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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

05.Out.10

Coisas do ar… (crónica)

Viajar de avião por aqui tem muito que se lhe diga...

Salvo erro em Abril deste ano, o nosso presidente do governo – então fazendo as vezes de líder partidário – anunciou com estrondo que iríamos pagar menos de cem euros para sair e entrar nos Açores de avião. Mais pisca menos migalha – e com piscadela de olho e tudo…-, foi esta a mensagem que ficou, sendo que há poucas semanas novo estrondo noticioso avançou o envio da referida proposta para análise em Bruxelas, “esquecendo-se” apenas de referir que se tratavam de tarifas promocionais, ou seja, destinadas a uma escassa minoria, mormente aos conhecidos de alguns funcionários, clientes de muito costume e com o dinheiro pronto na hora, alguém a quem se devam favores e depois, claro está, acessíveis a todo o público em geral…

Já antes, e aquando do anúncio da renovação da frota da SATA, o mesmo presidente do governo – então imbuído dessas mesmas funções – pugnava pelas melhores condições que se iriam oferecer às ilhas mais pequenas através dos novos (nos Açores) aparelhos. Em algumas dessas ilhas, a que até chamaram da coesão, continuam os locais com o mesmo número de ligações, sendo que aguardam agora o levantar da neblina a oriente, e podem sempre, em caso de acidente ou doença - e posterior deslocação à Terceira (isto para ilhas do grupo Central) -, sentir as emoções de viajar deitados numa maca em cima dos encostos de cabeça dos reutilizados Dash 200…

Aqui há uns anos, e em plenas funções da minha carreira jornalística, um antigo líder político – num saudável momento de descontracção após uma conferência de imprensa, propôs aos presentes um pequeno desafio, assim como que em chamada de atenção para os custos com as passagens aéreas e a procura efectiva que as mesmas têm entre nós. Focou o decano político, usando sempre do humor refinado que o caracteriza, e em jeito de exercício mental, que: “Sempre que entrarem num avião, e depois de verem mais ou menos quantos passageiros estão a bordo, tentem calcular quantos deles estão a pagar o bilhete da sua algibeira”… A resposta dos presentes foi logicamente de riso – contido ou não -, e o recado foi compreendido na hora. É, de facto, toda uma panóplia de açorianos que não pagam as passagens do seu bolso que nos anda a resolver estes problemas aéreos. E a solução tem estado à vista…