A baía…será desta?
Depois da sua nomeação “caseira” para ser candidato a presidente do governo regional, a primeira aparição pública do atual secretário da economia foi em Angra, para anunciar – já depois das andanças camarárias que deram nas conhecidas mudanças… – uma requalificação para a baía, com novas valências e mais de 2 milhões de euros de intervenção. Confesso que quando ouvi falar em requalificação da baía, um maroto sorriso acabou por se formar, afinal esse processo – ainda por encerrar – vem de 1997, como super-promessa do recém-eleito Sérgio Ávila, um jovem político abalançado a mudar a face da cidade-património. E, com efeito, o tão propalado plano de requalificação da baía – atente-se que me estou a reportar a quase década e meia atrás… - era obra para uns dez anos, e o jovem autarca nem chegou a ficar sete completos no município. Mas desde a eficiente consolidação da encosta, à criação da Praínha, ao embelezamento do Pátio da Alfândega ou à complicada edificação dos Corte-Reais, foram várias as frentes de obra em curso, mas sempre longe da totalidade prometida do velho Clube Náutico às quase-ruínas actuais dos Celeiros. Entre tudo isso e um hotel infindável – também com o incumprimento do projeto cravado no currículo… -, o passeio pela marina, herdada dos tempos social-democratas e que tanta tinta fez correr, desembocava no Porto das Pipas, a porta de entrada das descobertas, hoje transformada em área tríptica de lazer, comércio e estacionamento, numa iniciativa também polémica que se arrastou por mais quase cinco anos e 4 milhões de euros que o previsto. E nem assim ficou com ar de coisa acabada!
Mas o objeto deste texto é mesmo a nova intervenção traçada, pela pena do meu caro amigo João Monjardino, a que se sujeitará a baía. Vem ferida de uma antepassada que não terminou a viagem e, quando for avante, deverá encerrar um ciclo de desleixo generalizado que a zona foi sofrendo, com remendos aqui e acolá, mas sem nada que justifique a demora e a inconclusiva grande promessa dos finais dos anos de 1990. Pegando na figura do nunca licenciado elevador do jardim/escada dos Corte-Reais, pode dizer-se que a grande obra que prometia o legado de Sérgio Ávila nunca chegou ao andar de cima, ficando-se pelas entradas de serviço ou pela copa de uma casa tão grande como é a nossa baía. Interessante é também a colagem da autarquia a uma obra regional, mais uma do leque de promessas – para os primeiros cem dias e não só…– do inicialmente citado candidato a chefe do executivo açoriano. Trata-se do mesmo político que, há mais de dois anos, veio à Terceira falar sobre o cais de cruzeiros. Na altura, fiz um apelo escrito para que se inteirasse da manta de retalhos que era a requalificação inacabada da baía. À boa moda socialista, e mal teve palco e autorização para tal, eis que já surgiu com a solução…e tudo se fará de novo e com tudo do bom e do melhor. Será desta?