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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

28.Fev.05

Um Poema para o dia 28 de Fevereiro de 2005

O ESPANTALHO (Khalil Gibran)

Certo dia disse a um espantalho: -Deves estar cansado de ficar quieto no meio deste campo deserto.
Ele respondeu-me: -O prazer de espantar é profundo e grande, nunca me cansa.
É verdade, disse eu, também já conheci esse prazer.
Ele respondeu: -Só podem conhecer esse prazer os que estão cheios de palha.
Afastei-me dele sem saber se a sua resposta era de elogio ou de troça.
28.Fev.05

A ternura dos 30 (crónica)

BI-Miguel.jpg

Hoje faço trinta anos. Não é coisa que muito me marque, e posso dizer que há já umas primaveras que o dia de aniversário me irrita um pouco. Mas este ano é diferente. São três décadas e, por estranho que pareça, nas últimas semanas deixei de sentir o "peso" que inicialmente tinha atribuído ao facto. Naquelas antecipações que apenas o entendimento permite recebi um pequeno livro onde é retratado o que de mais marcante se passou em 1975, o ano da graça em que vim ao mundo. E, como do "contra" que sou, fiquei feliz em de novo confirmar terem sido 365 dias conturbados e activos, bem mais do que a vontade que às vezes tenho de ser coerente com o meu feitio. Fiquei então a saber que, com a minha gentil pessoa incluída, nasceram 93099 rapazes em Portugal durante 1975, ano em que se verificaram 103125 casamentos e 1552 divórcios, com a particularidade de essa opção ter sido legalizada, através de um acordo entre o Estado português e o Vaticano, exactamente 15 dias antes de eu aparecer na Maternidade Alfredo da Costa. Essa é aliás uma das coisas que nada me agrada no início de vida: ter nascido em Lisboa. Razões de saúde da minha Mãe, e a falta de condições necessárias a um parto seguro na Terceira, motivaram então a minha primeira viagem de avião - semanas antes ainda de nascer! -. E até o facto de ter "aparecido" de oito meses e de cesariana deu em episódio, já que nasci com acetona e rumei à incubadora, onde os meus quase 4 quilos (!) faziam a diferença para os demais. Segundo conta o meu Pai houve um senhor que, chegado ao vidro onde os jovens progenitores apreciavam os seus rebentos, terá dito: -Aquele já deve ter ido a casa e voltou -! Mas, continuando na "onda" de 1975, ano que viu nascer David Beckham e desaparecer Josephine Baker, para referir alguns factos políticos marcantes como a Cimeira do Alvor, o início da Reforma Agrária, as primeiras nacionalizações ou a aprovação - pelo MFA - do princípio da unicidade sindical. A independência de Angola e Moçambique foram, fora de portas, dois acontecimentos de vulto, assim como a invasão de Timor-Leste pelas tropas indonésias ou a queda de Saigão e o genocídio no Camboja. Em termos eleitorais e legislativos (e quando a noite do passado dia 20 está ainda "fresca") o PS venceu para a Assembleia Constituinte com 38% dos votos, seguindo pelo PPD (26,4%), PCP (12,5%), CDS (7,6%), enfim, coincidências dos tempos! A Guerra civil estalou no Líbano e os israelitas iniciaram a retirada do Sinai. Morria o ditador Franco e o Nobel da Paz era atribuído ao cientista soviético Andrei Sakharov. As pistas de Fórmula 1 perdiam Graham Hill, num acidente em que o próprio pilotava o seu avião e era lançado o mítico "Voando sobre um Ninho de Cucos", de Milos Forman, que catapultou Jack Nicholson para o estrelato até hoje. O Óscar para o melhor filme foi de "O Padrinho II", película que deu a Francis Ford Coppola a estatueta de melhor realizador. Os Pink Floyd cantavam "Shine you Crazy Diamond" e Fernando Tordo estava "Feito cá para nós". "A Ceia dos Cardeais" enchia os teatros lusos e a Presidência da República, a cargo de Costa Gomes, publicava um cartaz sobre os Direitos Humanos onde se podia ler "Todos os seres humanos nascem LIVRES E IGUAIS"!. Pois sim! Bill Gates e Paul Allen fundavam a Microsoft, enquanto o primeiro computador portátil era lançado no mercado e se descobria a vacina para a Hepatite B. Em termos desportivos (e não se pode ter tudo na vida…) o Benfica foi Campeão Nacional e o Bayern de Munique venceu o Leeds na final da Taça dos Campeões Europeus - onde só jogavam mesmo os Campeões dos vários países -. Niki Lauda conquistou o seu primeiro título e Portugal foi Campeão de Hóquei em patins do velho Continente. E é pelo desporto e pelo Futebol que páro agora o texto. É que hoje é dia de Porto-Benfica e as duas equipas partilham o comando da tabela. Nada de mais e acho que o Porto tem todas as condições para vencer, mas não vou ao jogo e quanto às razões da ausência apenas daqui a dias vos darei conta delas. A verdade é que, e a estatística não mente, das três vezes que este ano não estive no Estádio do Dragão (Beira-Mar, Boavista e Braga) a derrota em casa foi o resultado. Espero que muito me enganem as manias! Quanto aos meus trinta anos e ao balanço que deles faço nada de mais quero destacar. Tenho pensado muito na vida e não é num espaço de normalíssimas 24 horas, que a sociedade convencionou como sendo de festa, que irei alterar qualquer linha ao rumo que a mesma me tem dado. Dentro das limitações e dos problemas sou feliz. E essa é a única mensagem que me apraz trazer, sobre mim, neste dia aos leitores que me acompanham e aos que, possivelmente, me darão os parabéns. Que não seja por estar mais velho!

26.Fev.05

"pequenas" maldades...

Há duas ou três coisas, ligeiramente perversas, que gostaria, um dia, de fazer a duas ou três ditas figuras públicas deste nosso Portugal. Não vou revelá-las todas (até porque este "duas ou três" é indicativo apenas de várias dezenas...assim como nos números de telefone antigos...), mas posso enumerar aqui três...viram, não disse "duas ou três"...:

1) Atirar um ou vários ovos à cabeça de Manuela Moura Guedes. Mesmo que ela não estivesse a apresentar qualquer programa (o que lhe serviria de atenuante no número de ovos...).
2) Amordaçar, ou de algum modo calar, Teresa Guilherme e Júlia Pinheiro por alguns dias. De modo a que nada soasse vindo das suas atrozes goelas.
3) Despentear Paulo Portas em público, o que, mais que uma acção perversa, serviria de alerta ao próprio para o ridículo cabelo que ostenta. Em alternativa a Portas haveria personalidades como Germano de Sousa (ex-Bastonário da Ordem dos Médicos), Vicente de Moura (Presidente do Comité Olímpico Português) ou o Engº Sousa Veloso, mas estes servem apenas como exemplos. Nunca lhes desejaria mal algum.
26.Fev.05

Um Poema para o dia 26 de Fevereiro de 2005

TRANSFORMAÇÃO (António Botto)

É noite: na escuridão
As nuvens parecem fumo
E não deixam ver a Vénus,
Linda estrela da manhã!
Vai rebentar um chuveiro
Porque a ventania puxa
Uma grande tempestade:
Gaivotas em terra, fujo -
E fico ao pé de um guindaste;
Mas, nisto, uma divina claridade
- É o dia que rompe e a luz do Sol
Já numa tira ou faixa cor de rosa
Com misturas de azul e um verde claro
Que eu nunca tinha visto pelos céus!,
A chuva suspendeu, não houve nada
Senão a maravilha sem par
De uma linda madrugada!
Fiquei, sozinho, a fixar
Os astros que se abraçaram
Na luz de um silêncio quente
E em que se ouvia somente
No meu coração cheio de amor,
Mas sempre pronto para amar,
O riso inúmero das ondas
Na infinita vastidão do mar!
25.Fev.05

Acordar de claro

É o nome de qualquer coisa que já escrevi há uns anos. Na altura fazia-o frequentemente (acordar de claro, entenda-se...e embora não queira agora explicar o que é...) e, por vias e travessas da vida e do coração, reaprendi como se sente. É bom.
23.Fev.05

Não sei se é da chuva...

Mas toda a gente está a andar mais devagar. Sinto uma humidade nos sentidos que agudiza as saudades da Terceira. Nunca gostei da chuva e apenas um pouco do nevoeiro. Nestes dias, e nem sei bem porquê, até os respiro...
22.Fev.05

Um Poema para o dia 22 de Fevereiro de 2005

TODOS POR UM (Mário Cesariny)

A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza

Santos
Mártires
e Heróis

Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.

Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a pontos de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum
21.Fev.05

Esquerda, volver! (o regresso às crónicas n' a UNIÃO)

Já ando há cerca de cinco meses afastado destas andanças opinativas em página de jornal impressas. É pois tempo de tentar um regresso, que irei acompanhando com as mais pequenas “tiradas” que o meu blog albergou um pouco por todo este tempo.

Vem a jeito esta altura de retornar às linhas e aos parágrafos, horas após uma noite eleitoral de arromba e onde o povo português acorreu em massa para dizer um sonoro “basta” à maioria de centro-direita que nos (des) governava desde 2002. Tenho uma forma particular de interpretar o fenómeno eleitoral. É que, por estranho que possa parecer, já não voto desde 1998. Estou recenseado em Angra, e como nunca me “adaptei” – enquanto estudante – ao voto por correspondência, faço de mero espectador a todo este movimento sem exercer o meu dever cívico. Pode parecer mal, mas são as agruras de não mudar a residência que me levam a tal opção. E a verdade é que, por mor do que vou veiculando como opiniões minhas e reflexões do que vejo, até acho que é um outro tipo de papel o que me cabe. Mas chega de considerações sobre o que faço ou não nas urnas. É que, no passado Domingo, a pujança popular veio em defesa do que melhor quer para o país. O resultado foi uma valente “tareia” no espectro político de direita e um volte-face esperado, talvez não com tanta força anímica e união, que leva Portugal a um novo rumo e, esperançados desejamos, a sair da caótica situação económica e financeira que vive.

A vitória retumbante do Partido Socialista e de José Sócrates, com uma maioria absoluta inédita para a força política que dirige, foi, acima de tudo, um grito de revolta que os portugueses deram, aproveitando em todo o esplendor o direito à indignação que lhes é devido pelo sistema democrático em que nos inserimos. E quem melhor do que nós para achar que o mesmo estava a ser posto em risco a uma velocidade assustadora? Do controlo exacerbado e visível da Comunicação Social até ao louco assumir de levar um povo à derrocada em nome de um dito défice que, sabemos de antemão, as grandes potências da agora alargada Europa comunitária não respeitam nem temem. Tudo inserido num ambiente pesado de duvidosas conexões entre diversos poderes, e que nos levavam a olhar de soslaio qualquer medida anunciada, por melhor que ela nos pudesse parecer em intenção. O país está desmotivado e a pobreza de “algibeira” ameaça cada vez mais unir esforços com a de “espírito” e pautar pela mediocridade tudo que nos relaciona com a vida em sociedade. Pode parecer um quadro negro demais, mas quem fizer um pequeno esforço para interpretar os sinais que a nossa gente vai dando pelas ruas e vielas deste Portugal, tão “amado” em palavras pelos nossos políticos, facilmente chegará a um sentimento próximo do que aqui tento passar.

Os números da aguardada noite do dia 20 são claros e rigorosos. De novo a onda “rosa” invadiu o território nacional, consagrando um grupo que – por mais apedrejado que seja – nunca ficou muito longe do papel de governar. Houve sim outros, que por voltas de alianças em sede de poder bebidas, se outorgam como líderes e companheiros de um destino de mau agoiro à partida. Falo da coligação PSD/CDS (recuso-me a inserir aqui a ideia base de um partido de nome PP que já desapareceu…) e da forma altiva e facilitada como foi fazendo correr as coisas nos últimos três anos. Primeiro com, o agora todo-poderoso, Durão (que até o apelido já deixou cair…) e depois por intermédio do inefável Santana, sem dúvida um político talentoso, mas mais talhado para o “show-off” autárquico que para a governação dos destinos nacionais. Como também talento não faltará ao seu “compaire” de coligação, Paulo Portas. Apostado em fazer valer a sua demagogia, e sabendo agitar como poucos as duas ou três “bandeiras” que lhe restavam para a campanha, Portas apenas falhou…pelos votos que não teve! E a soberania das urnas não se fez rogada em castigar ambas as forças partidárias e em fazer crescer as outras alternativas de Esquerda em liça, a CDU de Jerónimo de Sousa e o Bloco de Francisco Louça e seus pares. Bem acima, num espectro de altitude e atitude mais descansadas e com tudo pelo seu lado, Sócrates nem foi brilhante nas semanas passadas nem fez explodir o carisma que ainda se espera. Foi activo quanto baste para capitalizar em números a ânsia do país. E foi merecido o resultado, como merecido é para os portugueses que tenha um cuidado extremo na formação do seu governo e nas primeiras medidas a tomar.

Em jeito de conclusão a este pequeno texto vou tentar situar-me num, para mim distante, cenário partidário. Há já cinco anos que não tenho “cartões” e duvido que volte a possuir algum. Em 2004 tive a honra de um convite para apoiar a recandidatura de Carlos César à liderança do Governo dos Açores. Por esse facto (presumo…) recebi há duas semanas um convite para estar presente no jantar de encerramento da campanha de Sócrates. Não fui mas, à minha maneira, fiz crer no seu projecto e na necessidade da reviravolta agora realidade. Nem em Outubro nem agora vim para os jornais clamar por nada (foram alturas de fertilidade aguda nos cronistas de ocasião…) nem por ninguém. Sinto-me distante da política…talvez pela efemeridade que nela se encerra. Numa visão apenas de quem partilha os seus pensamentos estou contente com esta vitória socialista. E começo a acreditar que afinal tenho uma “corzinha” política… se bem que pouco assumida. Haja esperança!
18.Fev.05

A última sondagem...e o meu voto para Domingo.

Foi ontem divulgada a última sondagem antes da batalha eleitoral do próximo Domingo. Sem grandes surpresas, pelo menos para mim, o PS deverá atingir uma inédita maioria absoluta e formará o próximo Governo português. O PSD, vítima das más opções da sua gestão e da total descrença dos eleitores deve descer até perto dos 30%. De realçar a subida prevista para as duas outras forças partidárias de Esquerda: a CDU e o Bloco de Esquerda. E ainda bem que assim é. Para completar o "ramalhete" dos meus desejos só faltava mesmo era o CDS de Portas nem abeirar os 5%...isso sim, é que era um Domingo bem passado.
Numa outra perspectiva, e bem mais pessoal uma vez que - por estar recenseado em Angra - não irei votar (o que já acontece desde 1998), hoje até devia ir à noite a Lisboa. Foi a vontade que me deu quando recebi o convite para o jantar de encerramento da campanha de José Sócrates, que terá lugar na antiga FIL. Mas não vou. Há já cinco anos que não estou filiado em qualquer partido e assim pretendo manter-me. O convite vem na sucessão do apoio que dei, integrando a Comissão de Honra à sua recandidatura, ao presidente do Governo Regional Carlos César em Outubro passado. Honra-me que o meu nome esteja junto dos muitos milhares que (ainda) acreditam haver bom senso e boa vontade neste país. E, havendo-o, vão votar. E votem PS. Era o que eu faria!
18.Fev.05

Entre livros e paz

Porto, Biblioteca Municipal Almeida Garrett (jardins do Palácio).

Aqui respira-se o silêncio de quem lê, observa, adquire e cresce. Com letras, cores, imagens ou sem nenhuma delas. Aqui dou um novo espaço a uma lenta aprendizagem. E, sem querer, vim parar ao meio daquele cheiro de papeís e estantes novas. De livros, borrachas e luzes brancas. Aqui calhou-me a paz...
16.Fev.05

Apenas mais um dia

Passaram-se horas, palavras, recortes de uma memória que voou a serrania das emoções. E sinta-se o frio da distância e o rasgar das emoções. Tal como se criam, os laços são também de desfazer. É é a felicidade que o Amor nos ensina o bem mais querido e que se quer preservar...

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