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Antes de uma das várias viagens inter-ilhas que fiz por estas semanas, sentou-se um amigo ao meu lado na sala de espera de um dos nossos aeroportos. Confirmou a data, e a hora do voo, e disse em tom de piada: “Hoje faço 50 anos e um mês”. Como a atualidade política faz parte eminente das parcas conversas que temos, respondi com ironia: “Se analisarmos isso como o governo regional faz com as finanças açorianas, estás é a ficar mais novo”. Rimos, e desenvolveu-se rapidamente uma suposição fantasiada de como o mundo rosa, que domina a Região, poderia “pintar” o simples facto de alguém envelhecer, mas baseando a trama pelas inúmeras habilidades que resultam nos excedentes orçamentais que reinam nos Açores.
A criatividade dos nossos governantes é, efetivamente, um assombro. E pegar nesse talento para ter alguma graça ainda vai sendo uma boa forma de ocupar o tempo. Mesmo se há quem interprete mal quaisquer desvarios criativos. Pois que seja, mas a conversa de há uns dias merece partilha e destaque.
Partindo do pressuposto anual de que, nos Açores, o dinheiro público parece crescer nas árvores, o paradigma atual indica que a sua gestão nas ilhas de bruma é uma das melhores do Mundo. Assim, não se compreende que as dezenas de empresas públicas apresentem prejuízos atrás de prejuízos, tendo de esperar pelo Natal e pelos apetecidos avales da tutela para se manterem. E para manterem toda a sua “entourage” de quadros superiores pagos generosamente. E nomeados com ainda mais generosidade. Esses, são aspetos a reter. Outros, prendem-se com os dados, transversais a quase todos os setores, que nos colocam em posições de destaque nos rankings da Europa e do planeta. Quando toca a trocos, somos campeões. Quando viramos a agulha para os índices sociais, a coisa complica-se. E não é preciso ser um especialista para detetar as ditas habilidades. Ou mesmo malabarismos. E por mais que se diga que as contas estão coloridas para nos fazer sorrir, ninguém silencia os magos do erário açoriano, sem dúvida um coletivo de virtudes a reter pelo resto das nações desenvolvidas.
Quanto à ligação com a história inicial, e para terminar a piada que alguns podem não ter “apanhado”, é só imaginar os anos de vida do meu amigo, ligando-os aos índices das contas da Região e à forma como nos são, fastidiosamente, dados a conhecer. É apenas saber, habilmente, contrariar a verdade: Falências técnicas? Nada disso, são superavites que se reproduzem a cada ano. Gestão danosa? Qual quê, são métodos inovadores e competitivos. Compadrios ou favorecimentos? Errado, tratam-se de confianças à prova de bala. 50 anos e um mês? Agora cá, estás é a ficar mais novo…
PS - Domingo à noite foi um penar para vir, com nevoeiro, do Aeroporto até Angra. Será que alguém está a pensar pintar os riscos da Via Rápida? É que ainda dá tempo, até às eleições...
Domingo à noite foi um penar para vir do Aeroporto até Angra, com nevoeiro.
Será que alguém está a pensar pintar os riscos da Via Rápida? É que ainda dá tempo, até às eleições...
(Baía de São Lourenço - Santa Maria)
Passar por sete ilhas açorianas nos últimos oito dias, causou-me um novo problema: Gostar muito de todas. É que, a cada visita, esse sentimento cresce...
Encontro-me, com a minha mala de viagem de 23 kg, a analisar atentamente todas as novas hipóteses de sair por via aérea da Terra dos Bravos...
Pois é, António Bulcão. É isso e são os pombos-correio da posição, céleres a levar novas ao Pombal-mor...
Quatro décadas de Autonomia nas ilhas de bruma. Resta saber se cada açoriano é, hoje, de facto autónomo. Nos movimentos, nas decisões, nas opiniões e nas partilhas...
Chamavam-se "Strangers", e foram a banda que, pelo menos na década de 90 do século passado, mais sucesso obteve no panorama musical da vizinha Ilha Graciosa. Uma terra bem conhecida pelas suas fortes tradições musicais e que tem sido berço de muitos artistas açorianos de valor.
Tive o prazer de escrever, a convite do meu primo Pedro (Coelho) - o "frontman" do conjunto -, as letras de quase todas as suas músicas originais (havia as "Loiras", um tema que já tocavam quando eram essencialmente um grupo de "covers", animando madrugadas festivas na Ilha Branca). E guardo muito boas recordações do convívio com eles, especialmente nas duas atuações em São Miguel, onde estive mesmo presente – de forma declarada - como o "quinto" membro da banda. Ou na muito bem sucedida vinda às Sanjoaninas, em 1996, com uma atuação no “Bailhão”, plena de um público que desde logo apreciou a qualidade musical e a harmonia dos rapazes da ilha ao lado. Recordo que os “Strangers” não só venceram uma das eliminatórias micaelenses do Concurso "Novas Ondas" (RTP-Açores) desse ano, chegando à final do mesmo, como foram uma das poucas bandas açorianas convidadas para o festival que encerrou o programa, na saudosa Calheta Pêro de Teive (Ponta Delgada), perante uma enorme audiência.
Os temas da banda partiram todos – com a exceção já referida - de poemas que eu já tinha e que eles musicaram - em português e em inglês -. Um deles está mesmo registado na coletânea em CD a que o referido concurso – as “Novas Ondas” - deu origem.
20 anos passados, é muito bom recordar essa época, um pouco diferente dos tempos que correm no que diz respeito ao reconhecimento dado às bandas locais, pela sua qualidade, e ainda mais face às que se “atreviam” a criar um reportório original. E em português.
Fica um abraço para o Pedro, o Hélder (Ramos), o Steven (Silva) e o Nuno (Bettencourt). Lembrei-me, neste quase-fim de verão, que foi um orgulho engraçado passar por aquele projeto. No fundo, ser uma espécie de “Stranger”…