Esta manhã segui pela televisão os momentos finais da Meia Maratona de Portugal. A prova deste ano, já na sua quinta edição, ficou marcada pelo novo recorde do percurso que o queniano William Kiplagat estabeleceu com 1h01m38s. Não pude deixar de recordar a primeira edição do evento (2000) em que eu e o meu amigo Pedro Fonseca fomos correr a Mini Maratona adjacente. Foram longos e duros 8 quilómetros (não é bem como a descida da Ponte na "Meia" de Lisboa...) desde a Ponte Vasco da Gama ao Parque das Nações. Sei que demoramos mais de uma hora, com paragens e andanças pelo meio, mas acabamos com o mesmo tempo da campeoníssima Manuela Machado...que acabara de correr 21 quilómetros e picos!... Pelo caminho o Pedro ia dizendo mais ou menos assim: "-Temos de mentir...vamos ter que inventar qualquer coisa para este tempo todo que estamos a demorar...". E lá fomos até à meta, que cortamos com um "açor" à Pauleta...
Já se previa o que aconteceu relativamente à eleição do novo líder do Partido Socialista. Talvez não com tão esmagadora vantagem, mas já todos sabíamos que José Sócrates tinha a faca e o queijo (pronto, esta foi uma piada a puxar ao "limianês"...) na mão. Infelizmente para muitos socialistas, e independentes com cabeça para pensar por si próprios (nos quais espero me incluam sem reservas...), Manuel Alegre teve uma votação algo decepcionante. Não que se esperassem milagres face ao poderio "aparelhista" que a candidatura de Sócrates encerrava, mas porque fica gente de grande valor rotulada com uma derrota e, pior do que isso, uma tomada de posição pelas bases mas contra o aparelho...e isso a nova vaga da política portuguesa não perdoa. Não sei se toda estas movimentações significam que a esquerda em Portugal se vai passar a resumir ao "mofado" PCP" e aos "pullovers", golas altas e camisas aos quadrados do BE, mas espero sinceramente que não. Eu, que nunca fui de esquerda, e que hoje já nem sei o que existe no meu país! Já quase me esquecia de falar de João Soares. Apenas para dizer qua ainda não percebi como aquele homem já conseguiu ser Presidente da Câmara de Lisboa e deputado em Bruxelas e São Bento. Tirassem-lhe o apelido e nem sei onde andaria...
O que dirão agora os senhores da coligação (e já agora do "Diário Insular", do "Correio dos Açores"...e do "IPOM"!) a esta sondagem ontem revelada? Talvez que não tem credibilidade? Ou que as sondagens valem o que valem... Na minha humilde (mas clarificada...) opinião - e que, como as sondagens, "vale o que vale"...-, acho que a estratégia de lançar uma projecção descredibilzada para a rua, tendo em vista "encher" de areia os olhos dos mais incautos, não resultou. Mas ainda vou aguardar pelas reacções. Já agora, e tal como se deseja nos grandes campeonatos desportivos, vão ser as equipas (leiam-se ilhas...) maiores a decidir tudo a 17 de Outubro. Nem aconselho ninguém pois confio no bom senso das minhas gentes...
Eram 11 horas da noite de ontem quando se ouviu um enorme suspiro de alívio na cidade do Porto. Embora a custo, e frente a uma arbitragem que quase (bem tentou...) impediu tal desiderato, Costinha marcou um golo ao Vitória de Guimarães e o F.C. Porto regressou aos triunfos depois de um mês e cinco dias de jejum. Neste espaço de tempo, e como se poderá compreender, escusei-me a comentar por aqui a situação da equipa. Primeiro porque acredito que Victor Fernandez (cujo apelido os jornalistas portugueses ainda não se decidiram em como pronunciar...) é um treinador com muita qualidade e irá prová-lo a breve trecho. E segundo porque concordo com José Mourinho quando diz que este plantel é mais rico que o anterior. Muito mais difícil de gerir e com muita juventude para encaminhar, isso é certo, mas a verdade e a qualidade virão à tona mais tarde ou mais cedo. Se não escrever sobre o assunto regularmente é que irei ficar mais preocupado...
Grande dia de ralis ontem na zona centro do país. Um sol de "rachar" e pilotos com andamentos diabólicos foram os ingredientes necessários para mais uma reportagem das que me dão prazer a fazer. O Rali Rota do Vidro acabou por ser ganho por Miguel Campos (o que nem me faz sorrir, dada a pouca simpatia do rápido piloto famalicense...) depois de uma prova impecável e onde também Armindo Araújo e um azarado Pedro Matos Chaves ("Porta-chaves" na linguagem popular do automobilismo desportivo...) demonstraram um ritmo impressionante. Não me livrei de um susto quando, em "Chimpeles-1", Fernando Peres se enganou numa esquerda e pôs à prova a minha experiência de "fugir" do toiro (!). No final pudemos festejar a conclusão da primeira prova do Nacional deste ano com o Gustavo e o Tiago. Até que enfim!
Sinceramente nada me apetece menos do que falar sobre o assunto (alías hoje nem me apetece é falar...). Mas impõe-se a solidariedade para com os vários amigos que tenho sem saber que fazer da vida. Alguns talvez tenham estado virtualmente, e por cerca de 40 minutos, colocados em algum ponto de um mapa do Portugal real... A pergunta é lógica e desprendida de agressividade: - Mas que raio andou a fazer aquela gente do Ministério da Educação nos últimos meses? Desde 2003 se sabia da inevitável "barraca" e, um governo depois, tudo ficou pior ainda. Valei-nos o sistema manual que vai, no espaço de uma semana, resolver o imbróglio. Aconselho os prejudicados a medirem esse tempo num relógio de sol...e vão contando carneiros...com um ábaco!
"A Coligação Açores está ligeiramente à frente na intenção de voto dos açorianos para as legislativas de Outubro. Os inquiridos preferem Cruz a César. No princípio de Setembro (dias sete a nove, quando decorreu o inquérito) os açorianos davam a vitória à Coligação Açores nas eleições legislativas regionais de 17 de Outubro próximo por 33,3 por cento dos votos, contra 30,8 por cento para o PS. A CDU ficava-se por 0,7 por cento, atingindo o Bloco de Esquerda 1,4 por cento. Os indecisos atingiam 22,2 por cento, enquanto que 6,5 por cento dos inquiridos optaram por não responder à sondagem. Dos inquiridos, 72,6 por cento disseram pretender votar, enquanto que 12,2 por cento deixaram claro que não pretendem votar. É interessante notar que quando questionados sobre qual o melhor partido para governar os Açores nos próximos anos, sem coligações, os açorianos preferem o PSD (33,6) ligeiramente acima da intenção de voto na Coligação Açores. Seguem-se o PS com 31,7 por cento, o Bloco de Esquerda com 3,3 por cento, o PP com 0,7 por cento e a CDU com 0,5 por cento. Mas quando questionados sobre quem, em seu entender, irá ganhar as próximas legislativas regionais, os inquiridos dão primazia ao PS e a Carlos César como candidato a presidente do governo (31,5 por cento), seguindo-se a Coligação Açores e Victor Cruz, com 30,4 por cento."
São alguns dos resultados de uma sondagem encomendada pelos jornais "Diário Insular" (Terceira) e "Correio dos Açores" (São Miguel). Não é de todo difícil explicar estes valores, até atendendo às conhecidas tendências politico-partidárias dos grupos que comandam cada um dos jornais em questão. O caso mais se acentua quando se sabe que, novamente, é o IPOM Instituto de Pesquisa de Opinião e Mercado, Lda. (Vila Nova de Gaia) a empresa autora da dita sondagem. Eu já estive lá "dentro", e sei bem como aquilo funciona...é mesmo só "à vista"!
José Eduardo Agualusa, em entrevista à revista brasileira "Época", sobre José Saramago: «Não gosto dele. Saramago cultiva o niilismo. É um pessimista que não acredita na vida e seus livros são contaminados pelo desencanto. É difícil escrever quando se descrê completamente da vida.» Afinal há mentes sábias que concordam com a total falta de crença de Saramago. E o que também há é uma corrente de crentes que são seguidores e consumidores de tudo o que lhes dê Saramago. Que não eu...
quem serás tu mulher tristeza rosa não és concerteza que as rosas vivem de amor quem serás tu mulher magoada tu que não foste orvalhada não és cravo nem és flor quem serás tu mulher incerta se o amor não te desperta não tens nome de mulher quem serás tu mulher queixume hei-de acender teu lume não te quero ver morrer
-Uma comédia sobre nada - foi o que respondeu Jerry Seinfeld aos altos quadros da poderosa NBC, após estes lhe terem pedido uma ideia e um formato para a série onde poderia estrelar na televisão. Simplicidade e nada de grandes enredos seriam assim os ingredientes principais de uma receita que, e o tempo assim o veio a provar, foi um sucesso mundial por cerca de uma década, mais precisamente entre 1989 e 1998. Como muitos amigos que tenho, eu também era viciado no Seinfeld. Desde a primeira exibição que a TVI fez da série à longa repetição que durou até meados de 2000, bem posso dizer que apenas perdi os que eram mesmo impossíveis de apanhar. Perdi sim algumas aulas das oito da manhã porque Jerry e os seus amigos, às vezes, só desligavam depois das três e muito! Tenho cerca de 18 horas de episódios gravados e, religiosamente, uma vez por ano, passo em revista aquele misto de gargalhada e subtileza. Para os menos conhecedores a série em causa, Seinfeld, era protagonizada pelo próprio Jerry Seinfeld, que representava o papel dele mesmo (!). Ou seja um comediante radicado em Nova Iorque, perito na difícil arte da stand up Comedy, e que convivia regularmente com a ex-namorada Elaine (Julia Louis-Dreyfus), um problemático e calvo amigo de nome George Constanza (Jason Alexander), e um ainda mais louco e excêntrico companheiro e vizinho de sua graça Cosmo Kramer (Michael Richards). A trama de cada episódio baseava-se exactamente em nada! Segundo estudos feitos sobre este fenómeno, e que foram muitos pelas universidades Norte-Americanas, é que qualquer coisa é o que pensamos sobre ela, ou seja segundo os argumentos do também autor Seinfeld, as pessoas preocupam-se demais com pormenores e a sua imagem. As pequenas coisas da vida, num simples dia, depressa passam e caem no esquecimento. Em Seinfeld todas essas coisas (ou nadas ) eram combinadas e valorizadas de forma a criar de facto algo Posso acrescentar que se Jerry Seinfeld conhecesse Portugal depressa se identificaria com a frase musicada de Sérgio Godinho em que a vida é feita de pequenos nadas . Mas nos Estados Unidos ele criou uma gigantesca onda de se reparar nos pequenos pontos por onde sempre passamos sem ligar. O escritor William Irwin lançou o livro Seinfeld and Philosophy, além de títulos idênticos dedicados a The Simpsons, de Matt Groening, ou ao mega-sucesso do cinema Matrix. No início do livro Irwin compara as dúvidas e os problemas de Seinfeld com iguais preocupações de Sócrates, isto para se ter a ideia da dimensão do que foi Seinfeld. Numa pesquisa pela Internet facilmente se encontra um vasto espólio de fotografias, informações, resumos de episódios, ou mesmo sites de fãs sobre Seinfeld. Passo por eles às vezes e já li episódios que nem tinha visto! Quanto ao próprio Jerry Seinfeld prossegue uma mais calma, e bem paga, carreira de comediante (o autor-actor de Seinfeld recebia, em 1998, mais de um milhão de dólares por episódio !), enquanto, por todo o Mundo, diversos lares (grupo onde o meu está incluído ) aguardam ansiosos mais uma repetição da série ou um (muito) improvável regresso ao activo do fenómeno. Há cerca de dois anos comprei um boné do Seinfeld numa loja Avenue of the Stars. Nem me fica nada bem, como aliás quase todos os bonés, mas é o primeiro a ver-se no bengaleiro da entrada
Nota: Esta crónica já foi escrita há mais de um ano. Felizmente, e graças à SIC-Radical e ao seu mentor Francisco Penim, as quintas-feiras vão passar a ter (às 23 horas, 22 dos Açores) um momento "sagrado": a reposição de "Seinfeld". Beijos e abraços para a SIC-Radical!
Ontem já gostei mais de ver o meu Porto a jogar. Logicamente não gostei do resultado, e vê-se sem lupa que há ainda muito trabalho a fazer, mas isto lá para o Sul já andam com as contas do Natal e não sei quê...(Gato Fedorento forever...)! Mais a sério, falta ainda profundidade e discernimento a um lote de excelentes jogadores, dos quais não pode nunca fazer parte aquele Areias, que nem a pior Suzy Paula cantaria com vigor... Acredito que Victor Fernandez é o homem certo para dar rumo a uma equipa ainda vacilante mas com muito "sumo" para matar a sede de vitórias dos incautos adeptos. Ontem eu e a Anita ficamos sentados quase ao lado da Mãe do homem do jogo, o guarda-redes Estorilista Jorge Baptista. E que guarda-redes! Diziam os adeptos da equipa que "não fez nada foi contra o Leiria", mas pelo Dragão deixou marca de qualidade e, acima de tudo, de uma maturidade de eleição. Mas, e falando da ansiosa senhora, a Mãe de Jorge Baptista esteve em "semi-pânico" o jogo inteiro! Ela rezou, insultou, transpirou e sofreu a bom sofrer pelo seu "menino". Em certas alturas mostrou um olhar que já não via há uns anos. Desde o dia em que fiquei sentado à frente da Dona Lúcia, Mãe do meu bom amigo e forcado Helénio Melo, exactamente na tarde em que este pegou pela primeira vez. Foi numa Tourada dos Estudantes de há uns 13 ou 14 anos atrás e veio-me essa ansiedade de Mãe hoje à memória. Um misto de orgulho e medo, mas com muito amor à vista desarmada...
Estava à toa na vida O meu amor me chamou Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida Despediu-se da dor Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou O faroleiro que contava vantagem parou A namorada que contava as estrelas parou Para ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu A rosa triste que vivia fechada se abriu E a meninada toda se assanhou Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou A moça feia debruçou na janela Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu A lua cheia que vivia escondida surgiu Minha cidade toda se enfeitou Pra ver a banda passar cantando coisas de amor
Mas para meu desencanto O que era doce acabou Tudo tomou seu lugar Depois que a banda passou
E cada qual no seu canto Em cada canto uma dor Depois da banda passar Cantando coisas de amor
Nota: Desde que me conheço por gente que sei cantar isto...e que gosto de fazê-lo! Só para que conste, o disco "A Banda" que ofereceram à minha Mãe foi o primeiro a chegar à Terceira. Tanto que o Rádio Clube de Angra o pediu emprestado para poder passar o sucesso!
Cada vez mais distante da necessidade de abordar os grandes temas da actualidade social e política, consequência directa da falta de esperança que esse mesmo trivial me apresenta ao passar dos tempos, e decidi-me por manter em atenção as grandes junções de público que a minha Terra conhece. Depois de uns milhares de caracteres a falar de carros a opção não era difícil. Fogo pró ar e o Toiro já corria na rua...foi só puxar pela memória. Fez nesta Segunda-Feira da Serreta exactamente onze anos que atingiu o seu auge a minha carreira taurina de acaso. De acaso porque nunca a desejei ter e carreira porque, ao fim de tanto passe e colhida pelas gueixas do Humberto Filipe a salvo das garraiadas de Estudantes da última década, também me posso orgulhar da graça natural que Deus nos deu para a função. Portanto, e posta de lado a frustração de nunca ter sido Forcado, tudo que me ligou ao Mundo dos Toiros foi o que liga qualquer um que goste das nossas tradições no que a essa área diga respeito. Toureiro por acaso, ou mais correctamente Capinha por acaso, e, se insistir muito na verdadeira acepção dos factos, Pegado por acaso foi o que fui nesse dia. Era Segunda-Feira da Serreta mas, e como sempre, nem na Serreta estava. Desde que existo nunca lá fui nesta tolerância-de-ponto decorrente da devoção à Senhora dos Milagres. Sempre me fiquei pelo Pico da Urze, excelentemente posicionado e alimentado em casa do meu Tio Monteiro para assistir à Tourada da Penha de França. Nesse dia, e como sempre gostei de fazer, via-se o Toiro era ao perto. A Tourada da Penha de França conhecera já outra glória mas, para mim, dentro daquela casa e na calorosa e costumeira união, isso nunca faltou. Nesse ano o curro era da Casa Agrícola José Albino Fernandes e, pelo que sei, estavam números dos bons para correr essa tarde. Já não preciso se foi antes ou depois do intervalo, sinónimo de mais algumas paragens em casa de conhecidos, mas, a dada altura, o possante animal (de número 314, lembram-se?...) descia da Canada para se aventurar na estrada mesmo do Pico da Urze e alguém o terá desviado do caminho que seguia. Fez rápida inversão de marcha, volteando a corda com vigor, e deixou descalços dois dos pastores do meio da corda que, para bem da sua integridade, a largaram e fugiram... pois, bem no meio fiquei eu ( sem qualquer ambição de estrelar...), e, quando preparava a fuga tive de me desviar de um dos ditos mestres da corda. Como sou grandinho e o homem se safou para o lado certo, não se fez rogado o 314 para me premiar as pernas e o traseiro com duas ou três valentes investidas que me deixaram, felizmente, pendurado ao telhado de uma casa baixa que ali há. Não sem antes raspar o bronze pela parede da dita... Não perdi a vontade de seguir os arraiais perto do Toiro. Perdi sim um relógio, que nunca mais funcionou apesar de salvo por um simpático amigo. Talvez tenha ganho é juízo... De qualquer forma, naquele dia em que o 314 me pegou, eu, que nunca fui de Partidos nestas coisas dos toiros, senti-me, por umas horas, com direito a um voto diferente na matéria...e meio partido fiquei mesmo!...
Na minha bicicleta de recados eu vou pelos caminhos. Pedalo nas palavras atravesso as cidades bato às portas das casas e vêm homens espantados ouvir o meu recado ouvir minha canção.
Na minha bicicleta de recados eu vou pelos caminhos. Vem gente para a rua a ver a novidade como se fosse a chegada do João que foi à Índia e era o moço mais galante que havia nas redondezas. Eu não sou o João que foi à Índia mas trago todos os soldados que partiram e as cartas que não escreveram e as saudades que tiveram na minha bicicleta de recados atravessando a madrugada dos poemas.
Desde o Minho ao Algarve eu vou pelos caminhos. E vêm homens perguntar se houve milagre perguntam pela chuva que já tarda perguntam pelos filhos que foram à guerra perguntam pelo sol perguntam pela vida e vêm homens espantados às janelas ouvir o meu recado ouvir minha canção.
Porque eu trago notícias de todos os filhos eu trago a chuva e o sol e a promessa dos trigos e um cesto carregado de vindima eu trago a vida na minha bicicleta de recados atravessando a madrugada dos poemas.