabafos de uma pernada e em poucos minutos. É um consolo. Podia agora desfiar um rol de números e teorias sobre o que se passou nas urnas, o que daí poderá resultar e as agruras que o tempo pandémico ainda tem para nos apoquentar. Deixo isso para os comentadores políticos no ativo, mesmo adivinhando que alguns nem vão tugir nas próximas semanas.
Umas horas depois de apuradas as contagens, houve três conclusões rápidas que me afloraram a sensibilidade: 1) Ninguém deve ter votado no “Chega”, afinal aqueles 5% foram obra e graça divina. 2) Os vencedores foram os vencidos, e vice versa. 3) O uso de máscara parece ter desinibido muita gente, na altura de fazer a cruzinha.
Também não vou esmiuçar estas três frases meio tontas. Mas medo de políticos que se intitulam extremistas e que vão cortar a direito e mais não sei o quê, nem nos filmes sinto. Vão engolir-se a si próprios, não tarda muito. Tenho muito mais receio do totalitarismo vigente em que se vive nuns Açores cheios de capacidades e motivos de orgulho. Mas que estão politizados dos pés à cabeça. E isso não é liberdade.
Mesmo que, com os resultados de domingo, tenha vindo um claro aviso da democracia, há muito mais a fazer. E começa por nós, cidadãos, e por aprendermos a separar o que é populismo do que é necessidade. Tal qual se faz com o lixo doméstico. A saúde pública também passa por mentes livres e sinceramente altruístas. Talvez por aí se avance, de facto…
Fazer uma análise transversal à sociedade açoriana dos dias de hoje não é assim um bicho de sete cabeças. De Santa Maria ao Corvo, há coisas que se replicam e espalham, à dimensão de cada uma das nossas belas parcelas de rocha. Não será bem matemática pura, mas aproxima-se, sendo que inclui os sentimentos e os anseios de uma população.
Uma população que é bem mais informada do que por aí consta. Uma população que ultrapassa em muito os intentos de achincalho de um comediante milionário, que debita o que uma equipa lhe escreve. Uma população que sabe como se passam as coisas, mesmo que, amiúde, semicerre os olhos. No fundo, uma população que se sente encurralada entre o poderio da máquina que a governa e as queixas que tem para fazer.
Dizer que tudo está mal feito nos Açores de agora é pura ignorância. Dizer que não evoluímos é desconhecer a realidade destas pedras negras no Atlântico. Mas há uma verdade que nos prende ao fundo, com as malhas da desigualdade a impedirem tanta e tanta gente de prosperar. Tudo porque, nos Açores de agora, não convém que a capacidade de pensar pela própria cabeça venha para as ruas. É até melhor que mantenha o confinamento. Num medo pequenino, como as mentes de muitos dos que nos governam. Mas que se governam à grande.
Não escrevo isto por estarmos a poucas horas de votar. Já passei essa fase e, para minha felicidade, ninguém me encomenda sermões. Sempre que se chegam os tempos de eleições, lembro-me das conversas que, ainda criança, tinha com o meu avô materno, um socialista convicto, que lutou pela liberdade e que cedo se quis afastar da política, quando percebeu o mau aproveitamento que tantos fizeram dos novos tempos e realidades.
Aos novos tempos e realidades, seguiram-se outros ainda mais recentes, em que a crise de valores subiu na tabela. Instalando-se lá em cima, assente num conjunto de números e dados, que habilidosamente nos atiram aos olhos, em passes de mágica e falta de sinceridade. Como se todos vivêssemos a leste do arquipélago.
Seria tão fácil preencher estas linhas com as siglas e os slogans que quero ver com bons resultados nas urnas de domingo. Como tenho visto tanta gente, em passo de corrida, fazer nos últimos dias. Gente que, em tempos normais não emite opinião, mas que naturalmente não quer perder o poiso conseguido com árduo trabalho. Ou nem sequer.
Faço apenas um breve apelo à consciência de cada um. Olhem à sua volta, e vejam se é assim que querem continuar. Com o tal medo pequenino, as tais mentes a mandar no terreiro, e a voz própria guardada no abrigo da incerteza. E, pelo menos, vão votar.
No regresso dos ralis açorianos, que ocorreu no passado sábado, João Borges e Sandro Sousa dominaram o 31º Rali Ilha Azul.
A prova do Clube Automóvel do Faial interrompeu uma série de sete meses sem provas automobilísticas na Região.
O Miguel Sousa Azevedo esteve no Faial e traz-nos uma completa reportagem sobre a prova.