Cerca de duas horas e uns minutos depois de Barack Obama ter desembarcado em Lisboa, e salientando que, desta feita, Hillary Clinton se antecipou ao presidente norte-americano, fica aqui o link para (via-JN) seguir a par e passo a Cimeira da Nato. O certame que, por estes dias, coloca Portugal no centro do mundo. Isto sendo que, daqui por uns dias, a rameira crise e a triste actualidade voltarão, viçosas, a brilhar como dantes...
A nova biblioteca e arquivo de Angra bem podia - e devia - ter sido mote para quilómetros de escrita e minutos de discussão. Podia, mas não foi, com a natural excepção de meia dúzia de cronistas regulares que, por mor dos seus conhecimentos sobre diversas matérias, vão tentando alertar o poder instalado para os passos em falso. Que abundam na Terceira, e que vão tendo o condão da invencibilidade e o carimbo do desgosto futuro. A nova biblioteca e arquivo, por mais belo que seja o projecto da conceituada Inês Lobo, é um desses passos, e a sua apreciação estética nunca sequer poderá afirmar-se porque, simplesmente, não se pode ver todo o edifício, sobressaindo apenas que nasceu qual verruga no arruamento do Morrão, estrangulando a perspectiva de quem – que são poucos – até olha para Angra com um resquício do que foi traçar uma cidade com lógica e equilíbrio.
A esse respeito lembro apenas dois factos muito simples, fazendo um paralelo com o edifício de excelência que é o novo arquivo do Funchal, uma moderna estrutura, com vários pisos e uma ideia de futuro pensada a séculos de distância para albergar o legado impresso do que será a nossa história pelos tempos. Em Angra, e contrariando a variância internacional, optou-se por continuar com a biblioteca acoplada ao arquivo, assim bem ao jeito das novas escolas com milhares de alunos, que por essa Europa se deixam de construir e que, por cá, nascem como cogumelos gigantes. Pois é, somos mesmo únicos.
Também a passagem de todo o histórico legado, material que o arquivo legal - que Angra também tem… – do Funchal foi recebendo, mereceu uma operação que durou anos de preparação. Sendo hoje possível, num completo sitio que a instituição disponibiliza na net, aferir essa realidade, percebendo-se quão o complexo é lidar com material daquele calibre. Pelo que sempre podemos imaginá-lo a encher a rodos o edifício escavado no chão fronteiro ao bairro piscatório do Corpo Santo. Só não se sabendo bem como...
Recordo também horas passadas na Biblioteca Almeida Garrett, um edifício com menos de uma década, que embeleza a entrada superior dos jardins do Palácio de Cristal, no Porto. Espaço, luz, acessibilidades, transportes, árvores à vista e muito movimento de pessoas, suas famílias, passantes e beleza, exactamente o que nunca será possível concretizar no sumptuoso edifício desenhado pela conceituada Inês Lobo. Como a própria refere sobre o dito, “desenhado não pelos seus volumes mas pelos seus vazios”, porque foi preciso “pensar os espaços gerados para lá da forma, a sua face pública e a ligação aos percursos da malha urbana exterior. Assim nasce uma arquitectura intimamente relacionada com as especificidades da sua própria situação”. E essa situação é má e continuará a ser. Porque quem insistiu que a estrutura deveria localizar-se ali foi apenas e tão só teimoso.
A nova biblioteca e arquivo de Angra bem podia - e devia - ser um orgulho de futuro e uma bandeira contemporânea de valor para a nossa cidade. Podia, mas não vai ser…
Sempre nutri uma particular admiração por aquelas pessoas que mantém o ritual de ir a banhos de mar pelo ano fora. Faça chuva, que não muita, ou sol, e lá estão elas aproveitando umas das maiores bençãos destas nossas ilhas: o seu mar. Se, em contraponto, há que se entretenha a descarregar toneladas de lixo para esse mesmo elemento purificador das ilhas, e pelo qual tenho um respeito que até já motivou alguns textos e expressões, o certo é que estes banhistas de todo o ano são defensores acérrimos da limpeza das águas, e não se calam na hora de reclamar a habitual incúria para com as zonas balneares, exactamente as mesmas que apenas dois ou três meses depois de começarem a ser frequentadas por tanta gente vimos serem equipadas, vigiadas, e muitas vezes mal e porcamente mantidas. Nessa altura do ano, lá para Junho, os ditos banhistas já levam milhares de braçadas na conta pessoal, coisa que ainda mais cimenta o meu carinho pela sua dedicação em prol da saúde.
Esta manhã, e mesmo se não estaremos a viver um dia propriamente de frio, apreciei as andanças de dois deles aqui pela baía de Angra. É certo que ainda há poucos dias o nosso litoral convidava a um mergulho de São Martinho mas hoje, e para mim que sou um acalorado daqueles, os senhores impuseram a sua presença pelo respeito à acção em causa. Brrr....
Já experimentaram ir ao supermercado levantar a ceia de Natal ou os presentes e deixar para pagar em 2011? Pois o Santa Clara já foi ao banco levantar o dinheiro que o governo regional ficou de transferir em Fevereiro que vem. E continua a galhofa no desporto açoriano...
Chegou a chuva. Chegou o frio. Já se sente o vento a soprar rente às janelas e o cheiro a inverno e a comida quente parece querer novamente instalar-se. Se bem que a chegada da estação esteja ainda a meio-outono de distância, o certo é que há dias em que os constrastes da meteorologia lhe assinam o papel. De inverno...e assim mesmo, como agora se deve escrever, com letra pequena e meio perdido pelo texto.
Esta altura do ano conota-se, nas diferentes fases da vida, por sensações já conhecidas, e bem mais claras e fáceis de identificar que o abrir do sol forte ou a passagem aos calções pelo tempo estival. Agora, e em torno de um São Martinho que se quer farto e de nariz rosado, é tempo mesmo de beber qualquer coisa forte, comer bem e aconchegar a vida ao peito. Não vá a chuva molhar-lhe demais os destinos, perdendo ela muita da graça destes dias mais sobrios mas que sorriem baixinho.
Deste feita o nosso amigo Francisco Veloso aderiu às versões reduzidas, compondo uma revista online com a actualidade dos ralis um pouco por todo o mundo, com uma visível dose de humor e o habitual grafismo de excelente gosto. Para ver AQUI .
Longe daquelas frases bacocas que justificam a paixão pelos animais com um cada vez maior conhecimento das pessoas, o certo é que tenho cada vez mais dificuldades em entender uma singular faceta da personalidade humana. Exactamente a que a impede de ser feliz perante a felicidade alheia, como se da falta dessa qualidade dependesse a sua própria felicidade. Percebem? Eu explico, dizendo apenas que não percebo que, à conta da luta de cada qual por ter o seu espaço, a sua paz e o seu enlevo, haja quem se dedique - e aí apenas posso elogiar a persistência... - a tentar encontrar falhas, abalos, faltas ou omissões em seara estranha, numa busca constante por um fruto que só se obtém com amor, paciência e muita compreensão. Possivelmente o que escasseia em tantas e tantas pessoas...
A minha avó Mariinha fazia um arroz que era um primor. Não sei se era do tacho, se da forma como preparava o estrugido, tenho apenas a certeza de que nascia das mãos dela, e que a assinatura da obra era um sabor que ainda hoje recordo. Há uma década a esta parte, e via-telefone, aprendi a fazer arroz dentro das possibilidades, mas numa tarefa que logo fui evoluindo, podendo hoje orgulhar-me de ser um “arrozeiro” de mão cheia. Seja do que for, sai bem. Desde que a disposição assim o indique.
Daí a analogia que faço do prato, ou acompanhamento, com as coisas da vida real. Que tem todo o cabimento. Isto sempre assegurando que o arroz é real. E ainda bem que é. Assim como o facto relatado da dita vida o deve ser. Não é raro ouvir uma pessoa mais velha dizer que “fulano tem mão para o arroz”, como também que “há dias em que o arroz não me sai bem”. Dai que, com os passos da vida, a coisa seja mais ou menos igual, havendo até quem não tenha absolutamente jeito nenhum para viver.
Solto ou “malandro”, o arroz quase aproxima as personalidades de cada um. Da minha singela parte, e não me considerando um “fura-vidas”, quebro as principais regras instituídas em torno da cozedura da terceira maior produção cerealífera do planeta. Abro, mexo, acrescento água, remexo e vou provando até decidir dar-lhe um lume mais forte antes do fecho. E isto depois de, muitas vezes, o deixar quase fritar em cru quando adicionado às diferentes bases. Velho, de mais de sete mil anos, o arroz é originário do oriente e está diariamente na alimentação de milhões de portugueses, sendo que até poderia ter havido um protocolo a ele referente no recente encontro Sócrates/Jintao (como assim foram tantos…). Só lhe daria maior visibilidade e, possivelmente, melhores cores a ambos os políticos, visivelmente pálidos que estavam aquando das suas reuniões. Mas não avançando para o papel mundial do arroz, que chegou a ter produção ilegal em Portugal devido à ameaça da malária, reservemos antes a pacatez de uma cozinha asseada e um tacho de boa qualidade para, em dia de boa disposição e apetites, escolher a melhor variedade para este ou aquele prato, e imaginar novas tendências para condimentar um produto milenar. Como na vida, também o arroz depende de diferentes factores para que lhe corra bem a cozedura. Caso contrário, ou se faz arroz de forno, ou é melhor aligeirar a refeição com outra coisa qualquer. É que, nestas andanças de comidas, o coração também sente. E o meu tem saudades do arroz da avó Mariinha. Mesmo que muitas menos do que tem dela…
Haile Gebrselassie divulgou recentemente o que poderá ser a sua despedida da alta competição, uma decisão que surpreendeu o mundo desportivo internacional, ainda mais porque surge depois de o pequeno polícia etíope ter reforçado a vontade de estar ao mais alto nível nos Jogos Olímpicos de Londres (2012). Uma tendinite no joelho direito, que o obrigou à desistência - há uns dias - na Maratona de Nova Iorque, terá precipitado a decisão que, segundo muitos, nem será para levar a sério. Haile Gebrselassie é um colosso do atletismo mundial, tendo já ganho tudo o que um atleta pode ganhar. Do cross à estrada, passando pela pista coberta e ao ar livre, e correndo dos 1500 metros à maratona, o pequeno grande atleta africano somou títulos e recordes mundiais (o seu tempo de 2h03m59 à maratona é estratosférico), passando a ser o melhor fundista da história, mais do que à altura de Paavo Nurmi, Abebe Bikila ou Emil Zatopek, verdadeiras lendas da modalidade. A sua vontade será, aos 37 anos, certamente prosseguir o sonho do ouro olímpico nos 42195 metros, pelo que aguardar pela divulgação dessa notícia talvez seja apenas uma questão de tempo...
Foi debaixo de um sol acolhedor que, uma vez mais, os clássicos terceirenses se juntaram em passeio, com o Terceira Automóvel Clube a fechar as acções do ano para aquele sector, depois de uma época inédita com uma prova de âmbito nacional realizada entre nós. Mais de três dezenas de viaturas arrancaram – já um pouco tarde – de Angra, rumo às cores do litoral e depois ao verde das pastagens apreciado do alto da Serra do Cume, naquele que teria sido o traçado ideal para uma prova de regularidade - pelo que aqui fica a sugestão…-, isto depois de uma “voltinha” curta, mas que permitiu conhecer mais um colosso do plantel local, no caso o impressionante Ford Mustang do Engº Sousa Gomes, que ganhou o prémio para o melhor restauro, e que tem lugar em qualquer concentração por esse mundo fora… é simplesmente brutal.
No tocante aos prémios, refira-se que o brilhante VW “Carocha” de Henrique Santos foi merecidamente o mais bem conservado, sendo o mais antigo veículo presente o DKW de Adriano Pontes, um carro também pleno de história. Do encontro propriamente dito, e que teve já sabor a São Martinho, melhor falam as imagens, pois houve almoço a rigor, prova de slalom (ver caixa e fotos), castanhas e vinho tinto…tudo com a moderação que os velhos carros exigem, assim como se pedem horários mais apertados e ritmo ligeiro para a próxima. É que a caravana é bem maior e precisa de se reunir novamente.
Um slalom…que foi à terra!
Após o bem servido almoço, e no acesso às obras do novo parque de exposições, realizou-se a aguardada prova de perícia…em piso de terra. E se alguns “torceram” o nariz a essa opção, o certo é que mal os bilros começaram a formar uma sequência, logo mais de dez viaturas se lançaram ao desafio, composto por um “ziguezague” de quatro pinos e um pião completo intercalados por um “oito”, percurso desenhado na hora e no qual Filipe Silva, em Mini 1275 GT, acabou por preencher os requisitos de ser o mais rápido à primeira tentativa, mesmo se Nuno Rosado, em carro idêntico, “pulverizou” a marca na vez seguinte. Acabou por ser uma acção que resultou em imagens inéditas para muitos, pois atravessar velhas glórias em terra não é todos os dias, e isso o provaram o Escort RS de Victor Tristão ou o Triumph de Adriano Pontes. Venham mais destas!
“a UNIÃO” foi de Brasilia…
E novamente fomos ao passeio com uma viatura diferente, cumprindo o propósito de cobrir estas iniciativas do TAC sempre de forma original. Emprestado pelo nosso amigo Carlos Adriano Costa, o VW Brasilia foi agora o transporte eleito. Produzido de 1973 a 1982 pela Volkswagen do Brasil, aquele foi o primeiro modelo da marca bávara a sair do espectro germânico. “A Brasilia” (como é conhecido) foi projectado(a) para aliar a robustez do “Carocha” com o conforto de um automóvel com maior espaço e desenho mais contemporâneo, daí as suas linhas rectas e a grande área envidraçada. O seu nome é uma homenagem à então moderníssima cidade-capital, desenhada por Óscar Niemeyer, e fundada 13 anos antes. O motor de 1,6 litros do Brasília é alimentado por dois carburadores modelo Solex 32, disponibilizando 65 cavalos de potência e uma forma muito divertida de conduzir. Agradecendo a atenção do proprietário, salientamos que o “popó” está à venda…e que ainda foi passear no domingo.
Sinceramente não percebi porque é que José Sócrates se esqueceu de almoçar com o presidente chinês num restaurante também chinês. Ou porque não explicou, durante a sua entusiasmada intervenção de resumo à visita de Hu Jintao, quantos empresários portugueses já declararm falência enquanto vão proliferando aquelas lojas com bens manufacturados à conta da escravatura e trabalho infantil, e quase isentas de impostos em Portugal...