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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

13.Abr.05

Sentindo a Terra... (crónica)

Angra.jpgJá nem sei há quanto tempo não escrevo na minha terra. Não é uma sensação por aí além, afinal sempre que escrevo – ou quase sempre…- tento concentrar a atenção apenas nas letras e frases que se vão formando por associação. Sensação é sim aterrar na Lajes. Sensação é cheirar a humidade pelo lado menos incómodo que ela tem. Sensação é não avançar na rua pelos cumprimentos e afectos constantes. Sensação é recordar os tempos pela passagem nos lugares que os marcaram. Sensação é fazer um resumo de tudo isto…e dar-lhe o destino correcto na alma.
Fora de intimismos e tenho também a sensação do crescimento voraz e constante que se acerco desta Terceira, transformando as suas cidades em centros urbanos já difíceis de definir e delimitar. Não sou contra o progresso nem a evolução, apenas contra o mau gosto. E ele tem imperado infelizmente. Não me refiro às grandes obras públicas que tanto Angra como Praia fizeram crescer ao som de apoios bem aproveitados. Essas são de responsabilidades inerentes às autarquias e instituições governamentais e são elas quem tem de saber gerir as suas contas e as suas necessidades. Sobre essas nada digo mas muito penso. Refiro-me sim ao gosto individual de cada um de nós, especialmente às casas e inovações que vamos criando um pouco pelos arredores e acessos desta nossa rodela lilás. Aí imputo culpas directas a quem orienta e não educa, que mais não fosse a nível estético, já que ao que às dimensões diz respeito pouco haverá a fazer. Aí são os olhos e as barrigas que trabalham. Mas não entendo que se transfigure janelas de história e fachadas de recordação por duvidosas formas criativas assim em jeito de “mostrar” serviço em prol do progresso. Esse progresso que devíamos acompanhar com educação e com civismo. Afinal os olhos também são alvos de atentado ou provas de satisfação.
E não se pense que a disposição destas linhas é por hoje negativista e desgostosa, nada disso. Tenho gosto de ver e rever as esquinas e passeios desta Angra onde cresci. Vê-los pejados de gente e de movimento constante. Não me apercebo do ritmo das iniciativas porque o tempo é escasso, mas acompanho uma terra em que a oferta de ocupação de tempo dá um crédito diferente à qualidade de vida. E isso é tão preciso nos tempos que correm. Vejo gente expectante, cá como lá, das medidas provenientes de um novo executivo da República e alguns já críticos da demora efectiva de acções do governo das nove ilhas. Não o percebo de imediato, mas vai-se acentuando ao longo do dia e nesta pacatez disfarçada de rodopio onde os corações se trocam por uma bebida de entusiasmo e carinho. É na hora dos festejos e dos risos que os terceirenses se transcendem. Que aceleram as emoções ao extremo do acessível, o que por vezes impressiona e quase choca quem de fora. Provando uma vez mais que é preciso, também neste particular ambiente, saber crescer. Mas educando almas e sensibilidades. Isso sim é que é urgente.

13.Abr.05

Já "cheira" a rali na Terceira...

É verdade e quase nem se dá por ele...
Para quem, como eu, tem no sangue esta ânsia saudável que antevê a emoção na estrada, as coisas passam-se assim: o nervoso miudinho aparece e vai-se desvanecendo à medida que passam por mim carros de decoração garrida a ultimar pormenores e treinos. Tudo isso dá lugar à expectativa. A mesma que só acaba no pódio final...
10.Abr.05

E já está...!

Bolo1ano.jpgE num ápice se passou um ano. Nem faço a referência devido ao "aniversário" deste espaço, ao qual nem dei a atenção devida -e que queria- em várias alturas, mas sim à vida em geral. Ao tempo que cada vez mais passa nesse ápice que tentamos contrariar.
Neste ano que passou muita coisa mudou e nem sempre para melhor. Esta semana é tempo de fazer uma pausa merecida na vida que passa num ápice. E estou com a minha Anita na minha Terceira...
A gozar os olhares, os sorrisos, e o cheiro desta terra e desta gente que eu amo.
Parabéns ao meu (nosso) Blog!
08.Abr.05

Um Poema para o dia 8 de Abril de 2005

CORAÇÃO AO MAR (Miguel de Sousa Azevedo)

juntar o pôr-do-sol e a noite
num só gesto de coração,
amanhecer num cantar de olhos,
brilhantes, ao longe, num mar-prata
sem ser chão.

levar ao colo as delícias do viver,
tentar juntá-las, no tal mar,
de amanhecer.

do cantar de olhos fazer dia,
e brilhá-lo, mais de perto, no
tal mar-prata,
por companhia.

juntos o pôr-do-sol e a noite,
amanhecido o coração em gesto,
que brilhou, cantado, no mar-prata
com tudo o resto...

Porto, 8-FEV-2001
08.Abr.05

Aniversário.

Só hoje me apercebi que este nosso espaço vai fazer um aninho de idade já no Domingo.
E vai ser na Terceira a celebração...
Está quase.
06.Abr.05

Do dia em que vi um Lancia Stratos...(crónica)

StratosLisboa79.JPGNa passada semana, em pleno Parque de Assistência junto ao Estádio do Algarve, dei por mim rapidamente a pensar nas emoções e sentidos que me despertam aquele movimento e cores bem próprios dos ralis. A proximidade com os pilotos, neste último caso até estrelas do Mundial por lá andavam, a perícia dos mecânicos, a ansiedade dos responsáveis pelas equipas e tudo o que se passa naquela zona em particular. É que, mais do que nos troços, onde aí sim me delicio com a habilidade que é conduzir um automóvel de competição a alta velocidade (e em recinto ou local vedado para o efeito…), nas assistências ou parques fechados estou bem perto do encanto dos carros. Gosto muito de ralis, perícias, circuitos e tudo o resto, mas são os carros que me levam ao enlevo. Uns pelas suas formas e cores, outros pelo andamento que – já quietinhos -fazem sempre recordar, outros ainda pela simples magia do seu barulho…mesmo que ao “ralenti”…
Tinha pensado “desfiar” agora a lista de carros que mais me marcaram nas diversas vivências que fui tendo pelos ralis, alguns até unicamente relacionados a pessoas amigas ou a episódios mais ou menos caricatos. Mas isso fica para a acesa actividade dos fóruns de discussão na internet, para uma conversa de café ou para uma troca de impressões em cima de um qualquer muro junto a um troço de um qualquer rali. Vou só revelar aquele que é o meu carro de eleição no mundo mágico dos ralis: o Lancia Stratos.
Tinha apenas quatro anos quando foi tirada a foto que ilustra este texto. Apesar de já quase alinhavar as leituras mais primárias, estava ainda longe de saber que passaria horas a ler e a reler as encadernações do “Motor” dos anos 70 que ainda hoje me fazem sonhar. Talvez porque o próprio jornalismo daquela época retratasse as coisas de outra forma, o que se compreende pois havia poucas mais maneiras de o fazer que através de uma boa reportagem e algumas fotos (a preto e branco, que a cores só as de “top” mesmo…). À custa disso fui-me familiarizando com aquele estranho bólide, cujas aventuras e sucessos apenas conheci por forma de letra impressa e bem do fundo das noites de Arganil ou do Marão. O Stratos da imagem era um lindo exemplar “Stradalle” (como diria um bom “tiffosi”…), azul-turquesa, e que estava estacionado junto à casa dos meus tios em Lisboa. Bem pertinho de onde hoje se ergue o gigantesco “Corte Inglês” e com aquele ar rebelde que logo fez parar o meu Pai…e por acréscimo a mim! Nessa altura já me entretinha a “declamar” as marcas de todos os carros existentes na nossa Terceira, e que nem eram tão poucas como isso. Lembro-me perfeitamente de dois dos meus vizinhos mais velhos (ou, pelo menos, da geração “acima”…), o João Monjardino e o Zé Miranda, me irem inquirindo à medida que passava um carro na rua. Acho que não falhava um e havia até uma viatura em que “brilhava” pelo meu conhecimento: um já cansado DAF (julgo que era um “Marathon”) pertença de outro vizinho da altura, o sr. João Manuel Silva, ao qual poucas pessoas atribuíam a marca certa…parece que estou a vê-lo…
Mas voltando ao Stratos apenas para identificar melhor o modelo transalpino que me encheu e enche as medidas desde então. Nascido do traço genial de Nuccio Bertone, foi como mero exercício do estilista que o Stratos apareceu no Salão de Turim de 1970. Usava então o pouco potente V4 do Lancia Fulvia, mas a compra da Lancia pela Fiat, efectuada um ano antes, fazia antever a criação de um verdadeiro “ás” para as estradas do Mundo. Assim o “Projecto Zero” de Bertone, bem motorizado pelo V6 de 2,4 litros do Ferrari Dino, deu origem às necessárias 500 (embora ainda se diga que foram apenas entre 450 e 490…) unidades para a homologação do colossal Stratos. Era um veículo exclusivamente construído para correr, e fê-lo em várias disciplinas distintas, sendo que atingiu resultados de relevo apenas nos ralis. E não o fez em ainda maior escala pois, para além de ser um campeão potencial, o Stratos era também um carro estranho e de difícil comercialização. A sua aerodinâmica cuidada e inovadora e a posição quase deitada dos ocupantes, aliadas às portas que eram a própria armação do pára-brisas (ou seja não havia portas laterais…) e ao interior quente e barulhento, não fizeram muitos adeptos. Além disso as curtas dimensões do carro e a sua elevada potência transformavam-no num veículo apenas “conduzível” pelos grandes pilotos. E vários assim o fizeram, engrandecendo a história do carro. A mistura do aço com a fibra de vidro foi outra das imagens de marca do Stratos, que tinha ainda vidros muito peculiares: o traseiro em forma de persianas, o dianteiro em semicírculo com um só limpador e os laterais eram duas janelas rectangulares de correr. As portas eram grossíssimas e tinham espaço reservado para a colocação dos capacetes. Só visto! A entrada de ar no tecto canalizava o fluxo para o motor, que era central, e para a asa traseira. Os dois faróis escamoteáveis, aos quais se juntavam por vezes quatro volumosas ópticas no capot da frente, ainda hoje são sinónimo de agressividade em qualquer viatura. O Stratos, e quem dele gosta, teve apenas a rara felicidade de passar à produção quase como estava no estirador de Bertone e dos seus ajudantes de campo. Depois foi o que se conhece e pelas mãos de “mestres” de grande talento: Sandro Munari, Raffaele “Lele” Pinto, Mauro Pregliasco, Jean-Claude Andruet; Markku Alen, Bjorn Waldeggard, Bernard Darniche, entre outros, foram alguns dos eleitos para conduzir esta lenda viva dos ralis. O Stratos é agora cobiçado como carro de colecção e o seu preço atinge somas elevadas. Em termos competitivos somou sucessos e vitórias desde a estreia em 1974 até 1981, ano em que Bernard Darniche ainda levou o lindíssimo Stratos azul “Chardonnet” à vitória na Córsega. Para a história ficam ainda as lendárias decorações “Alitalia” (branco, verde e vermelho) ou “Pirelli” (preto, branco e vermelho) num carro que ainda hoje faz sonhar pequenos e graúdos…basta que o conheçam.
Já agora, e em jeito de fim de crónica, desde aquele dia de Dezembro de 1979 que não vejo um Lancia Stratos. Foi mesmo só aquele…mas identifico o som do V6 Ferrari de “letra”!...
05.Abr.05

Atitude

Palavras que ao vento nada digam. Sentidos que a chuva nem se incomoda a arrefecer.
Tudo revolto numa onda que corre o Silêncio até à rebentação.
E, na areia da angústia, tudo se desvanece, sob o sol retemperador da saudade...
03.Abr.05

Rui Duarte Rodrigues-"In Memorium"

O poeta e jornalista terceirense, Rui Duarte Rodrigues, faleceu no dia 26 de Março de 2004. Discreto e tímido, apenas publicou dois breves livros de poesia – Os Meninos Morrem dentro dos Homens (1970) e Com Segredos e Silêncios (1994) – e um ou outro poema disperso, mas com eles ganhou um lugar visível na literatura feita nos Açores. Em jeito de comemoração do primeiro aniversário da sua morte, um grupo de amigos do Rui Rodrigues achou por bem organizar um serão de música e poesia que terá lugar na Casa dos Açores, em Lisboa, no dia 8 de Abril, às 21h30. O programa incluirá uma breve palestra sobre a poesia do Rui Rodrigues e a leitura de poemas seus, alguns deles musicados e cantados.

A entrada é livre e é desejada. A divulgação também.

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