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PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

PORTO DAS PIPAS

miguel sousa azevedo - terceira - açores

14.Dez.17

Põe a casa, tira a casa...!

Antes de mais, devo dizer que nada me move contra projetos tecnológicos que desenvolvam valências e assegurem, para paragens longínquas e pobres - como os Açores -, novas formas de atrair pessoas e investimentos. Até porque, nos dias que correm, estar distante dos grandes centros já nem é um obstáculo de monta. Daí que o anúncio recente do programa "Terceira Tech Island", um investimento regional de mais de 3 milhões de euros, e que incluía a formação de 20 programadores informáticos - já agora, instalados e a laborar num fabuloso imóvel central da Praia da Vitória, cuja gestão municipal/pública ainda nunca consegui perceber... -, não me tenha causado especial comichão. Como tantas outras novidades - umas com versão +, outras acrescidas da sigla 2.0 -, confesso nunca entender a real extensão de tantas maneiras para investir nestas ilhas, cuja sustentabilidade económica real é tão brilhante como o sol da meia noite nos países nórdicos. Mas esse, é um mal meu. 

Vai daí que tenha aferido com alguma curiosidade que o site que anunciava a dita iniciativa esteve dias e dias em vazio - tratando-se de coisas ligadas à tecnologia, convinha que se soubesse dos seus conteúdos... -, ao mesmo tempo que, noutra plataforma online - o site "Investinazores", que reconheço ser um enorme mistério para a minha pessoa... -, já rolava um vídeo (com 2m27s) - que ultrapassou as 63 mil visualizações - a publicitar o programa, incluindo a oferta de cerca de 400 casas à beira mar, prontas para serem ocupadas pelos eventuais participantes de tão fabuloso certame.

TTI Video com casas.jpg

Facilmente identifiquei nas imagens o parque habitacional contíguo à Base das Lajes, ao que sei abandonado pelos norte-americanos na sua publicitada cruzada para enfraquecer a Ilha Terceira (pelo menos, é isto que me andam a vender há anos...), pelo que, e ciente de que, no silêncio dos gabinetes ministeriais e afins, as ditas casas já tivessem passado a portuguesas ou açorianas, avancei na descoberta da publicação. Mas eis que se levanta o alvoroço pela presença das tais casas - que afinal ainda ninguém sabe de quem são -, esfumando-se toda e qualquer importância para a iniciativa tecnológica a promover. Pelo meio, e pela boca do mago regional das finanças, estaria uma valente mentirada. Discussão para aqui, resposta torta para lá - com o dito governante a ter de ser auxiliado pelo seu chefe de fila Cordeiro, porque na hora de se explicar gaguejou mais que o costume -, e nada de se saber como tinham ido parar as simpáticas moradias ao pacote oferecido a potenciais investidores na Terceira...apelidada de capital do Atlântico em termos de novas tecnologias. Nada menos que isso. Ora bem, o caso apenas se levantou porque as ditas 400 habitações foram - ao que sei, acrescento, que eu nunca vivi na Base... - construídas para albergar famílias norte-americanas e militares de passagem pela ilha, estando todas, em termos técnicos e da sua sustentabilidade, dependentes daquela estrutura militar - falo aqui em eletricidade, água, saneamento, manutenção, vigilância, etc... -, e sendo que os americanos as deixaram com os cadeados, as placas de aviso e a "monda" crescida que há dias pude ver. Pois bem, a tecnologia também permite editar vídeos, pelo que, e face à polémica que a situação estava a causar, as entidades regionais preferiram suprimir aqueles 2 ou 3 segundinhos da bem conseguida produção, que publicitava o "Terceira Tech Island" como tendo casas para oferecer aos génios esperados e, qual Quim Barreiros na hora de guardar o carro na garagem da vizinha, fizeram um novo vídeo e retiraram os bairros à beira mar da contenda.

Agora sim, o site "Terceira Tech Island" está online, as casas é que foram de vela!

TTI Video sem casas.jpg

 

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