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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

Ainda os parquímetros...

31.10.14, MSA

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Está fora de questão haver estacionamento na cidade de Angra dos nossos dias sem fiscalização e sem custos. Há muito mais carros que há 10 ou 20 anos e, atente-se, o parque do Bailhão está atulhado o dia inteiro, o da Praça de Toiros fica longe do centro - e as pessoas não se habituaram ainda a perder dez ou quinze minutos para a viagem no minibus -, e os outros espaços de estacionamento prometidos - o Porto das Pipas não era um parque de estacionamento, mas face à desgraça que lá edificaram, pelo menos serve para esse intento - ficaram-se pelas promessas, caso do que foi anunciado para o terreno anexo ao jardim público. Isto para não falar da peregrina ideia de um parque subterrâneo no Prior do Crato. Portanto, não são os parquímetros que estão, efetivamente, em causa, mas sim a forma arbitrária e parcial como a empresa que os explora age. Perante a sua "clientela", que só dá lucro se pagar multas. Mas os termos da concessão e o acompanhamento do processo são da autarquia, que já por várias vezes sacudiu a água do capote como se a empresa madeirense pertencesse a marcianos, que por acaso até andam a correr atrás dos automobilistas, em busca da multa desejada.

Ou seja, para lá da responsabilidade do cidadão, que bem podia mexer mais as pernas e escusar-se a estes incómodos, há uma parte interessada - a Câmara - que se faz mais desatenta do que parece. Eu jurei há um ano, depois de 3 multas seguidas, que nunca mais me punha a jeito. E estou a cumprir. Mas há quem tenha dísticos no carro para estacionar...e naturalmente nem se incomodará muito com a questão.

Camuflagem.

30.10.14, MSA

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No plenário regional, discute-se a poluição e descontaminação dos solos e aquíferos da Praia da Vitória. Quer dizer, há um governo e uma bancada que, a olho nu, elogiou a "limpeza". Porque, aos norte-americanos coube sujar e agora limpar. Há um traço comum entre a tutela açoriana e a Air Force...o estado de "camuflagem".

 

Haja Saúde.

29.10.14, MSA

No parlamento açoriano debate-se a Saúde regional a dois tempos. De um lado, com queixas e exemplos concretos de má gestão e insensibilidade. Do outro, as habituais orelhas moucas, o varrer para debaixo do tapete, o nunca assumir que há erros, omissões e decisões gravemente mal fundamentadas. Mais do mesmo.

Dar música...

27.10.14, MSA

Na breve entrevista - por escrito - que me foi feita para o "Diário Insular" da passada sexta-feira, referi linearmente, e sobre "os principais destaques que, em seu entender, exemplificam este novo movimento" musical nos Açores, que "não gostaria de individualizar em demasia, correndo o risco de deixar alguém de fora, mas do Fado Madrinho aos Myrica Faya, dos Bandarra aos Fadalistas, dos Ti-notas aos RAM, passando pelos recentes projetos de nomes consagrados como Luís Gil Bettencourt ou Aníbal Raposo (...) vozes como a da Maria Bettencourt ou da Vânia Dilac fariam as delícias de qualquer produtor em qualquer parte do mundo".

Sem necessidade de explicar, porque só a mim isso diz respeito, adianto que recebi as perguntas por volta das 14h30 - com pedido de resposta até às 17h30 -, mas apenas às 17h00 tive tempo e espaço para pensar no que queria dizer. A questão de enumerar projetos, ainda mais numa realidade tão extensa, levou a esquecimentos naturais, pelo que acho não ter ofendido quem ficou de fora. Mesmo se era a minha opinião pessoal a ditar a eventual "lista". Acrescento até que o título da dita peça foi uma opção editorial do próprio jornal, isto para não dizer que literalmente o inventaram...

A mesma entrevista mereceu-me, aqui neste espaço, três comentários anónimos e idiotas, que apaguei de imediato. E apagarei os seguintes, como o faço desde 2004.

Em termos artísticos nomes como os October Flight/Flávio Cristóvam, Mariana Rocha, Passos Pesados, Luís Alberto Bettencourt, Ruben Bettencourt, Victor Castro, Goma/Faz de Conta, Stream, Vozes do Fado, as diversas orquestras ligeiras das várias ilhas, Arminda Alvernaz, Tributo e outros que tais, seriam merecedores de igual destaque. Saíram aqueles. Afinal dar música não é para todos...

Entrevista "Diário Insular": Panorama musical Açoriano

25.10.14, MSA

Foto Miguel Sousa Azevedo MBETT.jpg


- Miguel Sousa Azevedo, autor do blogue "Porto das Pipas"
 
Tem acompanhado - pelo menos tem escrito sobre ele - o novo movimento musical que tem surgido um pouco pelos Açores e também na Terceira. Como está a ver esse fenómeno?

Penso que se vive, de uma forma geral, um momento de grande produção artística na nossa terra. A forma como, hoje em dia, se podem divulgar novos projetos, e o consequente retorno, que facilmente se consegue apreciar, serão forte razões para que tal aconteça. Para além disso, vão-se cruzando influências que, especialmente no campo da música, globalizam os talentos naturais, e felizmente temos muitos.

Os Açores, e a Terceira, já não se cingem a um ou outro executante de exceção. Já temos quem produza e transforme um bom propósito numa oferta de qualidade. Acresce que, ao nível das filarmónicas, e nos Açores elas são às dezenas, as direções artísticas perceberam que era preciso lapidar reportórios e atualizar métodos. Da música popular ao Jazz, os nossos nomes mais sonantes também saíram de lá.


Quais os principais destaques que, em seu entender, exemplificam este novo movimento?

Não gostaria de individualizar em demasia, correndo o risco de deixar alguém de fora, mas do Fado Madrinho aos Myrica Faya, dos Bandarra aos Fadalistas, dos Ti-notas aos RAM, passando pelos recentes projetos de nomes consagrados como Luís Gil Bettencourt ou Aníbal Raposo, há uma data de exemplos em que, tocando originais, adaptando ou simplesmente dando novas roupagens a temas consagrados, a qualidade é inegável. Vozes como a da Maria Bettencourt ou da Vânia Dilac fariam as delícias de qualquer produtor em qualquer parte do mundo. Mas também nos cabe combater a nossa própria insularidade, valorizando o que por cá se faz. Essa insularidade sobrepõe-se muitas vezes a outros predicados e à própria condição de ilhéus.


Os espectáculos de verão estão a voltar a admitir grupos e artistas locais - aliás numa dimensão que não temos memória. Será uma nova consciência ou simples falta de dinheiro?

Simples falta de dinheiro. Não vamos cair em hipocrisias, mesmo se pontualmente há o devido reconhecimento aos artistas locais. Continuamos a viver numa terra onde "o que é de fora é que é bom", mesmo que na porta ao lado estejam propostas semelhantes em conteúdo e qualidade. No entanto, devem saudar-se as iniciativas crescentes de fazer "subir" alguns dos nossos agrupamentos aos grandes palcos, e aqui falo essencialmente das festas concelhias, onde vai havendo essa aposta.
 
A que factores atribui uma maior qualidade, que tem sido notória, nos Açores, em músicos, cantores e na própria dinâmica e densificação dos temas?

Essencialmente será o contato com o exterior, que por novas vias se estreita cada vez mais, a fazer ver aos nossos criativos que a sua arte atingiu um nível elevado. As ferramentas existem, a inspiração já deixou de se cingir à bruma do inverno e às folias do verão, e o resultado está à vista de todos.

Hoje, um agrupamento musical oriundo dos Açores já tem espaço nos acontecimentos nacionais por mérito próprio, mesmo se ainda tem de haver os imprescindíveis intermediários, que cada vez são menos. Quem tem o seu projeto consolidado precisa de muito mais do que uma ou duas dezenas de exibições locais, pois o seu público está fidelizado e já nem será, a dada altura, tão exigente. Assusta-me, muitas vezes, a quase politização que a nossa arte também enfrenta. Mas isso é um sinal dos tempos que parece não ter fim à vista.

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