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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

31.Dez.10

Bom ano (em tom angrense)...

Está quase...ou tem de ser...

Queiram ou não, está (quase) na hora de preparar a entrada em 2011.

O novo ano apresenta já características únicas e, mesmo para os que pretendam ficar apenas à porta, quando forem a ver estarão caídinhos lá dentro. Vai ser tipo Twin's !!!

30.Dez.10

No TV!

Dieta rigorosa face aos tele-conteúdos...

Estive uma semana sem ver televisão. E a coisa apruma-se para durar até ao reveillon, pois não me tem apetecido mudar muito o esquema das férias que, sem grandes movimentações, puseram a paz de espírito como principal mote.

Durante estes dias, logicamente que naveguei bastante - mais, até... - na rede, tendo por lá lido, relido e apreciado as notícias, e mesmo tido acesso a alguns blocos informativos online, mas tudo consultado no modo de alerta, ou seja sem "queimar" pestanas com coisas inúteis, afinal o erro crasso dos nossos dias. E vai daí, mudam-se as lentes mais depressa... 

27.Dez.10

Depois do bacalhau e do peru… (crónica)

Ano novo, vida nova...ou não.

No frio pós-natalício sinto (pelo menos) três vontades indissociáveis: Comer, ler e escrever. Comer porque não vou nessa de ficar enjoado após consoada e almoço, até porque a minha relutância face aos doces me ajuda a ter sempre uma margem de manobra apreciável. Ler porque, mesmo se estou em briga aberta com os livros há uns tempos, os momentos passados em puro ócio me levam a devorar linhas e parágrafos, qualquer que seja o tema e, nos dias que correm, qualquer que vá sendo o suporte. Escrever porque, como existe o intervalo de fazê-lo por obrigação, se vão avançando ideias para projectos que quase sempre não passam o escuro da noite, mas cujo alinhavar desperta sentidos e mecanismos, em tudo úteis nos novos meses do ano a estrear.

Nestes dias, habitualmente de férias e quase obrigatoriamente de contrastes, observo as pessoas de forma diversa. O sentimento geral é, ou foi, de festa, mesmo se a realidade nacional nos indica um estado de depressão, pelo que, como no restante ano, as aparências iludem. Assim, o Natal não será mais do que a continuidade dos meses anteriores, em que importa mostrar abundância, mesmo se o pão passa e repassa no molho do almoço para disfarçar as necessidades. Numa terra de emoções e tradições, onde festejar, comer e beber se unem de barriga em barriga, cada vez mais a consoada antecede nova comezaina, afinal o corre-corre quase impede descansar e gozar em família o gozo de uma comemoração que muitos até já esqueceram. O nascimento de Jesus deu lugar a um consumismo atroz, com os gadgets da nova era a suplantarem em grande escala os sentidos da união e da partilha, e com o coro de SMS a vencer as vozes da missa do galo. Os sinais da crise esbatem-se na ânsia de passar umas horas de sorrisos, mesmo se tanta criança abre um presente com os mesmos automatismos de desembrulhar um rebuçado, que saboreia enquanto é doce, remetendo-o ao esquecimento em minutos. A massificação que nos aproxima também nos afasta, por mor de uns tantos rótulos, por imposição de umas tantas modas, por influência das rotas internacionais do comércio, esse ente que os misteriosos mercados regulam…

Mas mais preocupante que as mudanças nos hábitos e interacções da sociedade é, para mim, o irrealismo reinante no poder. Nos tempos que correm, e quando vemos os governantes apelarem à solidariedade para ultrapassarmos em conjunto as adversidades, fica-me a pulga atrás da orelha – possivelmente uma pulga proveniente de uma qualquer rena em rota de colisão… -, afinal, são estes os mesmos governantes que não se escusam à mínima mordomia e que gastam a rodos na hora de publicitar intenções de obra ou de renovar cargos. E, por estes dias, em que o mar bate forte e as ondas levam longe as ansiedades, resta-nos a consolação tecnológica de termos o Cruzeiro do Canal novamente a navegar. Viva o progresso e feliz 2011 para os nossos responsáveis. Também…

 

25.Dez.10

Desenvolvimento sustentado...e Natal

Uma excelente notícia...nos anos 80 do século passado!

A notícia acima retratada - e retirada da edição de hoje do "Diário Insular" - não faz parte de nenhuma secção de memórias do jornal - como tem "a UNIÃO" respeitante a datas de há 100, 50 e 25 anos... -, mas é antes uma das novidades desta época natalícia. Sem grandes comentários, com excepção de considerar a boa nova como espectacular para revelar a meados dos anos 80 do século passado, penso que a mesma é explicativa da realidade açoriana actual. Investe-se, gasta-se, esbanja-se em mediatismo, em "show off", em luzes de ribalta a pleno vapor e brilho mas, nestes pormenores estruturais - ligeiramente importantes para ligar de forma acessível pessoas que vivem em ilhas umas às outras -, a evolução é esta. Tão retrógrada quanto o não termos barcos propriedade da região; apresentada com tamanho desplante como o das negociatas do "Atlântida" e do "Anti-Ciclone"; e de forma tão descarada como quando a figura máxima do poder regional telefona para programas de televisão em autos de prepotência e quase-insanidade.

Em tempos de festa, e de parcas novidades que nos façam sorrir...Bom Natal a quem nos governa, pois que a comida não deve faltar lá por casa...

23.Dez.10

Mensagem de Natal.

" Olá, eu sou o Miguel de Sousa Azevedo. Sou jornalista, e embora actualmente desempenhe outro tipo de funções não me desabituei de vos ir contando a vida. A mesma vida que por hoje é cada vez mais complicada de transmitir em palavras. Os tempos não são fáceis e o novo ano aguarda-nos indeciso sobre o rumo a dar à nossa realidade.

Assim, e nesta época festiva, de coisas doces, sorrisos de criança e presentes coloridos, deixo-vos um apelo de partilha. A partilha dentro de casa, dividindo com os nossos as tarefas e as alegrias de comemorar uma tradição onde reina a família, mas também a partilha com os outros, com quem mais precisa e que, por vezes, está mesmo ali ao lado.

 Se pudermos todos dar um pouquinho do nosso Natal, vamos certamente entrar no novo ano de alma mais leve e com a consciência mais tranquila pois, na medida do possível, provocamos um coração a aquecer. Com o frio dos sentimentos que grassa em tantos lados, vamos fazer por salpicar de outras cores a festa de alguém mais.

 

Um bom Natal e uma entrada feliz em 2011. Com o mote da partilha e com sorrisos alheios como recompensa… "

 

(Mensagem gravada para o Rádio Clube de Angra, a emitir - entre muitas outras de diversas personalidades e convidados - durante todo o dia 25...)

22.Dez.10

Acasos de terras...

Uma t-shirt ao acaso numa prateleira...

Esta manhã deambulei - na verdadeira acepção da palavra... - pelo centro de Leiria, enquanto aguardava um transporte tardio num dia de canseiras. A ruas tantas, chamou-me à atenção uma montra de "Liquidação Total", onde algumas roupas e acessórios "Gas", "Pepe Jeans" e afins se apresentavam a preços acessíveis. Com efeito, e mesmo se acabei por não comprar nada, passei um tempo agradável na dita loja, isto após a dona - que atendia em roupas garridas, farta maquilhagem e uns óculos vermelhos com um esborratado de rimel na lente direita... - me perguntar "-Do you speak english?", uma interjeição a que estou habituado, e cuja confusão muitas vezes aproveito, especialmente em lugares públicos onde os estrangeiros são (de longe) mais bem tratados que os indígenas lusos...

Palavra puxa palavra, e depois de me apresentar açoriano, a senhora - alentejana com duas décadas de vida no Canadá - partilhou naturalmente comigo o apreço por uma senhora de São Miguel que, por novas terras, a ajudou na vida e na criação de um filho. A conversa avançou sem receios - numa confiança que já nem se "usa" nos dias de hoje -, e às tantas a simpática comerciante deixou cair uma lágrima, emocionada pela recordação que avivara por uma coincidência "geográfica", e pela qual imediatamente se desculpou. Falou-me depois do agradecimento para com algumas famílias das ilhas de bruma, com as quais aprendeu a partilha do Espírito Santo e uma forma de viver "como não se usa por aqui", confessou-me. Depois de explicar as razões do fecho pendente da sua loja, continuamos mais alguns minutos a falar sobre as gentes e os lugares, já compeltamente alheados do olhar comercial. Despedimo-nos com os naturais desejos de "Feliz Natal" e "das melhores entradas no ano novo" e, com sorrisos de quem tinha ganho algo, despedi-me com dois beijos e a plena certeza de uma impressão melhor de algumas pessoas. Foi um dos poucos bons momentos da jornada mas eis que, já por terras da cidade invicta, o frio do tempo e o calor da família me deu fome, saudades de um tempo passado, e a prova sempre presente de que tenho uma ligação de sangue a este(s) sítio(s)... 

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