Politicamente falando...ou não
Foto: Direitos Reservados
Na semana que hoje termina, foi aprovado na Assembleia Regional o plano do governo para a legislatura que agora começou, um documento que mereceu apenas a concordância da bancada da posição, sendo que até se tratava de um rápido "copy+paste" do programa eleitoral do PS, vencedor com maioria absoluta a 14 de outubro.
Durante muitas semanas, fui-me esquivando ao comentário puramente político, coisa que amiúde faço noutras plataformas onde a partilha de opinião tem um retorno mais claro que as páginas deste (quase extinto) jornal diário. O certo é que, de entre algumas pessoas que me costumam dar o seu aval aos desabafos em forma de texto, esta fórmula será a que menos as atrai como leitoras e (ou) amigas cá das prosas...
Vai para seis anos que exerço funções diretamente ligadas com uma força partidária. E já se passaram mais de dezasseis desde que entrei na área do jornalismo ativo, pelo que o discurso político não me coloca segredos, assim como as diretrizes que norteiam a vida pública dos eleitos e candidatos se tornou coisa corriqueira em termos de apreciação.
Vai daí, há que juntar-lhe a opinião própria, uma coisa quase tão em desuso como o fax ou os televisores convencionais. Na sequência lógica que poderão pensar para o texto, este é o ponto em que começaria a desfiar as incongruências do programa eleitoral/de governo socialista, as suas lacunas, as áreas eternamente esquecidas ou mesmo os lapsos que agora surgiram em torno de questões importantes e que, assim parece, desapareceram para o executivo liderado pelo antigo titular da Economia. Pois olhem que não. Para isso há atores já habituais, uns de um lado outros na trincheira contrária, que por hábito ou crença se digladiam a cada semana nesse sentido. E porque me fez mais diferença registar que, passados dois meses da última sessão plenária - extraordinária, no início de setembro -, afinal está praticamente tudo na mesma. Por vontade expressa dos açorianos, por mérito emergente da extensa máquina do poder, por desconhecimento da real situação financeira que estas ilhas vivem, por demagogia, por adoração ou somente por despeito em relação às outras opções, a via açoriana descambou numa paz de maioria absoluta. Uma maioria com tiques totalitários, com o eleitoralismo à flor da pele, com o populismo - balofo ou não - intrínseco de quem cativa audiências e, principalmente, com o saber acumulado de mais de década e meia a movimentar cordelinhos, personagens, ações e futuros. Por mais que recordem os tempos dos governos laranja de Mota Amaral para, ainda hoje, justificarem algumas opções ou falhas, nem por sombras pensem os magos da onda rosa que se podem comparar 20 anos de então a estes 16 que agora se completam. É que o mediatismo e as redes sociais valem mais do que qualquer sermão e missa cantada...
PS- Falta escrever apenas uma crónica até ao baixar do pano sobre o jornal diário "a UNIÃO". Não tarda a despedida…