Foi com alguma surpresa, talvez até preocupação, que esta manhã li a notícia - uma das muitas... - relativa ao "Emmy" recebido por uma produção nacional, no caso uma das longas e desgastantes telenovelas da TVI. O galardão internacional, entregue ontem em Nova Iorque, distinguiu a saga "Meu Amor", que entre outras estrelas alberga no seu elenco a eternamente sensual Alexandra Lencastre e um bastante malvado Nicolau Breyner, tendo a mesma derrotado a produção filipina "Dahil May Isang" e a trama argentina "Ciega a Citas".

Pessoalmente, a coisa diz-me bem pouco. Tenho uma confirmada alergia à produção ficcional portuguesa que nos entra dia fora pela casa dentro, com destaque para o soporífero e aterrador ambiente que a TVI consegue congregar em torno de uma mole de telespectadores convictos de que aquilo é mesmo bom. Até porque é nacional...

Não ponho em causa o profissionalismo ou o talento de actores, produtores, realizadores, maquilhadores e afins, mas os enredos são maus, as fitas arrastam-se no tempo e adaptam-se de forma patética aos temas da actualidade, pretendendo - sem sucesso - fazer ver uma fantasia que, de tão fantástica, se afasta por milhas do que resta de verdade a uma vida que não é assim. Apenas se atestando que a falta de valores vigente naquele canal significa o segredo para a vitória nas audiências.

Nunca vi "Meu Amor" durante mais de três minutos seguidos, pelo que a minha opinião é tão sectária e radical quanto isso. E nem o prémio me fará ver mais... apenas me alertando o desígnio para que, também na pátria raínha da ficção mundial, o mau gosto parece ter sucesso. Ou, pelo menos, uma imensa falta de concorrência.

Possivelmente este prémio será aproveitado politicamente para dizer que "até na ficção Portugal dá cartas". Vá lá, sempre se remata certeiro pela fuga constante à realidade lusa...