A prática desportiva ou o simples exercício físico democratizaram-se com o passar dos tempos, e longe está a realidade de dois ou três maduros a correr desarvorados pelos nossos caminhos. Hoje, todos correm ou caminham, todos fazem por combater o sedentarismo contemporâneo. Apesar da obesidade crescente na nossa Região, a globalização faz-nos optar por uma mente sã em corpo são, e vai daí os ginásios, health-clubs e outras opções tornaram-se uma realidade crescente (também) no concelho de Angra. Pena é que não haja, por parte das autoridades municipais, uma atenção à mesma velocidade para as valias que os (vários) espaços públicos apresentam para a saúde e o desporto. Afinal, é vermos as dezenas e dezenas de pessoas que percorrem, em passo mais ou menos firme, a zona da marina e arredores, o Relvão, os vários pontos do Monte Brasil ou até mesmo a Circular.
Torna-se urgente valorizar a atividade desportiva de âmbito municipal, descentralizando iniciativas e dando às freguesias rurais um espaço de destaque que se perdeu, mesmo se havia programas de valor que o tempo levou. Convém recordar que Angra teve, há não muitos anos, uma vereação destacada para o desporto, que permitiu a desejada proximidade com os agentes que divulgam e promovem um extenso rol de modalidades. É também urgente que essa realidade seja retomada, parando uma carência por todos sentida. Há um sem número de pequenas ações que podem transformar Angra numa cidade desportiva e saudável. Mais do que intenções, há ideias.
Sem entrar em confrontos opcionais de forma acelerada, espantou-me a promessa do candidato autárquico do partido do poder em relação aos apoios a conceder às instituições desportivas, nomeadamente através da revisão do atual regulamento municipal - uma vontade comum, mas que parece difícil de efetivar -, de forma a garantir uma atribuição atempada desses apoios. Não deixa de ser curioso que, a mesma pessoa que durante mais de uma década teve sob a sua alçada a política desportiva regional, venha agora propalar mais uma ação não conseguida enquanto membro do governo. O mesmo governo, nas suas sucessivas versões, que deu dois terços de todos os apoios desportivos da Região a um único emblema, tendo ainda posturas muito criticáveis face a outras coletividades de referência no arquipélago. É grave prometer quando não se sabe se é possível fazer. Mas, sendo esse um hábito já instalado, até as hostes mais inconformadas parecem desculpar a ousadia.
Bem sei que, quando o presente não é risonho, tudo se faz para convencer o próximo de um sorriso futuro, esquecendo-se o passado de uma forma tão veemente que ele parece nem ter existido. Vai daí e é um ápice para se prometer um parque desportivo municipal, quando nem a autarquia sabe o custo de manter os espaços atualmente sob a sua alçada. Prometer alargar esse alcance é atirar areia aos olhos das coletividades. Pior, é fazê-lo sem aferir a realidade da nossa terra, desrespeitando quem trabalha, por amor à causa, pelos seus clubes e associações.
Afinal, conhecer os cantos à casa (ainda) devia ser uma obrigação para quem pretende gerí-la...