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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

Troféu ILHA TERCEIRA Motos & Quads’2006

31.01.06, MSA
RicardoCostablog.JPGSe conseguíssemos localizar no tempo as raízes do Todo-o-Terreno (pela vertente lúdica da actividade) na Terceira, facilmente se iriam identificar passeios de moto (bem) por fora de estrada ainda em plena década de setenta, ou seja na altura em que Portugal começou a admitir outros usos para alguns dos bens de utilidade aos dispôr das suas gentes. Por estas paragens, e por vias da grande actividade agrícola, os jipes foram sempre um instrumento de trabalho e o seu uso fora das principais vias era tão habitual quanto necessário. Assim sendo são as motos os veículos percursores do Todo-o-Terreno de diversão e lazer nas suas acepções mais puras. Foi com elas que se trilharam alguns dos pontos habituais das tiradas fora de estrada dos actuais passeios, e que se descobriram algumas passagens de deslumbrar no bonito interior da ilha lilás. Depois de, nos anos 80, o Motocross ter captado as atenções quase gerais das duas rodas por estes lados, o inícios dos já “Raides” promoveu ainda mais a prática do todo-o-terreno em moto, sendo que ainda estão activos muitos dos motards que iniciaram a dita “aventura”. E depois de partilharem com os jipes a grande parte dos eventos desportivos da modalidade, começou a fazer-se tempo de as motos (e os mais recentes companheiros de lide, os Quads…) terem provas mais de acordo com as suas características e necessidades.
E, sem grandes alaridos técnicos nem exigências de monta, nasceu em 2005 o Troféu Ilha Terceira Motos e Quad’s, assim numa espécie de “ano zero” para se aferir das possibilidades de sucesso. E como a coisa parece ter resultado 2006 terá também a sua edição, mas agora com os meses já delineados e com seis provas distribuídas pelas épocas menos quentes, sendo que todas levam já algum balanço pois são organizações experimentadas. Passando então da história para o futuro e pode dizer-se que este será o primeiro Troféu efectivamente, uma vez que só agora se terminou o “estágio” e se vão mesmo começar a apurar vencedores. Depois de, em 2005, se ter atingido uma média de 25 concorrentes por prova, ainda se esperam mais para os seis eventos do novo ano. A regulamentação das provas é simples e sempre igual, com todas a terem lugar ao Domingo e com inscrições ao mesmo preço (15 euros), e sendo compostas por duas etapas de regularidade (feita através de road-book), culminando as seis com uma prova de velocidade. A classificação fica estabelecida pelo cumprimento de controlos horários de passagem, previamente marcados, com a especial de velocidade (mais ou menos trialeira…) a funcionar como um aliciante para os mais afoitos, mas sem peso na classificação final de cada prova. Haverá depois prémios específicos para essa vertente, mas a tabela final deste Troféu’2006 será mesmo estabelecida com base na maior eficácia em seguir as quadrículas, símbolos e distâncias dos percursos escolhidos. No final do ano haverá então uma consagração em jeito de festa para os melhores, e onde todos poderão conviver. O que, pelas provas fora, também se fará na tasca “oficial” do João Camurça!
Mas isso será lá mais para Dezembro. Por agora vamos então saber quais serão as provas já designadas e passar já a avisar possíveis concorrentes e público, pois a primeira “tirada” é já no próximo fim-de-semana!

1ª Prova “Trilhos da Terceira” (5 de Fevereiro)
Organização: Paulo Brás.

2ª Prova “Atalhos da Ilha” (5 de Março 2006)
Organização: Ricardo Costa.

3ª Prova “TT Agrimoto” (2 de Abril 2006)
Organização: João Parreira.

4ª Prova “Moto Raid Lilás” (8 de Outubro 2006)
Organização: Paulo Jesus.

5ª Prova “Passeio Terra12” (5 de Novembro 2006)
Organização: António Nunes.

6ª Prova “Passeio Ilha 3” (3 de Dezembro 2006)
Organização: José Ponte.


Vidas novas.

30.01.06, MSA
Há uns sete ou oito meses recebi um SMS que dizia algo do género: "Em Janeiro do próximo ano nasce mais uma benfiquista..."
E de facto assim deverá ter sido, embora eu ache que nas crianças actuais, e face à informação que vão tendo da realidade desportiva, ser do Benfica é tudo menos uma verdade absoluta. Assim o espero. Mas, mais que isso, estou feliz pelos meus amigos Vanda e Miguel Bettencourt e pelos 3,600 kg de saúde que a sua Leonor ontem apresentava. Para além de um sorriso de pai babado como há muito não via...
Se lhe derem o exemplo dos princípios e da amizade que eles próprios utilizam com um prazer pela vida, então estou certo que a Leonor tem tudo para ser muito feliz. Mesmo que venha a ser do Benfica, o que ainda é perfeitamente evitável, já me sinto amigo dela...

Até que enfim...

27.01.06, MSA
A madrugada de hoje foi marcada na Terceira por uma operação de monta tendo em vista o combate à imigração ilegal e ao comércio sexual. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve de madrugada cerca de doze pessoas, portuguesas e estrangeiras, por alegado tráfico de mulheres e imigração ilegal. A notícia foi anunciada por uma fonte policial.
Segundo informações veiculadas já esta tarde as mulheres e homens detidos, alguns dos quais poderão também ser suspeitos de retenção ilegal de passaportes por privados, estão a ser ouvidos em primeiro interrogatório judicial, em audiências no Tribunal da Praia da Vitória.
A operação foi montada e desenvolvida pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, com a colaboração de outras forças de segurança, e envolveu rusgas em casas de alterne, bares e residências particulares da ilha Terceira.

PS-Estava a ver que ninguém fazia nada...!

Um Poema para o dia 26 de Janeiro de 2006.

26.01.06, MSA
PASTELARIA (Mário Cesariny)

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os
olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com
fome
porque assim como assim ainda há muita gente
que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

n' "aUNIÃO"...(há 50 anos)

25.01.06, MSA
-Corpo Docente da Escola Industrial e Comercial.

Foram recentemente nomeados professores da Escola Industrial e Comercial de Angra os sr. Arquitecto Fernando Sousa-Tecnologia e Desenho; Dr. António da Gama Ochoa-Formação Corporativa; e Dr. Moutinho Ferraz-Contabilidade e Geografia.
Aos novos professores da Escola Técnica que, pela sua competência e dedicação vão colaborar activamente na importante fase de renovação programática daquele estabelecimento de ensino, em que tanto anda empenhado o seu ilustre Director sr. Eng.º Rodrigues Teixeira, os nossos melhores cumprimentos.

Parabéns, Eng.º Sócrates! (crónica)

25.01.06, MSA
cavacoblog.JPGPoderia ter escrito algumas linhas ainda no Domingo à noite, ou mesmo na Segunda de manhã, quando a temperatura dos humores ainda acusava o calor do desalento verificado na noite eleitoral, face aos resultados verificados e que culminaram com o discurso de vitória de Cavaco Silva, eleito à primeira volta 18º Presidente da República Portuguesa e o sétimo após a Revolução dos Cravos de 1974. Mas assim não o fiz. Assim resolvi passar à prática a teoria de que não há melhor que descomprimir e relaxar antes de passar a letras e frases qualquer estado de espírito. É aconselhável, até porque qualquer estado de euforia ou tristeza pode cessar a todo o instante, enquanto as subsequentes noções escritas da sua passagem ficam eternizadas no papel. Respirado fundo o ânimo pós-eleitoral e acabei por não me manifestar de imediato. Ou seja, acabei por não vir para aqui dizer coisas do género “-Agora aguentem-se à bronca…foi o que quiseram!”, ou “-A casmurrice venceu e a divisão da esquerda tem apenas um culpado…”, ou até “-Se calhar julgam que ele agora vai ser assim bonzinho durante cinco anos de fio a pavio”…Nada disso. As eleições fazem parte do processo democrático e é preciso saber aceitar os resultados como sendo a vontade do povo. Ele é soberano, assim como as asneiras em que as suas escolhas possam ou não resultar. E claro que não fiquei contente com a vitória de Cavaco Silva à primeira (ou que fosse à segunda…) volta. Até porque o facto impediu que houvesse um confronto directo entre apenas dois candidatos que pudessem personalizar os espectros de direita e esquerda, podendo ser assim o dito “Centrão” – que descai ora para um ora para o outro lado conforme os (tais) humores de que há pouco falava -, o decisor comum, tal como nos últimos actos eleitorais da pátria lusa.
Contentes devem estar, pelo menos, três pessoas a esta hora. A primeira e de maior saliência é o Secretário-Geral do Partido Socialista (que acumula com o cargo de Primeiro Ministro…) José Sócrates. Contente por não ter apoiado em tempo devido uma personalidade como Manuel Alegre para personalizar uma candidatura aberta a toda a esquerda democrática. Contente por ter forçado Mário Soares ao último combate da sua carreira política e que acabou na saída por uma porta notoriamente pequena. Contente por ter mobilizado vários dos seus ministros para a campanha de Soares, deixando passar para a aura do Governo a derrota pessoal do ex-presidente. Contente por ter interrompido Manuel Alegre quando este fazia a sua declaração (ponderada e inteligente, por sinal…) após o conhecimento da vitória de Cavaco, tendo na altura referido que nada mais tinha a acrescentar ao que o porta-voz do PS veio atabalhoadamente dar desculpa no dia seguinte, referindo que ninguém dera pelo início (!) do discurso de Alegre. Contente ainda por ter sido entretanto divulgado que tinha uma alocução alternativa para o caso de haver uma segunda volta, e na qual apoiaria incondicionalmente a candidatura de Alegre. Senhor Primeiro Ministro, que sucessão de tiros nos pés! Incompreensíveis para quem arrasta ainda a muleta de uma recente queda na neve branca de umas férias retemperadoras. Terão gelado a perspicácia inicial deste nosso “Primeiro”?...
Contente deve estar também Jerónimo de Sousa. Não pelo nível da sua campanha, que até deve ser considerada como positiva pela forma como focou alguns assuntos. Mas simplesmente pelo facto de a ter mantido até ao fim, permitindo assim que a direita (que, pela sua forma de o pronunciar é assim uma coisa assemelhada à peste negra…) pudesse eleger o seu candidato logo ao primeiro embate.
Mais contente ainda deve estar Francisco Louça que, na busca incessante de protagonismo (talvez não se aperceba que já todos o conhecemos…), não se escusou a um discurso final em que mais parecia ter sido ele o vencedor das eleições. Não fez mais que Jerónimo e não permitiu nada mais que o líder comunista. Conseguiu, isso sim, foi ter menos votos…
Resta-me, em jeito de despedida, aqui sim reeditar o que escrevi logo na Segunda-feira de manhã. Depois de reconsiderar se daria ou não os parabéns (para além dos que viriam a titular esta crónica de hoje…) a alguém pelos resultados alcançados:

“Parabéns, Manuel Alegre.
Obrigado por fazer renascer em muitos a chama de que as pessoas são maiores que as siglas e as militâncias. No meu caso e de tantos outros, onde essa esperança apareceu pela primeira vez, nada mais haverá a dizer senão: Esteve quase. Tão quase como poucos haveriam de crer...
Obrigado pela lição de palavra e atitude. Pela voz, pela postura. Por uma beleza inerente à vida dos que a pensam e enfrentam com o coração.
Definitivamente foi aberta uma brecha no cinzentismo que rodeava os actos eleitorais. E essa cor cheira a Poesia. E às mãos que tão bem a criam.
Parabéns.”…

Temos Festas.

24.01.06, MSA
Sanjoaninas2006.JPGÉ com muito rigor orçamental que irão para a rua de 16 a 25 de Junho mais umas Sanjoaninas. As maiores festas profanas da região têm este ano o “Espírito Santo” como tema de fundo. A primeira apresentação das festas foi esta manhã em Angra sendo o programa provisório dado a conhecer. A raínha das festas tem 16 anos e chama-se Vanessa Barcelos. Reside em São Bartolomeu dos Regatos e frequenta o 11º ano da Secundária de Angra.
Os concertos tão aguardados também já tiveram a ponta do véu levantada. Assim dia 16 Boss AC vai animar o Cerrado do Bailhão - que volta este ano a receber as festas maiores do concelho em detrimento do ainda em renovação Porto das Pipas. No dia 18 o popular Emanuel é o cabeça de cartaz e dia 20 espaço para uma noite de Fado com cenário e decoração a rigor para brilharem as vozes de Teresa Tapadas e António Pinto Bastos.
Também a Feira Taurina de São João é aguardada com expectativa. Serão 4 corridas nos dias 17, 18, 24 e 25 com o toureio a cavalo a cargo de Joaquim Bastinhas, Luís Rouxinol, João Salgueiro e Tiago Pamplona que tira a Alternativa na corrida inaugural. A pé destaque para a presença de Mário Miguel, que poderá vir à Terceira já como Matador de toiros, e que vai ombrear com Luís Miguel Encabo e Ivan Garcia. Também José Luís Gonçalves regressa este ano à feira de São João. Os forcados serão os Amadores da TTT e os de Alcochete.

Pois, pois...

23.01.06, MSA
O discurso de Manuel Alegre na noite das eleições foi "interrompido involuntariamente" pela conferência de imprensa de José Sócrates, por desconhecer que o candidato presidencial estaria a falar, explicou hoje o porta-voz do PS.
Em declarações à Agência Lusa, Vitalino Canas garantiu que nunca foi intenção do primeiro-ministro interromper o discurso de Manuel Alegre que, pouco depois de ter começado a falar, foi retirado da emissão das televisões, que fizeram "directos" da intervenção de José Sócrates na sede do PS.
"Não havia qualquer intenção de interromper as declarações de Manuel Alegre, que tínhamos toda a curiosidade e interesse em ouvir", afirmou Vitalino Canas, garantindo que dezenas de pessoas podem confirmar que foi apenas uma "coincidência" que tirou Alegre do ar.
A entrada de José Sócrates na sala de imprensa acabou por ser adiada alguns minutos, quando a direcção socialista se apercebeu que o líder do PSD, Marques Mendes, estaria também a falar.
Quando Marques Mendes terminou de discursar, o Secretariado Nacional do PS abandonou a sala de reuniões e dirigiu-se para a sala de imprensa.
Foi durante o percurso dos "dois ou três corredores" que separam as duas salas da sede do PS que Manuel Alegre começou a discursar sem que nenhum responsável se tivesse apercebido.
"Entre a decisão de discursar e a deslocação até à sala decorreram quatro ou cinco minutos durante os quais nem nós nem os assessores estiveram atentos às televisões", recordou Vitalino Canas.
"Não estávamos informados que Manuel Alegre ia falar", afirmou o porta-voz do PS.
Em declarações à Lusa, Vitalino Canas acrescenta ainda que o próprio discurso de José Sócrates prova não haver qualquer má vontade por parte do PS em relação a Manuel Alegre.

Reconsiderei...

23.01.06, MSA
ManuelAlegreCampanha.jpgParabéns, Manuel Alegre.
Obrigado por fazer renascer em muitos a chama de que as pessoas são maiores que as siglas e as militâncias. No meu caso e de tantos outros, onde essa esperança apareceu pela primeira vez, nada mais haverá a dizer senão: Esteve quase. Tão quase como poucos haveriam de crer...
Obrigado pela lição de palavra e atitude. Pela voz, pela postura. Por uma beleza inerente à vida dos que a pensam e enfrentam com o coração.
Definitivamente foi aberta uma brecha no cinzentismo que rodeava os actos eleitorais. E essa cor cheira a Poesia. E às mãos que tão bem a criam.
Parabéns.

Pós-eleitoral...

23.01.06, MSA
Duramente digo (e já podia ter escrito qualquer coisa há mais tempo...) que estou mal disposto. Descrente nas pessoas com quem partilho esta nacionalidade e este país. E absurdamente siderado perante a cegueira de alguns e a falta de bom senso de outros.

As notícias estão gravadas e o melhor mesmo é só voltar à escrita amanhã.

PS-Não dou parabéns a ninguém. Pelo menos por enquanto.

Palavras.

20.01.06, MSA
QUASE UM AUTO-RETRATO, por Manuel Alegre.

Aos vinte e poucos anos escrevi: “meu poema rimou com a minha vida”. Era ainda muito cedo, não sei sequer se é verdade, embora muitas coisas me tivessem já acontecido: amores, partidas, guerra, revoltas, “prisões baixas”. O que mais tarde me levaria a dizer: “biografia a mais”. Muito antes, lá pelos vinte, tinha lido uma frase de André Gide que me impressionou. Dizia ele:“ a análise psicológica deixou de me interessar desde o dia em que cheguei à conclusão de que cada um é o que imagina que é.” Até que ponto sou o que me imaginei ser? Se soubesse pintar ( mas não sei ) faria o meu auto-retrato a olhar para ontem, ou para dentro, ou para outro lado. Distraído-concentrado, presente-ausente, um não sei quê.
Acusam-me de altivez e narcisismo. É sobretudo reserva, timidez e uma incapacidade física de praticar uma certa forma portuguesa de hipocrisia e compadrio. Ou talvez um tique que herdei de família: levantar a cabeça, olhar a direito.
Tenho desde pequeno a obsessão da morte. Não o medo, mas a consciência aguda e permanente, sentida e vivida com todo o meu ser, de que tudo é transitório e efémero e não há outra eternidade senão a do momento que passa. Talvez por isso seja um homem de paixões. Mas não vivi nunca póstumo, nem me construí literariamente. Sei que nenhum verso vence a morte. E não acredito sequer na literatura.
Na poesia, sim. Mas como ritmo, como música interior, canto e encanto, incantação, exorcismo, uma forma de relação mágica com o mundo. A um professor brasileiro que trabalhava numa tese sobre mim, respondi: “Escrita e vida são inseparáveis. Embora eu entenda a poesia como experiência mágica, algo que está aquém e além da literatura.”
Penso, como Texeira de Pascoais, que “o ritmo é a substância das cousas” e que “a poesia nasceu da dança.” Talvez por isso eu goste de flamenco, a música e a dança que estão mais perto do ritmo primordial, da batida do coração e da própria pulsação da terra. Gosto de flamenco e de um certo tipo de fado e dos tangos de Francisco Canaro. E também de Bach e Mozart. Pelas mesmas razões: o ritmo. E da poesia de Lorca que, ao contrário de ideias feitas, nada tem de folclórico ou regionalista, antes se aproxima das energias primitivas e essenciais e é quase, como diria ainda o autor de Marânus, “um bailado de palavras.”
Não sei se, como queria Rimbaud, consegui fazer “coincidir a essência da poesia com a existência do poema.” Cantei, canto. Demanda, errância. Não há senão esse procurar. Na vida, na escrita. Quando faço aquilo de que gosto, faço-o intensamente. A pesca, por exemplo. Ou a viagem. Ou a partilha: um bom jantar em família com alguns amigos, uma reunião conspirativa, a camaradagem na nunca perdida ilusão de que a revolução ainda é necessária e possível. Diria que é outra forma de escrita. Intensa, densa, tensa. Como o amor. E talvez a morte.
Herdei de minha mãe uma certa energia, o gosto da intervenção. De meu pai, o desprendimento, uma irresistível e por vezes perigosa tendência para o desinteresse. Inclusivamente pelos bens materiais. Não é por acaso que só me prendo realmente ao que poderia chamar as minhas armas: espingardas propriamente ditas, “gostei muito de caçar”, canas de pesca, carretos, canetas, livros ( alguns livros ), discos. Os grandes espaços: o deserto, o Atlântico, o Alentejo. E sítios. Certas cidades. Outrora agora: Coimbra, Paris, Roma, Veneza, Lisboa. Certos lugares: o Largo do Botaréu, em Águeda, o rio, a ria ( de Aveiro ), Barra, Costa Nova. Mais recentemente: Foz do Arelho, Barragem de Santa Clara. Certos recantos: a minha casa de Águeda, o solar, já perdido, da minha avó, em S. Pedro do Sul, as casas da minha tia e meus primos na Anadia, a casa de Sophia, a minha casa em Lisboa. A minha mulher, os meus filhos, a minha irmã, os meus amigos. Uma grande saudade dos que morreram, principalmente de meu pai, a quem, por pudor e reserva (somos parecidos), nunca cheguei a dizer em vida o que gostaria de lhe dizer aqui.

(Presidenciais) Debate amanhã na R.D.P.-Antena1...

19.01.06, MSA
Pois é. Foi desconvocado o único debate que iria juntar os seis candidatos à sucessão de Jorge Sampaio. E o mais caricato é que, dos seis, apenas o que lidera com larga vantagem as sondagens relativas às intenções de voto, se recusou a participar.
Ou seja não debate nada com ninguém a dois dias das eleições. E os portugueses vão votar nele...
Cada vez mais as pessoas me desiludem.

O melhor na Bélgica.

19.01.06, MSA
sergioconceicao.jpgSérgio Conceição foi distinguido como o melhor jogador do Campeonato de Futebol da Bélgica. O jogador português, de 31 anos, representa o Standard de Liège, depois de um fugaz regresso ao F.C.Porto em 2003. Antes de voltar a Portugal, Sérgio Conceição teve passagens de vulto por alguns clubes de renome do campeonato italiano: Lázio Roma (1998/2000), Parma (2000/01), Inter Milão (2001/03) e Lázio Roma (2003).
Parabéns!

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