O título destas linhas tem duas leituras. A mais natural, enternecedora e desejosa de um mundo melhor e mais coeso. E a outra, que encerra um repto assutado porque, efetivamente, é de conflitos constantes que se vão fazendo os nossos dias. Cada vez mais.
Era previsível que a pandemia que varre o planeta causasse danos bem acima do que diz respeito à saúde pública. Agora, é a necessária retoma da economia a estar, de forma natural, à cabeça de todas as questões, porquanto quem não morrer da doença, poderá vir a morrer da cura. Cruamente, é mesmo assim. Enquanto as buscas por vacinas e curas se fazem. E o seu contrário também, certamente.
As sucessivas atualizações dos números da Covid-19, entre mortes e recuperações, fizeram banalizar o facto de se tratar de uma batalha surda, onde as diferentes formas de gerir e atenuar as suas consequências se foram sobrepondo ao que nos deve ligar entre todos, como pessoas e seres de bem. Ativamente pessoas de bem, atente-se.
Como em todas as crises, esta também fez sobressair as qualidades e os defeitos de cada um. E, depois de quarentenas, confinamentos, adaptações e novidades, vão surgindo os esperados extremismos, endeusando-se algumas personalidades para crucificar outras tantas. Faz parte da nossa tonta natureza (humana), e infelizmente já são coisas com que temos sempre de contar, não sendo sequer preciso citar aquela conversa mordaz do Perdão do Senhor...
Realmente, o amor ao próximo pode – e devia - manifestar-se de várias formas. Neste tempo pandémico ele surgiu em força, mas o seu inverso sublimou-se. Os ataques pessoais e as verdadeiras guerrilhas que um colapso mundial pode despertar arrepiam quem (ainda) se sente. Mesmo se há muitos a assobiar para o lado.
Nesse particular, e sem desbaratar o profissionalismo dos que, no terreno, fazem o seu trabalho da melhor forma - e sabe-se lá com que condições -, os açorianos têm sido, com a tremenda politização oficial deste drama, levados no bico com uma eficácia tremenda. Caem que nem patinhos num verdadeiro estender caminho aos ódios e certezas absolutas.
Todos, dos partidos à igreja, com várias classes profissionais à mistura, têm contribuído para um desamor imenso, onde esta ou aquela campanha solidária disfarça o recheio completo do pacote. Que tristeza. É que, afinal, este mundo precisa tanto de amor…