Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

A7.

18.10.05, MSA
A equipa da Luz volta hoje aos relvados espanhóis, quase seis anos depois do célebre jogo contra o Celta de Vigo, no Estádio Balaidos (25-11-99), que viria a motivar a "anedota" da Auto-Estrada. Simples de contar, a história resumia-se a perguntar qual a Auto-Estrada que ligava Lisboa a Vigo, ao que se respondia: "-a A7"... Tudo porque foi esse o número de golos com que o Celta (na altura capitaneado por Mostovoi) brindou a turma da Luz no dito jogo. Na altura eu estudava no Porto e pensei ser o único autor da "piadinha"...até chegar às aulas no dia seguinte...
Hoje, e sabendo que o único jogador da equipa repetente em deslocações a Espanha é Nuno Gomes - que brindou o "meu" Porto com dois "secos" no Sábado -, nem me habilito a inventar mais graçolas. E amanhã vejo Futebol só em casa...

Ainda sobre o jogo de Sábado...

17.10.05, MSA
Nunca pensei sofrer tanto por ver um "clássico" no Dragão à distância. Nunca pensei que, passada quase década e meia, a equipa da Luz fizesse a graça de ganhar por ali. Apenas por regra não escrevo a falar mal do "meu" Porto, afinal, e se não o fiz na época passada, a lógica teria de impedir-me de tal...
Seja como for vi o jogo em três locais diferentes, sem nunca me sentir à vontade, e não roí as unhas porque já há tempos perdi esse vício...
Nem sei bem o que dizer sobre este "nosso" Porto. Apenas que me mexe com os ânimos de uma forma nunca sentida.
Nunca pensei sofrer tanto por ver um "clássico" no Dragão à distância...

Fim-de-Semana...

14.10.05, MSA
Está mais um à porta. As solicitações são muitas e as hipóteses de diversão não faltam. Dos toiros à musica. Do basquetebol ao humor. Do Todo-o-Terreno ao Futebol. Tenho tanta coisa para fazer nestes dois dias que nem sei como me vou orientar.
Falta-me apenas a companhia com quem gosto de partilhar tudo isto...
Saudades. De sobra.

Um Poema para o dia 14 de Outubro de 2005.

14.10.05, MSA
O MAR (António Ramos Rosa)

Ondas que descansam no seu gesto nupcial
abrem-se caem
amorosamente sobre os próprios lábios
e a areia
ancas verdes violetas na violência viva
rumor do ilimite na gravidez da água
sussurros gritos minerais inércia magnífica
volúpia de agonia movimentos de amor
morte em cada onda sublevação inaugural
abre-se o corpo que ama na consciência nua
e o corpo é o instante nunca mais e sempre
ó seios e nuvens que na areia se despenham
ó vento anterior ao vento ó cabeças espumosas
ó silêncio sobre o estrépito de amorosas explosões
ó eternidade do mar ensimesmado unânime
em amor e desamor de anónimos amplexos
múltiplo e uno nas suas baixelas cintilantes
ó mar ó presença ondulada do infinito
ó retorno incessante da paixão frigidíssima
ó violenta indolência sempre longínqua sempre ausente
ó catedral profunda que desmoronando-se permanece!

Coisas d'eleições... (crónica)

13.10.05, MSA
homemurnablog.JPGToda e qualquer apreciação às eleições do passado Domingo carece de uma reflexão prévia. Neste caso esperei quatro dias, durante os quais não tive a mínima vontade de escrever, o que permitiu ir alinhavando ideias sobre o que se passou, condimentado-as – aqui e ali – com as diversas reacções que os resultados foram motivando.
Logicamente que o Partido Socialista saiu derrotado da batalha autárquica no todo nacional. Um pouco devido aos já habituais “castigos” que os portugueses impõem à força que está no poder, assim como que a provar que não sabem mesmo destrinçar o que são diferentes eleições, mas também porque os erros de “casting” foram por demais evidentes. Na minha opinião os grandes vencedores da noite foram Carmona Rodrigues e Rui Rio. E se ao primeiro já era augurado o triunfo, face à postura altiva e irritante timbre do opositor Carrilho, já Rio travou uma dura batalha mas que veio provar a perspicácia dos portuenses na hora de ir às urnas. E claro que com isto não vou “misturar” Carrilho com Francisco Assis, já que o candidato socialista à Câmara da Invicta estava, notoriamente, muitos “furos” acima do marido da esbelta Bárbara. Outro dos embates aguardados era o de Sintra, onde João Soares voltou às derrotas (já lá vão três…que me lembre) e, mais que isso, o estridente Jorge Coelho (que passou a campanha a berrar um pouco por todo o território…num registo e violência que já não se deviam usar) se viu afastado de poder liderar a Assembleia Municipal. No total nacional a destacar ainda a subida de forma da CDU de Jerónimo de Sousa, prestes a provar que a “velha” esquerda ainda está bem viva e que se aguarde pelas Presidenciais para aferir o peso eleitoral daquela faixa. Ainda com direito a referência a falta de chama do CDS/PP que continua em busca de um rumo…ou mesmo de uma denominação definitiva! Do Bloco de Esquerda continuo sem saber o que dizer…
Mas mais do que os vencedores e vencidos, no que aos números diz respeito, acho que se confirmou a completa descredibilização do sector político. E as provas não podiam ser mais concretas com a eleição de candidatos (por margens, algumas, escandalosamente grandes…) que são arguidos em processos judiciais, que já fugiram à justiça, ou que são mormente nomes ligados ao que de mais “podre” há nos meandros autárquicos. Salvou-se a bela cidade de Amarante, onde o povo foi quem mais ordenou ao mandar por desbarato dar uma “volta” o senhor Ferreira Torres, que até dois jornais fundara para falar bem dele próprio. Eleitos com larga vantagem foram Fátima Felgueiras (cujo bronzeado não esconde as origens do recente exílio…mas, sempre presente!) e o voraz Valentim Loureiro que, à sua moda, não se escusou a ser novamente o mais selvagem na hora das comemorações. Isaltino Morais também ganhou mas com escassa margem e terá de dividir os dias com vereadores da oposição…enquanto faz contas à vida…lá por fora. Em comum tinham estas figuras o facto de concorrerem como independentes, uma “janela” aberta por recente legislação que, ao invés de fomentar a criação de movimentos supra-partidários, se destinou a albergar gente com problemas com a lei. Razão tinha, há dois dias, Macário Correia ao dizer que se sentia “mal por ter de dividir reuniões com pessoas de índole suspeita”…E logo ele, que não será umas das nossas sumidades em apreciações sociais ou tiradas de recorte (lembram-se da campanha em que “beijar alguém que fuma é como lamber um cinzeiro”…?)…
Por fim, mas não “para” o fim, a apreciação sobre os resultados eleitorais nas ilhas. Na Madeira o mínimo que se pode dizer é que a “máquina” laranja deve estar de novo oleada para ameaçar e contrair os espíritos. 11 Câmaras, 11 Vitórias para o PSD às ordens do boçal Alberto João.
Nos Açores a coisa fia mais fino. O PSD manteve 11 das 13 Câmaras conqustadas em 2001, perdendo Praia da Vitória e Ribeira Grande para os socialistas, que passam assim a governar em 4 das 5 cidades da região. De registar que a aparente vantagem no total de votos é enganadora, já que o PSD beneficia directamente com a retumbante vitória de Berta Cabral em Ponta Delgada (16345 contra 6119 votos), essa sim a vitória histórica a que Vitor Cruz se deveria referir. E calculo que se vá referir várias vezes à presidente reeleita nos próximos tempos…
Por cá, na nossa Terceira, a onda rosa “varreu” o lilás a preceito. E se, em Angra, a vitória de José Pedro Cardoso seria já esperada por muitos, na Praia a escassa vantagem de Roberto Monteiro sobre Clélio Meneses (3,3%) espelha bem quão disputada foi a eleição.
Tenho a minha visão dos factos e que é a seguinte: Em Angra do Heroísmo, e pese embora a escolha de Costa Neves - como “peso-pesado” da política nacional – a estratégia do PSD não se revelou desde logo como uma aposta de relevo. A campanha laranja, e o dito (vezes a mais…) compromisso Angra Concelho/ Angra Cidade, foi aguerrida no mau sentido. E não chegou à maioria dos votantes, mesmo face à envolvência pessoal que o candidato, e bem, nela delegou. José Pedro Cardoso foi previdente ao não entrar em polémicas, não beliscando assim a obra herdada (mas na qual participou activamente…) da gestão de Sérgio Ávila. Não se pense que o candidato do PS “dormiu” à sombra dos louros alheios, já que é sabido o grande trabalho que desenvolveu com as juntas de freguesia e que, logicamente, terá resultado numa vitória em que chegou a um maior número de votos (9495 contra 9341) que Sérgio Ávila em 2001, embora com uma percentagem ligeiramente inferior; Na Praia da Vitória a inversão de forças revela um certo “cansaço” político no Concelho, e onde foram apontadas as freguesias rurais como chave da vitória socialista. Pode não ser bem assim, e assuma-se que o Governo terá agora por certo um papel mais activo no desenvolvimento praiense. Não que não o fizesse antes, mas que o fará de outra forma isso é certo. Os dois candidatos equivaliam-se bastante no tocante à retórica e à defesa dos seus projectos. E, “tricas” e plágios à parte, o resultado de Domingo é um reflexo claro de uma escolha democrática, onde a sucessão política nunca é um dado adquirido, antes alinhando a Praia da Vitória por um padrão que já se viu em Angra. E o futuro dar-me-á ou não razão.
Últimas linhas para quem não foi votar. E ainda foram muitos. Tratando-se de eleições de cariz local, não aceito que nenhum dos abstencionistas do dia 9 se queixe de uma pedra de calçada ou buraco que seja. Foram chamados a responder e faltaram!...

Sentido.

12.10.05, MSA
Não adormeço sem sentir que sossegaste. Num respirar mais profundo reconheço que bates o coração em sintonia. Com o beijo de boa noite. Com o abraço da acalmia que sorri.

Desejo um sol posto em que o cheiro das flores se fosse no escuro.
Desejo uma fonte de àgua fresca que secasse ao entardecer.

Tudo e tanto. Tal como o Mar que se nos abre...

O último debate.

07.10.05, MSA
Estive hoje a assistir ao vivo ao derradeiro debate entre os candidatos à Câmara de Angra do Heroísmo, no auditório do Rádio Clube de Angra - uma "casa" que ainda me diz muito...

Não gostei, de todo, da postura algo mesquinha e arrogante de Costa Neves. Esperava outra atitude de um homem com nome feito na política e na vida pública. Acabou por embarcar nos casos pontuais e nos arrufos eleitorais para disfarçar um programa que, por completo e detalhado que seja, pouco traz de novo à realidade angrense. Podem ser 132 propostas, mas esperava mais de quem anuncia um "Novo Tempo" para a nossa cidade.
Também não posso dizer que tenha gostado da prestação do actual presidente José Pedro Cardoso. Julgo que deixou claro, ao longo da campanha, que o "fantasma" de Sérgio Ávila tem mais peso eleitoral que o desejado. Não foi claro nem convicto na forma de abordar as questões e deixou-se "apanhar" vezes demais nas rasteiras sucessivas de Costa Neves. Penso que o PS-Açores só teria ganho com um apoio mais eficaz na campanha e na preparação de um candidato que, mesmo assim, é ganhador.
Surpresa, pela positiva, por nova prestação equilibrada de Nuno Melo Alves, mantendo uma postura impoluta e bem humorada. O líder popular de Angra soube gerir bem as palavras e, como já tinha feito, mencionou os seus projectos na hora certa e no tom adequado. Dava um bom vereador, dava sim.
Quanto aos candidatos das duas forças da esquerda assumida presentes, nada de novo a destacar. Têm o discurso da totalidade dos seus ditos camaradas e nada me dizem às emoções. A esquerda "funda" só será alguém em Angra quando tiver candidatos daqueles de "coração" e alma aguerrida. E, já agora, o dom da palavra ajuda um pouco...

Em suma, tenho dois boletins de voto com destino assegurado - Câmara e Junta de Freguesia -, quanto à Assembleia Municipal será o dia de reflexão amanhã a fazer oseu papel. mas julgo que irá destoar dos restantes...

Caras.

07.10.05, MSA
Vejo dezenas de caras até chegar ao trabalho. Umas conhecidas outras não. Umas mais velhas outras que me fazem lembrar algumas que faltam.
Os carros mudaram, as cores das casas são outras, e a chuva destes dias dexou rasto na cal e nas bermas.
Vejo caras. Dezenas delas e com diferentes expressões e anseios. O que dirão da minha, logo pela manhã?...

Cores e sabores.

06.10.05, MSA
Sinto falta do nosso frigorífico sempre asseado e simetricamente arrumado. Sem pinga de gelo a mais ou ponta de frio a menos.
Sinto falta da nossa despensa com as cores ordenadas e todas as especialidades divididas por prateleiras e secções devidas. Mas sem ser enfadonha e com espaço para diversas coisas inúteis, como convém ter numa despensa.
Sinto falta dos refogados feitos a rigor e de um arroz a sair no ponto (a minha parte...), ou de uns panados estaladiços onde o limão imperasse e de um ovo estrelado fora-de-horas e risonho (a tua...).
Sinto falta. E tenho fome...

Objectivo: Praça Velha. (crónica)

04.10.05, MSA
cmahblog.jpgNo próximo Domingo o Portugal local vai a votos. As autárquicas são talvez o último reduto personalizado relativo ao dever cívico que é votar. Ou talvez não, afinal depois das “avalanches” partidárias apareceram os movimentos “por” isto e “para” aquilo, que “amam” e “sentem” lugares até à exaustão. E, como que a provar que a contemporaneidade vai acompanhando o acto eleitoral, surgem agora os movidos a processos-crime, os sempre presentes evadidos da justiça e outras medidas de coacção que tais. É o folclore das autárquicas no seu melhor com alusões aos símbolos dos ditos movimentos e recorrentes correcções ao quadradinho certo, de modo a convencer o mais desatento de que na hora é que interessa, e que mais que as pessoas valerão as cruzinhas… Isso sim é que os leva. E muito poderia agora dizer se embarcasse num retrato nacional destas duas semanas, por certo turbulentas nuns concelhos, sossegadas noutros e, no mínimo, anedóticas em pelo menos quatro ou cinco deste nosso luso quintal…
Mas não alinho por aí e prefiro, a poucos dias do acto eleitoral de Domingo, falar apenas dos cerca de 240 quilómetros quadrados, onde estou recenseado desde 1993, e onde habito de novo há cerca de dois mesitos: Angra do Heroísmo.
Cada vez mais, e na realidade açoriana, Angra vai seguindo os ventos da mudança. Primeiro acompanhando o todo regional na mudança de cor política e depois no crescimento eleitoral dessa mesma cor política, ultrapassando até as percentagens obtidas nas nove ilhas. Pode dizer-se que Angra é, de há uns nove anos a esta parte, o “chavão” por onde se encontra a tendência do voto açoriano. E tudo isto bateria certo, não fosse o simples facto de a força partidária que é oposição nos Açores desde 1996 ter a seu cargo treze das dezanove autarquias de Santa Maria ao Corvo.
Mas estas linhas não serão um claro apelo ao voto em nenhum dos candidatos à Câmara de Angra, a não ser que assim o entendam. Tenho, como qualquer pessoa que gosta da sua cidade, uma forma crítica de ver o que nela se faz. Facto que se calhar amplifico pessoalmente, dado que a minha nostalgia de sempre se enquadra nos ares que se respiram nesta Angra quinhentista, já ferida pelo sismo, mas sempre de cabeça erguida e pronta a novos desafios e descobertas. Por isso mesmo segui com atenção a metamorfose virada a mar que esta urbe de esquadria acertada sofreu nos últimos anos. E, mesmo sem ser um acérrimo defensor de algumas das opções – e que estiveram em discussão pública, isto para os mais incautos e que parece esqueceram isso no calor das campanhas… -, devo ser coerente com a sensação que hoje tenho ao abeirar-me da baía. Reconheco-a e sinto nela as afinidades de outrora, mesmo sabendo que já lá não estão alguns traços que me fizeram crescer. E a mim, como a muitos outros angrenses, o dever de reconhecer obra feita – com ou sem integral concordância pela linha seguida – é uma sequência lógica dos tempos. Os mesmos que também impediram que estas e outras obras fossem feitas mais cedo. Ou talvez reconhecer créditos e qualidades às pessoas ligadas a estas e a outras iniciativas. Não as mesmas que noutros tempos seguiram direcções distintas. Afinal eram outros e outras. Os tempos e as pessoas.
Como angrense de orgulho estamapado pela história da sua cidade, vejo com bons olhos muitas das distinções que a mesma vai levando mundo fora. Umas pela sua história emérita, outras pelo rumo que para ela se traça nesta altura. E é aí que páro, escuto e penso. Nem tudo pode ser feito de uma só vez. Nem para tudo haverá condições, fundos e disponibilidades imediatas. Mas o rumo está lá e traçado com o preceito que se impõe. Por estes tempos e por estas pessoas. E por um crescimento que se impõe como prioridade, desde que orientado e dimensionado às vontades e quereres de Angra. Dento e fora da sua malha urbana.
Com uma população de cerca de 28000 votantes, dos quais cerca de metade entende não exercer esse direito, vamos a ver quantos pensam pela mesma bitola que eu. Se é que a quis explicar