...

Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Hoje faço trinta anos. Não é coisa que muito me marque, e posso dizer que há já umas primaveras que o dia de aniversário me irrita um pouco. Mas este ano é diferente. São três décadas e, por estranho que pareça, nas últimas semanas deixei de sentir o "peso" que inicialmente tinha atribuído ao facto. Naquelas antecipações que apenas o entendimento permite recebi um pequeno livro onde é retratado o que de mais marcante se passou em 1975, o ano da graça em que vim ao mundo. E, como do "contra" que sou, fiquei feliz em de novo confirmar terem sido 365 dias conturbados e activos, bem mais do que a vontade que às vezes tenho de ser coerente com o meu feitio. Fiquei então a saber que, com a minha gentil pessoa incluída, nasceram 93099 rapazes em Portugal durante 1975, ano em que se verificaram 103125 casamentos e 1552 divórcios, com a particularidade de essa opção ter sido legalizada, através de um acordo entre o Estado português e o Vaticano, exactamente 15 dias antes de eu aparecer na Maternidade Alfredo da Costa. Essa é aliás uma das coisas que nada me agrada no início de vida: ter nascido em Lisboa. Razões de saúde da minha Mãe, e a falta de condições necessárias a um parto seguro na Terceira, motivaram então a minha primeira viagem de avião - semanas antes ainda de nascer! -. E até o facto de ter "aparecido" de oito meses e de cesariana deu em episódio, já que nasci com acetona e rumei à incubadora, onde os meus quase 4 quilos (!) faziam a diferença para os demais. Segundo conta o meu Pai houve um senhor que, chegado ao vidro onde os jovens progenitores apreciavam os seus rebentos, terá dito: -Aquele já deve ter ido a casa e voltou -! Mas, continuando na "onda" de 1975, ano que viu nascer David Beckham e desaparecer Josephine Baker, para referir alguns factos políticos marcantes como a Cimeira do Alvor, o início da Reforma Agrária, as primeiras nacionalizações ou a aprovação - pelo MFA - do princípio da unicidade sindical. A independência de Angola e Moçambique foram, fora de portas, dois acontecimentos de vulto, assim como a invasão de Timor-Leste pelas tropas indonésias ou a queda de Saigão e o genocídio no Camboja. Em termos eleitorais e legislativos (e quando a noite do passado dia 20 está ainda "fresca") o PS venceu para a Assembleia Constituinte com 38% dos votos, seguindo pelo PPD (26,4%), PCP (12,5%), CDS (7,6%), enfim, coincidências dos tempos! A Guerra civil estalou no Líbano e os israelitas iniciaram a retirada do Sinai. Morria o ditador Franco e o Nobel da Paz era atribuído ao cientista soviético Andrei Sakharov. As pistas de Fórmula 1 perdiam Graham Hill, num acidente em que o próprio pilotava o seu avião e era lançado o mítico "Voando sobre um Ninho de Cucos", de Milos Forman, que catapultou Jack Nicholson para o estrelato até hoje. O Óscar para o melhor filme foi de "O Padrinho II", película que deu a Francis Ford Coppola a estatueta de melhor realizador. Os Pink Floyd cantavam "Shine you Crazy Diamond" e Fernando Tordo estava "Feito cá para nós". "A Ceia dos Cardeais" enchia os teatros lusos e a Presidência da República, a cargo de Costa Gomes, publicava um cartaz sobre os Direitos Humanos onde se podia ler "Todos os seres humanos nascem LIVRES E IGUAIS"!. Pois sim! Bill Gates e Paul Allen fundavam a Microsoft, enquanto o primeiro computador portátil era lançado no mercado e se descobria a vacina para a Hepatite B. Em termos desportivos (e não se pode ter tudo na vida ) o Benfica foi Campeão Nacional e o Bayern de Munique venceu o Leeds na final da Taça dos Campeões Europeus - onde só jogavam mesmo os Campeões dos vários países -. Niki Lauda conquistou o seu primeiro título e Portugal foi Campeão de Hóquei em patins do velho Continente. E é pelo desporto e pelo Futebol que páro agora o texto. É que hoje é dia de Porto-Benfica e as duas equipas partilham o comando da tabela. Nada de mais e acho que o Porto tem todas as condições para vencer, mas não vou ao jogo e quanto às razões da ausência apenas daqui a dias vos darei conta delas. A verdade é que, e a estatística não mente, das três vezes que este ano não estive no Estádio do Dragão (Beira-Mar, Boavista e Braga) a derrota em casa foi o resultado. Espero que muito me enganem as manias! Quanto aos meus trinta anos e ao balanço que deles faço nada de mais quero destacar. Tenho pensado muito na vida e não é num espaço de normalíssimas 24 horas, que a sociedade convencionou como sendo de festa, que irei alterar qualquer linha ao rumo que a mesma me tem dado. Dentro das limitações e dos problemas sou feliz. E essa é a única mensagem que me apraz trazer, sobre mim, neste dia aos leitores que me acompanham e aos que, possivelmente, me darão os parabéns. Que não seja por estar mais velho!