Musical
Só falta agora que, por essas ilhas abaixo, se ponham a fazer barulho e a falar alto nos concertos do Zambujo...
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Só falta agora que, por essas ilhas abaixo, se ponham a fazer barulho e a falar alto nos concertos do Zambujo...
Cumprem-se hoje as Bodas de Prata sobre a estreia oficial de Gustavo Louro nos Ralis, acontecida precisamente a 13 de março, aquando da 12ª edição do Rali Sical, prova que abria o campeonato açoriano de 1993. O jovem piloto terceirense, acompanhado por Duarte Silva - que seria o seu navegador nas primeiras três temporadas da carreira -, foi para estrada com o número 19 nas portas do Renault 5 GT Turbo, sendo que contava igualmente 19 anos de idade, completados em janeiro. Feitas as contas finais de um rali emocionante, a vitória não lhe escapou...e por 19 segundos de vantagem, face ao favorito, e campeão regional em título, Luís Pimentel, no possante Mitsubishi Galant VR4. Que aliás seria novamente campeão nesse ano...e no seguinte.
Apesar de ter sido a sua primeira prova oficial, aliada à inédita vitória logo na primeira saída, a verdade é que a estreia do Gustavo já era aguardada há muito tempo. E sempre recordando que, nessa altura, havia três ralis por anos na Terceira. E, quando muito, algumas provas "pirata", eventos onde o jovem Louro ia colecionando vitórias e um grupo alargado de adeptos. Ou mesmo de fãs, que será o termo mais correto para o sentimento que se vivia. O "Gustavo" já era, mais que um miúdo com talento, uma marca da Terceira!
Depois de um início de atividade nos Kartings, o Gustavo passou então uns anos com participações regulares em tudo que fosse perícia ou circuito, sendo que, na época anterior, assinara presenças constantes como carro "zero" em várias provas do calendário açoriano. Onde, à laia de abrir a estrada, até "vencia" troços à geral! No dia da sua estreia oficial, a expetativa era imensa. Ainda mais num rali que marcava também o debute do novo Ford Escort Cosworth de Horácio Franco...que viria a despistar-se na descida das recém-asfaltadas Veredas, também num episódio para a história dos nossos ralis. O certo é que o Gustavo não defraudou as expetativas, mantendo-se muito rápido e concentrado ao longo de toda a prova, e estando no lugar certo para se guindar ao triunfo, durante a etapa noturna. Lembro-me que, que para o nosso grande grupo de amigos, aquele foi um triunfo de força e de juventude. Já era um dos "nossos" a ganhar. E isso fez-nos gostar ainda mais de ralis.
A carreira que se seguiu é por demais conhecida. Seis títulos de campeão açoriano absoluto, o recorde - 13 vitórias, 12 delas consecutivas... - de triunfos no Rali Sical, presenças no Rali de Portugal e no Nacional de Ralis, exibições portentosas no Rali Açores, etc, etc. De facto, o Gustavo continua a ser o craque de quem se aguarda o regresso à estrada, uma realidade que, estou convencido, se iria revestir de um sucesso mediático e também desportivo. Porque o talento é coisa que não se perde. Mesmo se hoje é apenas dia de recordar...
Aproveito então a data para partilhar um episódio pessoal, vivido uns anos antes, precisamente no dia de uma festa de Natal da EVT - onde o meu pai trabalhava, e onde o pai do Gustavo - nosso saudoso amigo, Luís Louro -, era sócio-gerente. Estávamos em 1984. Eu tinha 9 anos e o Gustavo mais um. A meio da entrega das prendas - salvo erro, o disfarçado Pai Natal era o Pedro Ivo... -, escapulimo-nos para as oficinas da EVT, onde estava o enérgico Starlet 1.3 do Luís (Louro). Chovia, e toda aquela zona de empedrado era um "escorregar" só. Lembro-me que o Gustavo mal passava com os olhos acima do volante, mas agarrei-me à cadeira do lado direito com afinco, deliciado com as derrapagens controladas e os piões perfeitos - com contrabrecagem assumida -, numa forma de guiar que já dizia tudo... O tempo corre célere, e essa já é apenas uma memória de miúdos. Mas fica o abraço sentido ao "Louro". Parabéns, Gustavo, por essa carreira enorme.
PS - Há alguns anos, e por iniciativa do fotógrafo local Rodrigo Bento, foi feita uma exaustiva recolha de imagens e depoimentos sobre a carreira do Gustavo Louro. Fiz a entrevista inicial com o próprio Gustavo, que partilhou algumas histórias que nunca viram a luz do dia, trabalho que depois foi continuado pelo meu caro amigo Jorge Silva. Ao que sei, o material está todo compilado e latente de publicação. Oxalá resulte num livro...um dia...e que os adeptos não o deixem ficar nas prateleiras das lojas.