Sucessos, tradições e árvores...
1-Três décadas de Pinto da Costa à frente dos destinos do Futebol Clube do Porto deram tanto ao desporto nacional como a revolução de abril deu à aclamação da democracia e à instituição da liberdade. O carismático presidente do emblema azul-e-branco personifica o sucesso nacional e, acima de tudo, a vitória sobre o centralismo herdado do Estado Novo, em que Portugal era composto por Lisboa e seus arredores, e nada nem ninguém poderia ameaçar a supremacia da capital. Atendendo a que o futebol - mas recordando que a equipa nortenha domina em várias frentes do fenómeno desportivo luso -, é uma motivação social em tudo superior à política ou à cultura, isto também atendendo às incoerências vivenciais e às carências que nem em liberdade se resolvem, não será exagero nenhuma das comparações atrás avançadas. Desde a final de Viena (Taça dos Campeões Europeus) em 1987, até à mais recente conquista da Liga Europa (2011), passando por Sevilha (Taça UEFA) ou Gelsenkirchen (Liga dos Campeões), são às dezenas os títulos nacionais e internacionais que o grémio do dragão personifica, sendo o seu dirigente máximo o que mais conquistas conseguiu, a nível mundial. Uma imagem de sucesso, marcada pelas desconfianças que a comunicação social tão bem alimenta, mas que na prática demonstra o saber e a astúcia de um presidente carismático…há 30 anos.
2 – A recente petição entrada na Assembleia Regional para impedir a aplicação de dinheiros públicos na tauromaquia açoriana é mais uma ação desprovida de apoios e fundamentos próprios, bem na senda das últimas ameaças por pseudo-defensores dos animais, que em mais nada parecem contribuir para o bem-estar das espécies no arquipélago. Nunca, nos anos mais recentes, se viu nada vindo de tais agremiações ou grupos para impedir e punir o abandono de animais domésticos, a melhoria das condições em explorações e afins, a implementação de campanhas ativas para tirar das ruas os animais vadios, o firmar de regras para canis ou matadouros, enfim uma intervenção que não vá contra costumes e tradições sem anseios de promoção pessoal ou “show off”. Foi assim com o recente fórum mundial da tauromaquia, tem sido assim quando há maiores levantes em torno da festa brava, uma instituição cultural assumida e instalada em várias ilhas da região, na qual há melhorias a implementar, mas que tem o condão da opção, tal como qualquer outro fenómeno cultural, quer no tocante aos espetáculos à porta fechada como nas manifestações de rua ou de campo. Legislar sobre as vontades não é certo, como não é certo só dar a cara quando dá jeito. Mas acontece…
3 – Prossegue em massa o corte de árvores nas artérias da cidade de Angra do Heroísmo que, já depois da Praça Velha, avançou em mais três avenidas, apontando agora as autoridades municipais a serras à Avenida Infante D. Henrique, que será a próxima a levar a poda fatal. Pode concordar-se com todas as razões invocadas pela autarquia para tal desfecho, até porque havia visíveis fundamentos em vários sítios para retirar árvores. O problema é que nesta terra se faz tudo pelo avesso, ouvindo a opinião das pessoas, e ao que se sabe dos entendidos em várias matérias, quando os passos estão dados e as intervenções em andamento. Mais do que remendar à vista um sem-número de artérias, que são alvo de obras avulsas e sem ligação, é preciso planeamento e coerência na nossa cidade património. O corte a eito de dezenas de árvores, a recente intervenção nas calçadas, os asfaltamentos quase ao nível dos passeios de algumas ruas ou a contínua desregulação cultural em rumo incerto são provas de que essas condições vão faltando. Nem se trata de dizer que tudo vai mal, mas antes alertar para a escassez na melhoria…