O recente apoio governamental a apenas uma das três equipas de basquetebol terceirenses que vão disputar a Proliga “aqueceu” a agenda local, num caso que me deixou a pensar sobre o contributo efectivo que os desportistas podem dar à sociedade em geral. Para além dos momentos de lazer e clubismo que são proporcionados aos adeptos quando assistem às mais diversas manifestações desportivas, quase todas elas directamente dependentes dos dinheiros públicos, daí a minha opinião de que, mais do que a actuação competitiva, possa ser dada outra valorização social ao papel dos atletas e competidores, fora até do que se refira concretamente à modalidade praticada.
Ora, no início da semana e no norte do país, as regras da segurança rodoviária foram o mote para uma acção coordenada pelo piloto Júlio Sousa, que contou com a colaboração de outros – mais célebres…- colegas de actividade, e que se veio a saldar por um enorme sucesso. Assim, e por um dia, a junta de freguesia de Matosinhos foi transformada numa enorme sala de aulas para os alunos do 1º ciclo do ensino básico, onde cerca de 3000 crianças tiveram contacto directo com viaturas de competição expostas no local, ao lado das quais, e sempre prontos para responder às dúvidas dos jovens estudantes e futuros condutores, estiveram nomes como Bruno Magalhães e Carlos Magalhães - campeões nacionais de ralis em título -, José Pedro Fontes - recentemente consagrado como Campeão da Categoria1 do PTCC -, Gonçalo Manahu e Fábio Mota - também do PTCC -, e ainda homens dos ralis como Renato Pita e Marco Macedo, ou do Karting, com os jovens pilotos Ruben Rua e Gonçalo Leite, ficando “escondida” a surpresa de também a dupla Armindo Araújo e Miguel Ramalho, recém-chegada da Austrália com o título de campeã do mundo (PWRC) condicionalmente na bagagem, participar do certame, sendo estes, naturalmente, os mais ovacionados pela pequenada. O objectivo de promover o desporto automóvel junto dos mais jovens, passando-lhes mensagens de segurança relevantes para a sua formação e consciencialização face aos perigos inerentes da condução, foi amplamente conseguido. E, de facto, juntar nomes sonantes à sensibilização da segurança e prevenção rodoviária, permitiu ainda atrair a atenção dos media, sendo que a cobertura alcançada ultrapassou as expectativas, segundo a organização. O evento proporcionado aos jovens estudantes de Matosinhos relaciona-se com o que considero poder ser um contributo muito válido para a sociedade dos desportistas em geral, neste caso dirigindo-se a um nicho particular e essencial como são as crianças, afinal o destinatário mais plausível quando queremos corrigir erros e omissões do presente, sendo que, dentro desses, a forma suicida como se conduz no nosso país seja uma vertente urgente de revisão. A junção dos factores atrás referidos – opinião e notícia… -, fizeram-me recordar uma recente proposta de um dos candidatos à presidência da câmara de Angra do Heroísmo, cuja intenção passa por construir, junto ao futuro parque empresarial da Achada, uma pista multifuncional dirigida à prática do karting, mas que agregaria outras valências. Efectivamente, a estrutura pensada seria equipada para nela se ministrarem cursos de condução e segurança rodoviária, numa noção de prevenção idêntica à que frisei no parágrafo anterior, e direccionada naturalmente aos mais novos. Nesse âmbito, e salientando a importância do desporto motorizado no concelho, e uma vez prevista a continuidade dos apoios municipais dados aos concorrentes dele oriundos, foi pensado o tal retorno de âmbito local, passando esse pela presença dos nossos pilotos mais em foco em acções a ministrar junto dos mais novos, para as quais a futura pista seria o palco ideal. Penso que o principio orientador da ideia deveria ser alargado a outras modalidades, sendo que sobre o automobilismo me sinto abalizado a retratar uma hipotética situação, tarefa que terei mais dificuldades de alinhavar no que aos relvados, sintéticos e pavilhões diga respeito, mas sempre tendo em conta a disparidade de apoios financeiros dados às diferentes modalidades desportivas na região e no país, num cenário onde os praticantes motorizados são tidos como menores. Isto numa clara proporção contrária ao número de espectadores que participam activamente nas diferentes vertentes dos desportos a que fiz alusão. Naturalmente que me poderão acusar de aqui fazer um “frete” ao candidato proponente da ideia referida, crítica que nem terá fundamento, afinal fui uma das pessoas consultadas para que a mesma ganhasse forma...