Esta época comercial obriga-me a uma procura cuidada e extremosa por entre a oferta que se me vai deparando. Calço 42, tamanho que estendo às camisas - mas que nas calças vai mais ao 44 -, alterno o L folgado com o XL e tenho uma largura de ombros onde pouca roupa encaixa na perfeição.
Em suma, sinto-me uma vítima nesta altura dos saldos...!

E hoje à distância sobrepõe-se a saudade. É Quinta-feira de Amigos.
Posso por aqui mandar um abraço a todos os meus amigos, que preferia "entregar" pessoalmente, mas não acho que seja isso o essencial. Deixo antes uma palavra ao apreço que tenho por todos eles e, especialmente, dedico-lhes neste dia um sorriso e um afecto. Grandes do tamanho da nossa Amizade...
Divirtam-se!

Há coisas que fazemos inconscientemente. Várias são as manhãs em que, por via de me abstrair da primeira deslocação do dia, dou por mim a verificar quem apresenta um ar lavado e fresco de entre as pessoas que vou vendo. Há umas que facilmente dão a entender o seu estado de graça e asseio, outras não. Mas, e na grande maioria, apenas digo que os resultados da "pesquisa" são francamente desanimadores...ou "estercosos" mesmo!

O AQUÁRIO DE BOHM (Manuel António Pina)

Em algum sítio onde és um só
como dois gémeos divididos,
entre o nó da vida e o nó
da morte, sonho dos sentidos;

em algum passado invivido,
em algum princípio, em algum modo
da memória ou do ouvido,
em alguma estranheza, em algum sono;

ou em alguma espécie de saudade
física e inicial
de seres real,
pura exterioridade.

Sabem como são aqueles dias em que a nossa boa disposição parece estar num "jackpot" constante?
Pois é, o difícil é manter a tendência sem gastar todos os trocos...

Fazia umas fériazitas, mas nos Açores onde não pago estadia...sempre dava menos ao monte! Ou, pensando melhor, ia mesmo "estreitar" relações e conhecer Cabo Verde. Afinal os últimos cartuchos são para se queimar...
Boa, "Mogais"!...

BONITA (Miguel de Sousa Azevedo)

Passo os dedos, ao de leve,
por um rosto meigo ...

Imagino flores e sóis de mil cores,
luas-doces com sabores,

tudo que o faça brilhar
tudo que o possa despertar,
acordá-lo ao amor de uma manhã.

Cabelos lisos e macios, ao de leve,
tapam e enfeitam o rosto meigo...

Imagino uma viagem ao vento,
por um chão sem lamento,
tudo que os faça voar.

Porto, 9-MAR-1999

Aos 4 anitos ela era assim e a foto (era um slide...) foi tirada pelo meu Avô Jorge.

Agora cresceu em tamanho mas manteve a postura traquina e o olhar malandro...cresceu também muito mas dentro do meu coração.

Eu sei, eu sei.
Também não fui...

É sempre bom quando olhamos para o lado e sentimos uma alma que podia ter nascido no nosso dia. E passa o tempo e esse olhar nunca bate no horizonte, apenas o sonha acompanhado.
Quando passa mais um ano e encontramos a vivacidade da nossa criança nos seus actos não a repreendemos. Vamos antes ao parque e brincamos com ela. Vamos à praia e ensinamos-lhe que não nade sem ter pé. Vamos ao circo e damos-lhe as gargalhadas que a vida lhe foi tirando ao acaso. E rimos com ela por nos fazer crescer...

Derlei está de partida para o Dínamo de Moscovo, onde será colega do ex-boavisteiro Frechaut e do ex-sportinguista Danny. O avançado brasileiro, que completa 30 anos em Julho, vai experimentar o futebol russo, num adeus antecipado a Portugal.

ELE É O NINJA, O NOSSO NINJA
EM TODO O CAMPO, SEMPRE A LUTAR
SABEM QUE UM GOLO ELE VAI MARCAR
ELE É O NINJA, O NINJA DERLEI!

BOA SORTE, NINJA.

ONDE NÃO SE FALA DO SILÊNCIO (Álamo Oliveira)

não amealhem versos como se fossem dólares
comprem amarelos pintem-se
de pinheiro -
são fortes dão farelo como as mulheres na cama
em dia de beber
a dança
o ventre
a espiral
do medo onde descansa a ilha. cada vez
há mais poemas na barrela: coram ao sol e
aguardente.
(a vida está tão pesada ao ar livre!)

Fechem a janela!

a cabeça tem um dente cariado e ri dos outros.
não há guerra dentro da chuva...
as nuvens são pátrias em sossego.

RETRATO (Cecília Meirelles)

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:

– Em que espelho ficou perdida
a minha face?

The Promenade (Marc Chagall)

.

e levei a mão à cabeça, num gesto premeditado, para que o mesmo acompanhasse a gravidade da percepção...
Dei conta de que o tempo passara, de que eram já horas de limpar as lágrimas e arrear amarras daquele sentimento para fora. Lentamente, com um andar cuidadosamente estudado, atravessei a rua contente por ninguém ter percebido...