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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

Tempos.

02.02.09, MSA

Revi há pouco uma velha lista de aniversários. Folha e meia A4, já com uma cor envelhecida e com as datas de anos de pessoas e amigos que já não vejo há muito ou de quem quase não me lembrava. Hoje, dia 2 de Fevereiro, fez anos o "Baeta" (Paulo de Ávila de Melo, assim preferia ser conhecido, aliás sempre lhe chamei Paulo...), velho amigo de uma Angra já passada e que sei hoje deambula, mendigando, errante pelas ruas de Lisboa, depois de uma tormenta de actos de que não saiu vencedor. Longe vai a solene apresentação do seu livro "Ruas e Lugares da Praya (Notas para a sua História)", no já demolido Salão Teatro Praiense, onde do alto da sua barba ruiva, da bengala e da gravata vermelha fez garbo da sabedoria e investigação aplicadas. Sempre nos demos muito bem, numa razão de respeito que, ainda miúdo, também lhe soube impôr. E ele sempre o entendeu. Onde estiveres, Paulo, que o dia tenha corrido bem...


 

Fórum Mundial da Cultura Taurina (3º dia)

02.02.09, MSA

Na manhã de sábado Juan Carlos Illera del Portal (Universidade Complutense de Madrid) foi uma das estrelas a ter voz no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo. Um homem que já foi ameaçado em Espanha pela simples razão de falar a linguagem da ciência, mesmo sem sequer ser aficionado e tendo ido apenas a quatro corridas na vida. Mas o certo é que lança frases que “matam” a contestação à festa brava, referindo que “o toiro é um animal único” e que “os nossos estudos mostram que deixa de sentir após as primeiras estocadas, sendo que a sua agressividade cresce ao longo da lida”.
Segundo o professor catedrático de veterinária “o touro sente mais stress no transporte do que na arena”, sendo essa a razão porque os toiros portugueses “examinados após a morte, apresentam sinais de terem sofrido níveis de stress muito elevados”, pois são “transportados para o matadouro depois da corrida”.

Na sessão de encerramento do Fórum marcaram também presença os filósofos Victor Goméz Pin (Universidade Autónoma de Barcelona) e Francis Wolff (Escritor e docente da Écola Normale Supérieure de Paris), um dos autores mais lidos e aclamados pela aficion actual. Debateram ideias com o fadista António Pinto Bastos, tendo moderado a contenda o jornalista e escritor Fernando Sánchez Dragó. Duas breves notas sobre as intervenções de Pin e de Wolff. O espanhol referiu-se ao Darwinismo - e quase nunca tocou na vertente prática da festa -, como sendo uma falsa base filosófica que os anti-taurinos deturpam. Disse que “a razão não pode ser instrumentalizada” e que as manifestações, sem sustentação, de muitos anti-taurinos, "não têm sequer fundamentos”. Leu parte de um texto, que publicou no “Le Monde Diplomatique”, sobre a corrida de José Tomás em Barcelona (Setembro de 2008), onde a disparidade de atitudes se opôs à manifestação emotiva de exaltação, aquando do indulto do “diestro” a um toiro. Sobre a palestra de Wolffe, que não ouvi na totalidade, reteve-se a frase forte de que “a tauromaquia passou de uma festa espanhola para uma festa universal”, disse, apontado o “capital da tauromaquia atlântica” do cartaz do certame em liça.

No encerramento dos trabalhos, o matador português Vítor Mendes leu (em inglês, francês, espanhol e português...) as conclusões deste Fórum Mundial, exortando os aficionados a que “não sintam vergonha pela sua paixão pelos toiros” e a que permaneça vivo “um rito milenar que mantém unidas milhões de pessoas”. Despediu-se com a ideia, partilhada por todos os participantes, de que o evento se repita o quanto antes. Em resumo breve sustentou-se que “a tauromaquia é uma expressão das raízes mais profundas da cultura, dentro das suas múltiplas variedades nacionais e locais”, com o documento lido a garantir que “a criação do toiro, base e elemento fundamental do espectáculo, se destaca-se pelo seu actual ecologismo, numa grande defesa dos ecossistemas onde ele existe e se desenvolve, tanto na América como na Europa”.
 
E, em ritmo de anseio pelo mato e pelo frio nevoeiro, se dirigiram os presentes ao interior da ilha, rumo ao tentadero da Caldeira, da ganaderia “Rego Botelho” onde, e após parte da comitiva entrever pela chuva a recém-criada “Rota do Toiro”, nos aguardava um repasto de quente envolvência e uma Festa Campera onde, com sorte de varas, Gómez Escorial, tentou uma bezerra “RB”, afastando-se da bruma o sentido de que esta festa perde fulgor. Não foi isso que se respirou, durante três dias, na nossa ilha Terceira. E mais houvessem…
 
A manada, no sossego distante da caldeira...
(...)
O picador mira a acção de tentar a rês...
(...)
O público na casa do Tentadero "RB"...
(...)
Recorte de Gómez Escorial...

 

Fórum Mundial da Cultura Taurina (2º dia)

02.02.09, MSA

(não pude estar presente na conferência de Paço Aguado – “O Toureio na Cultura” e na mesa redonda “A União dos Aficionados” pelo que, de tarde, preferi criar um texto, à medida que o “maestro” Luís Francisco Esplá ia falando sobre a “Ética no Toureio”. Também nos toiros, o exercício da escrita criativa ou, no caso, acompanhada, pode dar lide…)

 
"Falou sentado, a forma mais próxima de estar frente ao público, elemento que está habituado a encarar de baixo para cima. Da arena para os aplausos. Realçou a convivência taurina que se sente na Terceira e optou por dividir as suas palavras em três “suertes”: o artista com o seu material; condicionantes históricas; e a moral na sociedade de hoje…
O toiro. A matéria que não tem a capacidade de entender as tradições em consciência, como devemos nós ter na essência. A vontade consciente do toiro é a de avançar no terreno. É a sua necessidade que impera, assim como o líder da manada também “manda” no campo, frente aos outros.
O decréscimo criado na vitalidade dos toiros deu outro espaço aos artistas, reduzindo as distâncias e concentrando o acometer da fera. O processo da criação inverteu-se, surgindo agora o toiro, o artista, e no final o diálogo técnico, a inspiração. Que surge com poucos, apenas com os melhores. De ambos.
Luis Francisco Esplá, falando no Auditório do Ramo Grande...
O toureio actual é mais argumentativo que episódico, seguindo as hierarquias que os tempos adaptaram para as sequencias que resultam em sortes. Ao toureiro exige-se, a toda a hora, o sentido heróico, a nobreza nas acções e a veneração ao público. Mas essas regras sustentam, no espírito do sacrifício, todos os movimentos do ritual (ndr-criando a magia da lide…). Assim se valoriza, como com os religiosos ou os militares, a relação próxima do toureiro com a morte. Há a entrega a tempo inteiro.
A contracção corporal do meio-corpo domina o toureiro. É uma contradição fisiológica esta dicotomia criada, com a parte aérea do corpo fluida e, da cintura para baixo, a rigidez da forma, e a fonte da inspiração para o ritmo e a cadência das lides como uma presença constante. Visual, auditiva e plástica. Fruto de uma grande harmonia.
Não há acidentes ou fatalidades para o toureiro. O que acontece, o imprevisto, faz parte da sua vida. A cornada, a colhida, fazem parte da acepção que tem da arte, sendo outra das maravilhas a vivência coerente que tem com esse medo constante. E que é assumido desde sempre.
A ética, em praça, chama-se vergonha toureira. Há apenas o receio presente de falhar a composição, encenada, pensada, e que busca o belo. A beleza e a qualidade são os dois únicos argumentos que sustentam o toureiro. O que não o impede de ter um sentido de vida único e verdadeiro. É esse mistério, ou será nesse mistério, sem discórdia que, para mim, habita toda a magia da arte de tourear. Dos campo até à praça. E as palavras do "mastro" Esplá assim o indicaram… "
 
Frase/conclusão que tirei desta tarde:
 
A lide ideal de um toiro tem de ser semelhante ao sentir o cheiro de uma flor até o gastar…
 
Após um intervalo houve uma mesa redonda, referente a “Toiros e Ecologia”, onde o debate claro sobre as condições de maneio e criação – feita entre ganaderos e com uma moderação activa e brilhante, mesmo bem humorada -, culminou com a comunicação excelente, de informação e graça, do Prof. João Pedro Barreiros (Universidade dos Açores), que traçou, em praça larga, princípios científicos com algumas crenças infundadas e parâmetros que se desviam no uso comum.
 
A projecção do filme “O Toiro”, do realizador Camilo Azevedo, encheu o Auditório do Ramo Grande de suspiros pela emoção, vincando a leitura, de um não-aficionado, feita a um mundo rico, poderoso e de contrastes. Sentido.
 
À noite, jantar e animação na beleza e modernidade do “novo” Clube de Golfe da Ilha Terceira. Tempo de trocar impressões e de um viver taurino entre amantes da festa.
 
Pormenor da decoração no "Golfe"...

 

De novo o olhar em destaque...

02.02.09, MSA

Esta é daquela imagens em que "está tudo lá"...

 

Mais um blogue de um excelente, e jovem, fotógrafo da nossa praça. Já agora também um amigo, o Bruno Ázera.

Este dá gosto ver...com algumas das imagens a darem também que pensar, para além de que as ajudas técnicas valorizam em muito o espaço. Clic!

Há ou não há Rali de Portugal?

02.02.09, MSA

Deve ser com este "emblema" que Portugal regressa ao WRC...

A recente entrevista, dada ao programa "Discurso Directo" da TSF e do Diário de Notícias, pelo Presidente do Automóvel Clube de Portugal, Carlos Barbosa, voltou a colocar em causa a realização do Rali de Portugal em Abril deste ano, isto caso não sejam recebidas garantias "por escrito" de que as verbas acordadas para 2008 com Estado português serão efectivamente pagas.

Dos dois milhões e meio acordados, um milhão já foi pago pelo Turismo de Portugal mas o restante, proveniente do Instituto do Desporto, ainda não deu entrada no ACP. Assim, Carlos Barbosa quer garantias escritas de que o dinheiro vai ser pago para assim garantir a realização do Rali de Portugal de 2009. Pode ouvir as declarações de Carlos Barbosa aqui.

Entretanto foram já reveladas as novidades para a prova deste ano, e que podem ser aferidas através do site "Ralis Online".


 

 

 

Cidadania pelo Terreiro de São Mateus.

01.02.09, MSA

Foi uma “verdadeira manifestação de cidadania” a que decorreu, ao início da tarde de hoje, junto ao Terreiro de São Mateus (Angra do Heroísmo, ilha Terceira), com um grupo de praticantes de surf e bodyboard a fazerem uma manifestação “de consciência e com consciência”, de forma a “alertar as autoridades competentes, e responsáveis pelo projecto que há para aquela zona”, para o “desvirtuar da natureza que ela poderá significar”.

 
A pose em defesa da natureza e do equilíbrio...
 
O grupo de cidadãos, que se afirma como “não estando contra a realização da obra”, aponta antes a falta de participação e de consulta pública na fase de projecto, referindo-se à gravidade da situação como sendo “semelhante à vivida em outros pontos da ilha, caso da onda de Santa Catarina (Praia da Vitória) ou o que se passou em Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel”, explicam
 
Reclamam por isso que haja “um ajuste na intervenção, junto à zona onde se pratica surf e bodyboard, sem mudar a filosofia geral do projecto”, e sugerindo que o mesmo avance, “só que começando no sentido Negrito-Terreiro, de forma a não atrasar a obra, e dando tempo de se repensar o pequeno troço final", diz nota distribuída hoje à imprensa.
 
O "logo" do movimento...
 
Reconhecendo ser “necessário consolidar-se aquele troço”, adiantam, porém, que “a criação de um talude quebra-mar de 14 metros é um sobredimensionamento da obra”, e sugerem que “em nome da dignificação da muralha existente”, sejam usados materiais contemporâneos, “mas com um suporte de apoio e protecção na base que não deve ultrapassar os 5 a 6 metros de dimensão do talude”, informaram.
 
porto das pipas PRESS

 PS-Colaborei com o acima referido grupo, embora me tenham dado as informações muito em cima da hora, no sentido de divulgar a iniciativa. Enviei uma nota para a imprensa, blogosfera "azórica" e afins na sexta-feira pela hora de almoço, tendo-se a mensagem espalhado pelos canais habituais, excepção feita ao jornal de maior tiragem da ilha Terceira, o "D.I."! Desconheço a razão e realço que, felizmente, até a RTP-Açores quis aparecer pelo Terreiro...


 

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