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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

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miguel sousa azevedo - terceira - açores

31.Mai.13

TAC...o nosso clube

Uma reunião do TAC de outros tempos...

O final de 1988 foi um dos períodos mais conturbados da história do Terceira Automóvel Clube. Instalado dois anos antes na nova sede da Avenida Jácome de Bruges, o TAC parecia reunir condições de trabalho únicas, mas várias incompatibilidades entre a sua comissão automóvel e a direção em funções motivaram uma desagradável cisão. O resultado visível foi que, em dia de Assembleia Geral e de eleições, acabaram por surgir duas listas. Um cenário inédito, com a segunda equipa a aparecer já durante os trabalhos, acabando mesmo por vencer e reelegendo o presidente cessante.

Mais que um clube, o TAC foi, para muitos, quase uma razão de viver. Centenas de pessoas acompanharam o seu crescimento de 38 anos, com o desporto automóvel como mote, mas também visando o orgulho de ser terceirense, de apresentar qualidade, de inovar. Hoje é dia de eleições no TAC e, pela segunda vez na história, serão dois os candidatos a liderar os seus destinos. Agora para o biénio 2013/2015.

Posso dizer que cresci dentro do TAC. Posso afirmar que conheço quase todos os seus episódios mais recônditos. Posso aferir que a paixão pelos motores e pela competição automóvel junta muito mais gente do que pensamos. E também posso dizer que este TAC com 13 anos de século XXI perdeu fulgor como clube, sem com isso desmerecer a sua atividade desportiva ou a excelência das suas organizações. Mas longe vão os tempos da ostentação vaidosa, nos vidros dos automóveis, do belo emblema criado pelo Rafael Barcelos.

Dir-me-ão que foram os sócios que se afastaram, ripostarei que há formas diversas de os atrair e fazer voltar. Dir-me-ão que as vidas são outras, ripostarei que recordar horas idas é uma arte, não apenas nostalgia.

Numa listagem de associados a que tive acesso - datada de janeiro último -, são várias as dezenas de "abandonos" nesta longa classificativa que é a história do TAC. Entre antigos pilotos e navegadores, contei mais de 30. É um sinal ligeiro, mas que significa bem mais do que parece. O TAC de outras décadas era um clube para suar a camisola. Hoje não sei se há mesmo orgulho em ostentar as três letras debruadas com a palma de triunfo, que identificam uma instituição de utilidade pública que honra a nossa terra.

Bem sei que, nos tempos que correm, toda e qualquer associação de porta aberta se pode resignar à dependência dos dinheiros públicos, à essência politizada como os mesmos são atribuídos e distribuídos, colocando essas entidades em posição submissa. Mas o TAC é bem mais que isso. O seu ecletismo, renascido há alguns anos, vem na sequência de um grémio criado nos tempos da luta pela liberdade. Algo que tenho visto distante de uma gestão que, embora apaixonada, devia refrear-se em alguns reparos e situações. Não critico por sistema, nem sou de esconder o que sinto. E não sinto este TAC imbuído do espírito que o fez surgir. Que espero seja recuperado.

Num regresso de passagem ao início do texto, que mais não é que um breve desabafo de um associado - que vive o seu emblema de forma ardida e que nunca será parte integrante dos seus corpos socais -, lembro que os dois candidatos a presidente em 1988 também constam da extensa lista de sócios que se afastaram do TAC. Entre muitos que, desejo sinceramente, regressarão um dia...