Alexey Lukyanuk (Ford), Craig Breen (Citroën) e Ralfs Sirmacis (Skoda) são os três vencedores do ERC em 2016 (Canárias, Irlanda e Grécia, respetivamente). Breen venceu o ano passado nos Açores, mas estará ausente. Pelo que só o russo e o jovem letão podem fazer frente ao líder do campeonato "Kajto" Kajetanowicz.
Pensava que, a ver pelo exemplo dos alentejanos e pela quantidade de anedotas que sobre eles se contam, os portugueses tivessem um poder de encaixe diferente. Afinal, e via José Cid - esse ícone da música e, sobretudo, da baboseira -, os transmontanos acusaram o toque de umas piadas tontas. Ditas há meia dúzia de anos! E o orgulho nacional parece ferido de morte...
Quase meia praça, numa tarde desagradável, e os agradecimentos a quem se associou à causa - a doação da receita ao Serviço Especializado de Epidemiologia e Biologia Molecular do Hospital da Ilha Terceira - a marcarem o início do espetáculo.
Um evento marcado pela polémica que se conhece, mas que chegou a bom porto.
1ºToiro nº88 (Rego Botelho)
Novilho-toiro bem formado para Tiago Pamplona. Primeiro comprido no sítio e o oponente a mostrar bom passo. Bem montado para os ferros curtos, Tiago tentou ir buscar o toiro, que se desligara, conseguindo esse intento. Cumpriu, e mostrou-se preparado para a nova temporada.
Pega: Francisco Matos (GF Tertúlia Tauromáquica Terceirense)
Estreia dupla, no grupo sénior e logo a pegar. O toiro mostrou pouca intenção, originando uma pega fácil para o jovem forcado, que fez tudo bem.
2º Toiro nº390 (Casa Agrícola José Albino Fernandes)
Dois meses depois de terminar um tratamento oncológico, Javier Castaño esteve solidário na Terceira. E esteve artista, como vem sendo seu timbre. O matador de León abriu célere. Bom par do local Jorge Silva, para a mudança de tércio, com Castanõ a receber bem o toiro, depois deste cair duas vezes, o que impediu explanar a lide por inteiro. O toiro voltaria a cair, sem mostrar motivo, e o enlace ressentiu-se. Toureou o possível.
3ºToiro nº430 (JAF)
Calhando-lhe em liça um toiro que investia pouco, Julio Benítez "El Cordobés" - o mais jovem descendente do famoso Manuel Benítez - nunca conseguiu tornar seu o confronto. Lide amorfa, mesmo se o toureiro espanhol fez por luzir na fase final desta primeira presença. Ficou aquém do esperado.
4ºToiro nº412 (JAF)
Lide dedicada a Javier Castaño, e o mais novo do clã Pamplona a ler bem o bonito toiro que a sorte lhe entregara. Com o seu habitual toureio movimentado, João Pamplona atrasou muito o primeiro curto. Acertado o passo, afinal foi o toiro a faltar com as investidas, apesar da cravagem bastante correta.
Pega: Carlos "Cabeça" (GF TTT)
(Foto: Pedro Ivo)
Cite curto e uma pancada antes da reunião a deixar o forcado por terra. Dobrou-o Tomás Ortins. Com o grupo visivelmente nervoso, a opção foi carregar a pega, que acabou por se consumar após uma considerável espera.
5ºToiro nº70 (RB)
(Fotos: Rui Nogueira)
O sevilhano António Nazaré teve em sorte um toiro de configuração estranha, mas recebeu-o com elegância. E também brindando ao colega de redondel Javier Castaño. Esteve afoito q.b., firmando sempre o porte, e assinando bons momentos em Angra. O toiro mostrou que não devemos contar apenas com a aparência. Nunca se acabou e até saltou por duas vezes à trincheira...
6ºToiro nº49 (RB)
Toiro possante, mas com poucas ganas, para um matador recente, mas que a Terceira conhece bem. Manuel Dias Gomes saiu forte da mudança de tércio, depois de iniciada a lide sem garbo. Toureou a bom nível, embora longe de rasgos ou brilhantismos, até porque nem teve toiro para tal. Cumpriu. Largamente.
Nota para a audiência de cerca de meia praça - a Monumental Ilha Terceira leva à volta de 4700 pessoas -, que se pode justificar com vários factores. E um deles terá sido a falta de rede para tanto navegador virtual, que se assume solidário para depois ficar em casa...não apenas pelos chuviscos da tarde.
7º Toiro (JAF)
Dado o intuito solidário do evento, Julio Benítez "El Cordobés" ofereceu-se para lidar um dos sobreros. Voltear bonito com o capote, uma sorte muitas vezes desvalorizada, mudando, após pares de bandarilhas de bom efeito, para um ajoelhar convicto. Que o público aplaudiu. Foi bom que houvesse esta lide suplementar, mas "El Cordobés" estendeu-a para lá do aceitável. Tendo abusado dos movimentos e estragado uma atuação já feita.
Em 2015, foi possível juntar os 5 sócios fundadores do Terceira Automóvel Clube, que hoje comemora 41 anos de existência. Em 2016, falta já um dos subscritores da escritura inicial, o Amândio Pastor, falecido este ano. Mas persiste a vontade de fazer daquela uma das mais prestigiadas instituições da Ilha Terceira. Que nunca falte essa vontade. E que possa continuar a ser um orgulho fazer parte da extensa família encimada pelo bonito emblema criado pelo Rafael Barcelos. Parabéns, TAC.