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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

A tacanhez pelo mérito...

21.08.12, MSA

Jorge Forjaz...

Foto: DI

 

A ignorante partidarite que grassa na nossa realidade social e que, também na Terceira, se sente de forma enjoativa, causa permanentemente mossas e desavenças que normalmente se evitariam. Vem a propósito a recente recusa do historiador terceirense Jorge Forjaz em receber a medalha de mérito municipal pela Câmara de Angra do Heroísmo, um episódio revelador dessa mesma partidarite e das invejas pequeninas que a movem.

Tudo porque a distinção foi aprovada por unanimidade pela câmara para depois, e mercê da legislada votação secreta, a Assembleia Municipal angrense mostrar reservas sobre a mesma, que era acompanhada pelos nomes de Reis Leite, Álvaro Monjardino, Avelino Meneses e - a título póstumo - Adriano Paim. Nenhum dos nomes colheu consenso geral junto dos doutos deputados municipais da cidade património. Assim, compreende-se de forma inequívoca a recusa do distinguido, conforme o mesmo explicou ontem à Antena-1/Açores...

Também Reis Leite e Álvaro Monjardino deverão faltar à cerimónia marcada para hoje, o dia da cidade, às 20h30.

O episódio é por demais triste, porquanto a bancada da Assembleia Municipal possui um manancial de reações ignorantes a tudo que sejam opiniões fora da esfera do poder instituído no concelho e na Região. Sobre o visado, que até é meu tio e a quem reconheço estaleca e capacidade intelectual para ultrapassar de pernada este desrespeito tacanho, sendo que recordo duas passagens em que a dita partidarite o tentou agredir, não manchando a obra longa que possui ou o interesse desmedido por uma cidade que insiste em morrer devagarinho.

Em 1997, sendo candidato à câmara pelo CDS-PP, Jorge Forjaz viu negada a utilização do salão nobre dos Paços do Concelho para a apresentação de um livro da sua autoria. A posição polémica foi assumida pelo então presidente da edilidade, Rui Andrade, que se candidatava pelo PSD. Partidarite, portanto.

Mais recentemente, e numa inconsequente apresentação/imposição municipal do projeto de requalificação para a Praça Velha (quando até os bancos sem costas já estavam comprados...), o historiador pediu a palavra e deu voz ao que muitos dos presentes pensavam mas nem disseram, tal era o disparate constante numa sessão pública inútil. A ele se atirou, de faca nos dentes e clara indelicadeza, o atual presidente da Assembleia Municipal, Ricardo Barros, ali presente, ao que me pareceu, como cidadão. Face a uma opinião sustentada, a partidarite atacou novamente...

No caso presente, e esboçando um cenário não longe da realidade, os nomes de Jorge Forjaz, Reis Leite e Álvaro Monjardino estão intimamente ligados ao processo que retumbou na classificação de Angra do Heroísmo como património mundial da humanidade. Vai daí, diz a populaça que os mesmos serão culpados pelas restrições técnicas nas obras dos edifícios no centro histórico, que se tem de preservar e manter, atrasando irremediavelmente o progresso municipal. Em traços largos, e sem mais tolices, é esta a voz corrente alimentada nos corredores da governação, sem sequer se fazer por explicar a importância do processo que levou à classificação da cidade, e que é devida à sua importância histórica. Avelino Meneses terá contra si obra escrita e ter sido reitor na Universidade dos Açores, enquanto a carreira médica de excelência de Adriano Paim também não é merecedora de passar no crivo das inteligências que representam o município.

Acresce que os três primeiros nomes da lista assinaram papeis de relevo como governantes e detentores de cargos públicos, tendo Álvaro Monjardino (que também foi ministro) e Reis Leite presidido à Assembleia Regional, em cujo plenário deixaram saudades.

Pfff, o que interessa reconhecer o mérito a esta gente?

 

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