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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

Toiros na rua!

16.07.18, MSA

Foto Artigo MSAzevedo PGIL.JPG

Foto: Paulo Gil

 

Costumo dizer, em jeito de graça, que maio é o meu mês forte nas touradas à corda. Tudo porque, com o abrir do mês, retoma-se o hábito tão terceirense de percorrer os arraiais, acompanhando as nossas festas e, naturalmente, as nossas touradas à corda. É assim até meio de outubro, sendo impossível ficar indiferente à animação e ao colorido de uma tarde de toiros e de toda a sua envolvência. E se, em maio, passo por várias delas, também é certo que nos meses seguinte me desligo um pouco. Cada um tem a sua forma de viver as festas, e nem sempre a disponibilidade surge. Apesar das solicitações naturais de uma terra de portas abertas ao convívio alegre e são, cujo expoente máximo se pode verificar nas touradas à corda.

Ainda assim, há arraiais e locais onde, com grupos certos de amigos, quase nunca falho. A Fonte da Ribeirinha, a começar, Canada de Belém, Pico da Urze, a fortíssima segunda feira dos Altares, Carreirinha, Outeiro, Posto Santo, Guarita, Areal da Praia, Lameirinho, Porto dos Biscoitos, Porto Martins e, claro, São Carlos.

Há muitos anos que não vou ao Porto de São Fernando, tenho imensas saudades das festas de família na Penha de França, recordo tardes com muita graça na Espera de Gado (Sanjoaninas), no Raminho, na recuperada Tourada da Pedreira (Avenidas), ou já de noite na Vila Nova.

É preciso viver, desde o amanhecer, um dia de tourada à corda, para lhe entendermos a vivacidade e a alegria. Em tempos de mútuos ataques às tradições taurinas, não haverá como a hospitalidade e o sorriso para combater quem não entende - ou não quer entender - que esta é uma festa só nossa. E que ninguém nos vai tirar.

A recente ideia de candidatar as touradas à corda a Património Imaterial da UNESCO foi alvo de críticas tão infundadas como uma mesa de festa sem favas escoadas. Mais do que explicar seja o que for sobre a tourada à corda, pretendo motivar os seus defensores a fazê-lo com inteligência e educação. Apenas juntos, e com a elevação mais digna, se podem garantir as tradições. Tudo o resto será ruído. E, nestas coisas dos toiros na rua, o único barulho que queremos é o do foguete no céu, dos gritos de emoção nas varandas e do citar firme dos capinhas. Pronto, e de uma ou outra garrafa ou iguaria sonante, já em toque de repique, na cantoria de um quinto toiro...

 

(Artigo publicado na edição nº22 da Revista "Festa na Ilha" - Tertúlia Tauromáquica Terceirense)

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