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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

29.Jun.20

Amigos

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Há quase duas décadas, disse-me um amigo - mais novo uns três anos que eu - que os verdadeiros amigos se fazem até uma certa altura da vida, e que depois disso só conhecemos pessoas. Até concordei, mas sem pensar muito no assunto. A génese da sua observação não estava errada, afinal as vivências comuns resultam muitas vezes em amizades duradouras. Ou não. Com a idade e a quilometragem a subirem de valor, entendo que é sempre tempo de fazer novos amigos. E, no recente recolhimento a que uma pandemia nos obrigou, foi fácil entender quem nos faz verdadeiramente falta. Nunca fui de grandes e insistentes contatos com ninguém. É maneira de ser, e por vezes só as novas ferramentas originam trocas breves. Contudo sentidas. Porque, para mim, é nisso apenas que assentam as ligações. Que não as de sangue, mas as que se fazem pelos calendários fora. À mercê dos acasos, das separações, das alegrias e tristezas. O amigo é gente que nos toca e que nos provoca sorrisos. Caso contrário é apenas mais um nome na agenda. Que se preza e cuida, mas que não aperta o peito de saudade. Vivemos uma fase nova. Uma realidade em que tudo foi questionado e em que houve vagar para aferir muita coisa. A amizade é, efetivamente, uma das nossas âncoras fortes. Não para impedir as viagens, mas para precaver que as ondas mais fortes nos façam bater na costa. No mar da vida, há sempre que atenuar o destino traçado...

28.Jun.20

Em branco...

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Qualquer dia não podemos começar as coisas com uma folha em branco. Vai ser discriminação racial.

Haja paciência para tanta tolice extremada...

28.Jun.20

Sanjoaninas 2020 foram no RCA

 

Ontem terminou a nossa semana de Sanjoaninas virtuais no Rádio Clube de Angra. Com umas dezenas de convidados em antena e evocando o que teriam sido 10 dias de alegria na cidade património mundial dos Açores.
Hoje posso partilhar que a ideia foi minha, prontamente acolhida por um leque de colaboradores generosos e que honram a camisola da nossa velhinha estação de rádio, tantas vezes esquecida, mesmo se também muito acarinhada.
Este sentido de serviço público faz parte da nossa forma de ver a comunicação. E, nestes 9 dias contínuos de diretos em não-festa, foi novamente isso que nos fez trabalhar. Obrigado a todos e novamente parabéns RCA.

 

28.Jun.20

Jornalismo. Teletrabalho em discussão

Cartaz Teletrabalho CCPJK.jpg

A Agência Lusa, em parceria com a CCPJ – Comissão da Carteira Profissional de Jornalista e o Sindicato de Jornalistas, convida a assistir à conferência online do próximo dia 30 de junho, pelas 11h.


PROGRAMA

1 // Divulgação de resultados preliminares do inquérito “Efeitos do estado de emergência no Jornalismo”, por Carlos Camponez, coordenador do estudo promovido pelas Universidades de Coimbra, de Lisboa e do Minho

2 // A relação do teletrabalho com:

  • As práticas jornalísticas, por Luísa Meireles, Diretora de Informação da Lusa
  • O relacionamento com as fontes, por Alexandre Martins, Conselho de Redação do Público
  • As questões ético-deontológicas, por Leonete Botelho, presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista
  • Os desafios para o jornalismo e os jornalistas, por Sofia Branco, presidente do Sindicato dos Jornalistas

Debate com moderação de Vítor Costa, Diretor-Adjunto de Informação da Lusa

3 //  Impacto do teletrabalho na qualidade da informação produzida – o ponto de vista dos cidadãos, por Jorge Wemans, Provedor do Telespetador.

 

24.Jun.20

São João, ai saudades de ti

Foto Cronica 108DI JUN20 - São João, ai saudades

O nascer do sol na manhã de São João é sempre um momento diferente. Já o vivi na Foz do Douro (Porto) mas, essencialmente, esse é um retrato recorrente de muitas Sanjoaninas. As nossas festas maiores, este ano roubadas pela maldita pandemia.

Em entrevistas, conversas e partilhas, quase nunca consigo explicar o que se sente nas festas deste nosso santo roliço e folgazão. Porque é preciso perceber a cidade de Angra e a entrega dos locais à diversão para aferir esse gosto. Um gosto que temos de sobra, e que às vezes quase nos prega a partida do excesso de alegria.

E depois há as Marchas, que este ano teriam voltado à sua condição de noite única, fazendo as pazes com as tontices políticas, porque também as festas acontecem da tentativa e do erro. E nisso, Angra é sempre um quebra-cabeças, já que a folia vai sendo mutável, mudando e girando periodicamente.

São também sinais de que, para lá do espectro económico e das valências do turismo, a vontade popular é forte. E por muito que festividades concelhias e afins sejam uma valente bandeira eleitoral – bem mais do que deviam - é certo que, também quem decide, terá orgulho no que prepara para o seu povo, engalanando a cidade, e oferecendo as cores e as emoções ao padroeiro da galhofa.

Mas desçamos às ruas, para tentar sossegar este aperto no peito por não estarmos em plenas Sanjoaninas. Há uma melancolia latente e surda. Quase tão latente e surda como esse sacana desse vírus que vai revirando o mundo. Só que aqui, o cuidado paliativo é pensar já nas festas do ano que vem.

Há memórias de menino que se tornam realidades de adulto, e a que as festas dão um tamanho exagerado, fazendo bater os corações mais depressa. Uma coisa tão simples como o cheiro das pipocas e do algodão doce, ao chegar à Praça Velha.

Nestes dias, por norma e por afeto, há sempre um manto petisqueiro a cobrir a cidade. São tardes e madrugadas seguidas, onde até o cansaço se mostra ternurento. Porque somos assim, e assim queremos continuar. Haverá gente como esta em várias partes do mundo, mas a da festa é mesmo muito nossa. E é junto a ela que sussurramos: São João, ai saudades de ti…

98 São João, ai saudades de ti - DI 24JUN20.jpg

 

22.Jun.20

Não há festa, inventa-se... (RCA)

RCA0.jpgNão há festa, inventa-se. E foi isso que fez o Rádio Clube de Angra. Desde sexta feira, quem sintonizar a Voz da Terceira até pensará que as Sanjoaninas 2020 vieram à rua. Foi a nossa forma de compensar esta gente de alegrias, homenageando quem faz a festa e quem a gosta de viver. A juntar à equipa que já leva 3 dias de diretos, eu e o Pedro Ferreira assumimos de hoje até sexta o espaço 18/21h, sempre na Esplanada da Central. Estejam connosco!

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21.Jun.20

Tentação

aerogare.jpgAterrei há bocadinho na Terceira. Não sei de onde vem mas, mal saí da aerogare, havia um intenso cheiro a sardinhas. A brisa mistura-se com sede de festa. Esta terra é sempre uma imensa tentação... 🙂 

 

20.Jun.20

Media

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A morte de uma figura pública tem feito, ao longo do dia, uma destrinça entre lixo informativo e comunicação social. Seguindo o pior exemplo de vários países, Portugal já consegue ter uma imensa mol de bodegas noticiosas, que usurpam a dor alheia, esmagam o respeito e conspurcam todos os imensos meios de difusão. É isto que andamos a alimentar... 

 

19.Jun.20

Nervoso de festa

Sanjoaninas RL.jpg

Há uma boa meia dúzia de anos que apenas sigo o cortejo de abertura das Sanjoaninas pela televisão. Mas hoje seria um dia de nervoso miudinho. Angra estaria inquieta pela folia do seu Santo festivo. E cada um de nós, pelas mais diversas razões, alinharíamos direitinhos atrás dos propósitos da cidade. Como se de uma Marcha se tratasse...

(Foto: Ricardo Laureano)

18.Jun.20

Álamo, a letra da nossa gente

Foto Cronica 107DI JUN20 - Álamo, a letra da noss

Nesta quarta feira, o nosso “DI” publicou uma muito concisa entrevista com Álamo Oliveira, escritor, poeta e dramaturgo terceirense, em tempo de comemorar 75 anos de vida, que completou no início do mês passado. O diálogo entre o artista e a jornalista Helena Fagundes quase resume todas aquelas décadas de criação literária. Tendo o condão de, sem fazer citações, despertar a curiosidade para a sua escrita. E entrevistar também é isso.

Dono de um sentido orientador muito puro entre a ruralidade e o urbano, que foi temperando com uma riqueza de sentimentos que, de forma magistral, passou ao papel, Álamo Oliveira será o autor que mais influenciou as gerações recentes destas terras. De forma brilhante e subliminar, o que considero a maior recompensa para quem escreve.

A sua obra mostra-se transversal ao nosso sentir, mesmo se há uma presente contemporaneidade no que escreve. Esse é outro elogio para os autores. Serem intemporais. E o Álamo consegue-o num poema, numa rima de festa, num parágrafo solto de um livro ou no contexto político de uma peça de Teatro. Ficar-lhe indiferente é uma imensa dificuldade.

No fundo, teve uma infância e uma juventude igual à de centenas e centenas de açorianos, mas que a veia criativa permitiu ler de uma outra maneira. Guardou memórias e sabores, que soube transcrever com um paladar que agrada. Confesso que invejo – num sentido positivo – quem tem a capacidade de eternizar as suas vivências e o ar que as rodeia. Ainda mais com palavras, vírgulas e pontos, por entre as quais passeamos com prazer.

Não estarei a exagerar se, em tempos de São João, considerar que o Álamo escreveu a letra da nossa gente. Apontando talvez a sua faceta mais popular, e que mais rapidamente todos identificam. Ou vão passar a identificar. Falo dos imensos poemas que criou para as marchas e similares que nos alegram os dias. E que, nesta altura manchada de pandemia, recordamos com ainda mais saudade.

É lícito dizer que Álamo Oliveira deu voz à alegria deste povo, rimando aromas e sentimentos, que se eternizam a cada madrugada festiva dançada com o Santo padroeiro daquele reboliço que nos caracteriza. Atribuiu novos sentidos a várias expressões, recriando-as de um modo natural. E só os grandes fazem isso.

Há quase 25 anos, após um animado jantar que encerrava um concurso literário – ainda existem, nos Açores? -, no qual o autor partilhava as vezes de júri com o ator Belarmino Ramos e a saudosa professora Luísa de Ávila, agradeci-lhe o gosto de já ter marchado as suas letras em temas que não têm data. Foi um agradecimento tonto, como tontos ficamos sempre que a vida nos sabe inebriar por boas razões. E poder viver a criação literária de Álamo Oliveira é uma delas. Parabéns e – novamente - obrigado.

97 Álamo, a letra da nossa gente - DI 18JUN20.jpg

 

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