Com a noite de São João de 2013 já em pleno horizonte, a Marcha dos Veteranos realizou mais um dos seus Almoços de Domingo. Numa tarde agradável e com o pavilhão da Santa Casa da Misericórdia (São Carlos) a apresentar uma boa lotação - mais de 300 pessoas -, os convivas deliciaram-se com o arroz de marisco, as migas com bacalhau e o entrecosto no forno que a equipa liderada pelo "Chef" Paulo Areias preparou. O resto, bem passado como gostam estes terceirenses folgazões, foi apenas dar asas à boa disposição. Que costuma ser sempre boa conselheira quando se trata de sentar à mesa e saborear. É que a noite das marchas está quase aí!
" A minha saquinha de Pão-por-Deus era azul-turquesa com uma lã castanha e um fio amarelo. Era toda a manhã a calcorrear casas de moedas escuras e rebuçados de várias cores...
E aquela emoção acrescida quando nos afastavamos perigosamente do ponto de partida, entrando no centro da cidade, que era enorme e cheia de ruas e carros. Naquela pequena saquinha ficaram um bocado da infância e uma mão cheia de sorrisos... "
(SMS enviado esta manhã para o "Interilhas", do Vasco Pernes e da Lena Goulart)
Aqui fica uma rápida imagem de uma das curvas da dupla Tiago Azevedo/Rui Teixeira (Renault Clio R3) no recente Rali Ilha Lilás/Além Mar. É no final da parte rápida que faz iniciar o troço Canada da Quinta/PIAH, e o video é da autoria do Miguel Azevedo - o outro, não eu que seguia uns carros atrás... -.
São momentos destes que fazem com que os espetadores - que nesta curva, registe-se, eram apenas quatro (!) - saiam de casa à chuva ou ao vento para ir ver os carros na estrada. E, de facto, os nossos ralis precisam sempre de pilotos generosos como o Tiago.
Era um menino franzino, aloirado, de olhos verdes e curiosos. Magrito por natureza, devorava tudo que lhe pusessem na frente. Quer fosse a comida deliciosa da avó ou da mãe, quer fossem as cores e os desenhos que lhe enchiam a retina e, desde cedo demais, fosse qual fosse o tipo de letra, frase ou construção. Tinha de saber o que eram, o que queriam dizer, a quem se destinavam.
Num tempo em que havia tempo de sobra para dar atenção aos meninos e a todas as suas curiosidades, foi o seu avô de casa quem encarou o desafio de lhe fazer ver o sabor das palavras, de lhe ensinar a importância que elas teriam para a vida e para o coração.
E o menino cedo demais aprendeu a juntar as letras, a entender as frases, a delinear as construções, logo antes de começar a alinhavar as (suas) primeiras palavras nas folhas enormes onde também havia desenhos de casas, ruas e pessoas. Na verdade, o menino aprendeu a ler num globo. Num globo que era também um candeeiro e que dava uma luz do tamanho do mundo. Do mundo que o próprio encerrava e da descoberta constante que o mesmo fazia sonhar. País distante, mas ao alcance de uma meia volta sobre um eixo fingido, foi a Índia o palco da primeira junção certa de sílabas, à qual apenas faltou o desconhecido acento agudo: India, saiu de imediato...
E desse mundo de terras às cores, logo o menino que lia passou para o jornal, para as cartas, para as revistas, para um Atlas fantástico com todas as bandeiras de todos os países. Uma lonjura e uma variedade que o encantavam. Mais palavras, mais cores, mais sentidos, e a satisfação que exibia ao saber que a bandeira do Sri Lanka tinha um leão com uma espada...
O menino que lia foi para a escola, ainda franzino e ainda mais envergonhado, quase corando por saber tudo que os primeiros tempos lhe deveriam ensinar. Valeu-lhe então uma professora de olhos bonitos e pele morena, que percebeu as razões da distração e do refúgio. E juntos trilharam um caminho de aprender, à parte mas junto de todos, sem dificuldades mas com algum custo. E o menino que lia pôde assim ter amigos e fazer asneiras. Mesmo se interiorizou que a vida era fácil, o que mais tarde teve de engolir. Já menos franzino, já sem professores que olhassem por ele, mas ainda curioso, e talvez desiludido porque nem tudo era bom, doce ou com luz como todos os países daquele globo...
PS-O autor vai escrever uma crónica por semana até ao baixar do pano sobre o jornal diário "a UNIÃO". Faltam nove semanas.
Conclui hoje que não será a falta de movimento automóvel, e até por vezes de engarrafamentos, a motivar a ausência de um programa sobre o trânsito nas rádios locais. E isto falando especificamente da ilha Terceira. Simplesmente se fosse noticiado que "no lugar x houve um acidente entre duas viaturas", a zona rapidamente ficaria congestionada, pois toda a gente arrancava nessa direção para ir ver o que se tinha passado!...