Bondades...
Então, deixem-me ver se eu percebo. E logo hoje, o dia em que a ex-presidente da Raríssimas, Paula Brito da Costa, foi indiciada por três crimes, na sequência de uma investigação do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa. As reações a toda esta novela social, em que está mais que visto que a dama em causa se abotoou com muitos dos milhões oficiais que a sua associação recebeu, fizeram-me ver que, para lá de uma condenação transversal, mostrou-se também a outra face da medalha solidária nacional, a que indica que todos que praticam o bem mediático são boa gente. Ou seja, o mesmo país ciclotímico que atira a dita mecenas às galés da aldrabice, também assegura que a solidariedade é intocável, porque todos os que associativamente a praticam despendem do seu precioso tempo por causas nobres. Lamento, mas eu que até sou bastante de extremos, aqui tenho de me posicionar a meio das emoções. Conheço casos de plena entrega a razões sociais. E conheço casos de pessoas que, por onde passam, não resistem a beneficiar diretamente - e estou a ser meigo, atente-se - dos cargos que ocupam, das contas que movimentam e dos bens que gerem. Pode começar pela mais ínfima tentação, mas decididamente há quem não devia estar responsável nem pelo ar que respiram os mais próximos, com risco de o aspirar de forma egoísta. Quanto à líder máxima da Raríssimas - e sem beliscar o que a levou a criar tal etiqueta de bondade -, parece-me um claro caso de ascensão permitida. Pelos governos e pelos cúmplices. Em nome de um altruísmo que me revolta o estômago...